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terça-feira, 23 de outubro de 2018

TRANSMISSÃO DA PALAVRA - ORIGEM

TRANSMISSÃO DA PALAVRA - ORIGEM
(republicação)

O Respeitável Irmão Gercilene Rolim Formiga, Loja José Rodovalho de Alencar, 2.912, REAA, GOB-PB, Oriente de Cajazeiras, Estado da Paraíba, apresenta a questão que segue:
gercileneformiga@hotmail.com

Uma dúvida foi suscitada por um Aprendiz da minha Loja e me comprometi a buscar a resposta. 

Quando da abertura e fechamento da Loja, por que a Palavra Sagrada é passada apenas entre o Venerável e os Vigilantes?

CONSIDERAÇÕES:

Essa é uma particularidade muito antiga que o Rito Escocês Antigo e Aceito revive no seu simbolismo. A antiguidade não está especificamente na transmissão de uma palavra, senão o ato que o especulativo revive.

No período operativo da Franco-Maçonaria nos canteiros medievais quando do início de uma construção, ou mesmo de uma fase desta, antes dos trabalhos (construção literal) serem iniciados o Mestre da Obra solicitava aos seus ajudantes imediatos, ou wardens (zeladores), atuais Vigilantes, que a obra fosse marcada, nivelada e aprumada nos seus cantos.

Assim os ajudantes imediatos cumpriam a missão marcando os cantos, aprumando-os e nivelando a base. Essas ordens chegavam aos antigos Vigilantes através dos oficiais de chão (hoje os Diáconos). Aprumada e nivelada à obra que seria iniciada, os Vigilantes informavam o Mestre da Obra (atual Venerável) que os serviços estavam justos e perfeitos. O Mestre ao receber essa comunicação dava ordem para que os trabalhos fossem então iniciados.

Obviamente os trabalhos eram executados em um imenso canteiro de obras, por exemplo, a construção de uma catedral, e nesse sentido havia a necessidade de mensageiros para transmitir ordens que eram executadas pelos antigos oficiais de chão.

Ao término de uma etapa da obra, geralmente coincidentes com as datas solsticiais e às vezes equinociais, o Mestre da Obra solicitava através do mensageiro que os Vigilantes (wardens) conferissem o trabalho para o pagamento dos obreiros antes de despedi-los contentes e satisfeitos.

Assim, os Vigilantes mediam e conferiam o prumo e o nível correspondente à etapa concluída e, se tudo estivesse nos conformes, ou justos e perfeitos, o Mestre mandava o Primeiro Vigilante fechar o canteiro, pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos recomendando que os trabalhos recomeçassem após o inverno.

De modo especulativo a Moderna Maçonaria através do Rito Escocês revive simbolicamente essa tradição. Obviamente não existe na atualidade o procedimento operativo já que a matéria prima (pedra calcária) é representada pelo próprio Homem passível de aperfeiçoamento e a construção é simbólica de um Templo à Virtude.

Assim o ato revivido ficou constituído no canteiro simbólico (Loja) por uma palavra que se transmitida de modo correto dá a conotação do “justo e perfeito”, tanto para iniciar os trabalhos como para encerra-los.

Nesse particular o Venerável (antigo Mestre da Obra), os Vigilantes (antigos wardens – zeladores) e os Diáconos (antigos oficiais de chão) protagonizam o ato através da transmissão da Palavra.

Há que se notar que as joias dos Vigilantes continuam sendo representadas pelo Nível e pelo Prumo, assim como é o Primeiro Vigilante que fecha a Loja – ver esses procedimentos no Ritual.

Cabe aqui ainda um particular. Os demais membros do canteiro (Loja) são reconhecidos no Ocidente pelo Sinal que fazem, já que dentre outros esses Sinais também representam o Nível o Prumo e o Esquadro – objetos imprescindíveis para construção de uma obra perfeita e durável.

Finalizando. A questão da Palavra Sagrada está na sua dignidade representativa de lições de ética e moral se transmitida corretamente. Não existe nesse sentido qualquer conotação religiosa para o ato. Afinal os Trabalhos da Loja no Rito em questão somente serão abertos e encerrados se houver a declaração por parte dos Vigilantes que tudo está Justo e Perfeito.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.275 Florianópolis (SC) – quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014.

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