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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

AS VISITAS A OUTRAS LOJAS E OS VISITANTES

AS VISITAS A OUTRAS LOJAS E OS VISITANTES

Para que melhor possamos compreender o tema, recorremos a consulta prévia no dicionário da língua portuguesa e, assim, temos que a palavra “VISITA” compreende o ato de visitar, de ir ver alguém em casa, podendo ser por cortesia, dever ou mesmo por caridade.

Há ocasiões, também, em que a VISITA ocorre por interesse, ou ainda por mera curiosidade.

Segundo o festejado Ir∴ JOAQUIM GERVÁSIO DE FIGUEIREDO, em seu “Dicionário de Maçonaria”, a palavra "LOJA" é um vocábulo que deriva do sânscrito “loka“ (na antiga língua dos Brâmanes) que tem o significado de mundo; e, como sabemos, uma Loja Maçônica efetivamente simboliza o mundo ou universo. É o lugar ou a reunião em que se congregam os Maçons, para um trabalho específico durante o qual a Loja permanece absolutamente fechada ou "coberta".

Na Maçonaria Universal a palavra “VISITANTE” designa o Maçom que assiste aos trabalhos de seu grau ou inferior, de outra Loja regularmente constituída na mesma cidade ou em outra região ou país. De fato, todo maçom pode ser VISITANTE, desde que se ache em pleno gozo de seus direitos, e identifique ali sua pessoa e seu caráter Maçônico, exibindo seus títulos e provas de reconhecimento.

Geralmente o VISITANTE é recebido com as honras correspondentes ao seu grau, ao seu posto hierárquico ou à representação de que esteja credenciado, e ainda segundo as prescrições estabelecidas nos Regulamentos Gerais e Estatutos particulares por que se rege a Loja visitada.

Importante salientar que as visitas maçônicas não constituem apenas um dever inerente aos Maçons, mas um DIREITO assegurado pela lei, nos termos do que prescreve o artigo 33, inciso VIII da Constituição do Grande Oriente do Brasil, que prevê inclusive o fornecimento de atestados de presença pela Loja visitada aos IIr∴ visitantes.

Assim definido o que é VISITA, e o que é uma LOJA MAÇÔNICA, falaremos sobre:

Qual o objetivo de se fazer uma visita?

Ao ingressarmos na Maçonaria, tomamos conhecimento de que ela é Universal; porém, sabemos que é segmentada por células. Esta observação se faz necessária para compreendermos que existem diversos Ritos diferentes, e o Rito ao qual fomos indicados à Iniciação, por sua vez, é praticado por inúmeras Lojas que estão espalhadas pelo mundo, desde aquela Loja nossa vizinha (que se encontra em nosso próprio Oriente) até uma outra Loja, do outro lado do mundo.

Então, como podemos nos integrar à Maçonaria se não a conhecermos? Mister se faz conhecer outros Irmãos, outros Ritos, outros costumes. Fazer parte da Maçonaria é ampliar e melhorar a Fraternidade com os demais Irmãos, e conseqüentemente com a sociedade em que vivemos.

Quando nos propomos a sermos VISITANTES, não devemos esquecer que a Maçonaria nada mais é que o próprio Maçom. Nessa esteira de raciocínio, cumpre deixar patente que, ao visitarmos uma loja, o Irmão VISITANTE é o representante carnal de sua Loja Mãe e, portanto, deve se portar de maneira a elevar o nome de sua Loja e de seu V∴M∴, assim como de todos os Irmãos que compõem o seu Quadro de Obreiros. Daí a grande importância quanto à assiduidade, pontualidade, respeito e precauções a serem adotadas antes de qualquer VISITAÇÃO.

Mas, como fazê-lo?

Ao pretender visitar uma Loja, recomenda-se ao Ir∴ VISITANTE que, primeiramente, verifique o tipo de Sessão a ser realizada. Essa precaução certamente evitará que o visitante seja impedido de assistir aos trabalhos de uma Sessão, quando não lhe for permitido fazê-lo, por exemplo, numa sessão de Mestres Maçons, sendo Aprendiz ou Companheiro, ou quando constar da Ordem do Dia, discussão de assuntos internos e/ou administrativos que só interessam aos integrantes da Loja visitada.

Deve-se evitar, também, comparecer de Balandrau, pois o correto é estar sempre de terno e gravata, da cor de seu Rito (preto ou azul-marinho, conforme o caso).

Deve o pretenso VISITANTE, com antecedência, saber qual Rito norteia os trabalhos da Loja que visitará, procurando inclusive se inteirar de alguns detalhes do Rito praticado.

É de bom alvitre, também, que o V∴M∴ da Loja Mãe seja previamente avisado de que será realizada uma visita à outra Loja. Até porque poderá (e no mais das vezes deverá) acompanhar a comitiva, levando uma mensagem de Irmandade e Solidariedade aos Irmãos da Loja visitada. Se isso não for possível, poderá o V∴M∴ solicitar ao Irmão visitante, que seja portador de uma mensagem específica ao V∴M∴ e demais Obreiros da Loja visitada, estreitando com isso ainda mais a união das Oficinas. 

Em se tratando de visita a Loja situada fora do Brasil, será necessário que o Irmão visitante requeira, junto ao Poder Central da Potência Maçônica a que pertence, uma autorização expressa do Grão Mestre Geral ou da autoridade por ele investida. E, muito embora os Maçons tenham formas próprias de se comunicar, é interessante que o Irmão visitante tenha um razoável conhecimento do idioma do País visitado, evitando com isso possíveis embaraços.

Parece óbvio, mas muitas vezes isso não ocorre: deve o VISITANTE saber o nome e endereço de sua própria Loja, o Rito praticado e a Potência Maçônica a que está jurisdicionada, bem como o nome completo de seu V∴M∴. E aqui temos duas questões importantes: como poderemos visitar outras Lojas, se não conhecermos a nossa própria? Como tecer comparações, diferenças e semelhanças, se não tivermos bases sólidas para isso?

Antes de sairmos a campo realizando VISITAS, devemos conhecer a fundo o Rito que praticamos, sua ritualística própria, a liturgia, o simbolismo e principalmente o Telhamento e a Palavra Semestral, através dos quais podemos demonstrar conhecimento e regularidade perante a Ordem.

Aliando-se a esses cuidados, mister sugerirmos mais uma recomendação: fazer-se, sempre que possível, acompanhar de um Mestre Maçom durante as visitas a outras Lojas, pois os mesmos reúnem conhecimentos e experiências superiores àquelas atribuídas aos IIr∴ Aprendizes e Companheiros.

Qual deve ser a postura nas Lojas?

Estando em visita a Lojas do mesmo Rito, por certo não haverá dificuldades, pois os visitantes sentir-se-ão como se estivessem em sua própria Loja. Porém, em se tratando de Loja Maçônica praticante de outro Rito, o VISITANTE deverá postar-se exatamente como no seu Rito, isto é, em silêncio absoluto, mantendo as mãos nos joelhos, em posição ereta, vale dizer, nunca deverá ficar de lado, ou com os braços cruzados (sinal de preguiça), com as pernas cruzadas, se movimentando desnecessariamente, falar apenas quando solicitado ou quando permitido (a Bem da Ordem, por exemplo). Deverá ouvir mais do que falar, devendo manifestar-se somente se for estritamente necessário, evitando tumultuar a ordem normal do desenvolvimento da sessão. 

Deve abster-se de participar das votações colocadas em Loja visitada, ficando de pé e à Ordem nessas oportunidades. Quando da execução da Bateria do Grau e da Aclamação, ao início e término dos trabalhos, deve o visitante que estiver participando dos trabalhos de uma Loja praticante de Rito Maçônico diverso daquele que pratica, faze-lo de forma discreta e silenciosa, segundo o Rito a que estiver vinculado, de modo a não tumultuar os trabalhos chamando para si as atenções. 

Se a VISITA for oficial, o V∴M∴ da Loja visitada poderá colocar o assunto a ser tratado na Ordem do Dia dos trabalhos ou, quando não, poderá o VISITANTE manifestar-se quando franqueada, nas CCol∴, a palavra “A Bem da Ordem em Geral”.

O VISITANTE, ao manifestar-se numa Loja visitada, deverá primeiramente apresentar-se, mencionando a Loja a que pertence e, se for de Rito diverso, dar conhecimento aos presentes. Deve, sempre, portar a mensagem da qual foi incumbido pelo seu V∴M∴, dando conhecimento aos IIr∴ presentes. Deve salientar, ainda, que os Irmãos do Quadro da Loja visitada serão sempre bem vindos para participarem dos trabalhos em sua Loja pois, assim fazendo, estarão disseminando a idéia da importância das visitas recíprocas, através das quais levamos e buscamos conhecimentos, espalhando a “Luz”, onde quer que estejamos. 

Qual a importância das Visitas, afinal?

Ao visitarmos uma Loja Maçônica ficará gravada, no Livro de Presença de Visitantes, a estada do Irmão naquela Oficina, recebendo este um certificado de visita que servirá para enriquecer seu currículo maçônico externando seu interesse, dedicação, motivação e comprometimento com a Ordem.

Tal certificado é um direito do Maçom visitante, e sua obtenção está assegurada pela Constituição do Grande Oriente do Brasil, como vimos anteriormente.

Mas, obviamente, não é esse o motivo que nos leva a empreendermos visitas as Lojas Maçônicas. 

É certo que, no mundo profano, as visitas que fazemos a passeio ou a negócios nos propiciam a absorção de conhecimentos culturais, geográficos e sociais, dos mais variados. 

Nós, Maçons, visitamos outras Oficinas no intuito de buscarmos mais conhecimentos, luz, enfim, buscamos sempre o estreitamento das relações existentes entre os Obreiros das diversas oficinas espalhadas pela Região ou pelo País, quiçá pelo Mundo afora. 

Buscamos o conhecimento filosófico e ritualístico dentro da Maçonaria para crescermos, moral e intelectualmente, ampliando nossa capacidade de ajudar a desbastar a pedra bruta. 

Ensinamento interessante se pode extrair do Telhamento, cuja seqüência revela não apenas as intenções e objetivos buscados em visitas as outras Lojas Maçônicas, mas também a importância das mesmas na formação do caráter do Maçom. 

Vejamos.

Ao sermos questionados de onde viemos, nos é permitido trazer à baila a revelação de pertencermos a uma Loja Regular. É-nos permitido, também, revelar nossas mais puras emoções, ao externarmos que somos portadores de amizade, paz e prosperidade a todos aqueles a quem nos dirigimos; somos, sempre, portadores de uma mensagem fraterna do V∴M∴ de nossa Oficina. 

Nessa seqüência magnífica de ideais, que nos é ensinado pelo Telhamento, podemos revelar a dinâmica de nossos trabalhos, na edificação de Templos interiores à Virtude e na escavação de Masmorras aos Vícios. 

E, num momento brilhante, podemos revelar o verdadeiro mote que nos impulsiona para a senda da virtude: a superação de nossas paixões, a submissão de nossa vontade individual em prol da vontade geral, e, sempre, a busca incessante de conhecimentos e do progresso dentro da Ordem Maçônica. 

É exatamente isso que devemos semear.

Devemos visitar e sermos visitados, pois tão importante quanto a busca do conhecimento e o ensinamento que podemos proporcionar, é o compartilhamento do conhecimento e a reciprocidade de condutas que nos interessa.

Afinal, estáticos, jamais poderemos semear ensinamentos ou colher conhecimentos.

Os indivíduos como um todo, e os Maçons em particular, têm melhor desempenho quando executam atividades ou atividades que eles próprios estejam motivados a realizar. 

A motivação e o entusiasmo, sem dúvida, são os combustíveis imprescindíveis às visitações. 

Pois então, motivemo-nos em nossas próprias Lojas à realizarmos essas visitas para, em reciprocidade, sermos visitados, e, com isso, aprendermos e ensinarmos, enriquecendo de maneira prazeirosa o nosso currículo maçônico. 

Conclusão

Sendo o homem um ser pensante, e criado para viver em comunidade, não consegue viver isolado, necessita de companhia e, de preferência, aquela que comungue de seus ideais. É assim que se formam as associações, nos mais diversos seguimentos da sociedade. É assim que se criam sindicatos de determinada classe laboriosa, ou mesmo patronal. Enfim, os seres humanos se unem para compartilhar experiências, conhecimentos, promover reivindicações, procurando o progresso material (e isso vale para as associações ditas profanas), intelectual e moral. Outros grupos se unem em prol da comunhão religiosa, da caridade, da proteção ambiental, da segurança, etc.

Nós, Maçons, precisamos e devemos nos unir com homens verdadeiramente livres e de bons costumes, virtuosos, levantarmos Templos à virtude, no afã de lapidar a pedra bruta, que somos.

Façamos, então, mais e mais visitas, meus Irmãos !!!

XVIII ERAC - 19/05/2007
Aprendizes e Companheiros
Trolha Andreense

Bibliografia:
Constituição do Grande Oriente do Brasil 2001
Regulamento Geral da Federação (GOB) - 2003
Ritual do 1º Grau – Aprendiz do Rito Moderno 1999
Dicionário de Maçonaria. Joaquim Gervásio de Figueiredo - Ed.Pensamento
Dicionário da Língua Portuguesa - Cultural Brasil Editora Ltda.

Companheiros
Aylton Rogério dos Santos
Eurides Batista Pudo
Hamilton Pavani

Aprendizes
Ângelo Pisanielo Junior
Glauco Pinheiro da Cruz
Eduardo Monteiro Queiroz
Francisco Scozzafave Neto
Igor Pereira Lopes
João Carlos Spina
José Antonio Crescêncio
Marcelo Fregonesi
Marcos César Rossi
Mario Sérgio Batista
Nelson Pinheiro da Cruz
Robson do Carmo Barros e 
Rogério Butinons

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