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sábado, 5 de janeiro de 2019

CANDIDATO NO CEMITÉRIO

CANDIDATO NO CEMITÉRIO
(republicação)

Questão apresentada em 09/03/2014 pelo Respeitável Irmão Irineu Bianchi, Loja da Luz da Acácia, 2.586, GOB-SC, Oriente de Jaraguá do Sul, Estado de Santa Catarina. irineu.bianchi@gmail.com 

Estou num embate de ideias com Irmãos de minha Loja no que diz respeito à Iniciação e a prática de conduzir o Candidato ao cemitério. Minha posição é contrária, pois entendo que só podemos fazer o que o ritual manda. Teria o Irmão algum subsídio para me auxiliar? No dia da Iniciação de algum profano, o padrinho é orientado a encaminhar o seu afilhado a um cemitério da cidade com recomendações as mais diversas, tais como percorrer os túmulos e encontrar "seu nome" ou o nome de familiares, etc. Assim feito, o candidato aguarda o contato de outros irmãos que vão apanhá-lo e via de regra, é vendado ao embarcar no automóvel. Segundo o critério de cada um, o percurso até o Templo pode variar. O ritual não prevê tais procedimentos. Algumas cartilhas de procedimentos ritualísticos advertem acerca da proibição dos mesmos. Inobstante isto, a prática continua. Pergunto, com base nos argumentos que são utilizados pelos defensores daquela que eu chamo de Quinta Prova: Na omissão do ritual, é possível a Loja incrementar o referido procedimento? 

CONSIDERAÇÕES:
É oportuno salientar que a Maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento humano calcada na ética, na moral e no respeito às Leis. Nos meus aproximados vinte e cinco anos de pesquisa e estudos acadêmicos sobre a Ordem eu nada encontrei que a comparasse com uma “necrópole”. Que bela lição iniciática hein? Que bela lição de moral! O pobre Candidato desfilando entre lápides procurando o seu nome e o dos seus familiares! Citando o saudoso amigo e Irmão Castellani quando citava Eça de Queirós – Essa é d’scrachar!

A questão não é do Ritual de Aprendiz em vigência ser omisso. Senão vejamos: na sua página 96, já no primeiro parágrafo, “A Iniciação é o primeiro contato ativo que o profano, agora candidato tem com a Ordem, consequentemente deve ser solene e grave”. 

Agora imagine o a solenidade do Candidato percorrendo o cemitério? Há que se notar também que todos os procedimentos descritos na página 95 sob o título de Preliminares do Ritual de Iniciação, nada ali está escrito que indique levar o Candidato ao cemitério e nem mesmo passear alhures com o mesmo vendado, senão vendá-lo após a sua introdução em um recinto do Templo. 

Ademais está escrito em negrito na página 12, segundo parágrafo do referido Ritual – “Nos trabalhos litúrgicos, em qualquer Sessão, é proibida a inclusão de cerimônias, palavras, expressões, atos, procedimentos ou permissões que aqui não constem ou não estejam previstos, assim como é vedada a exclusão de cerimônias, palavras, expressões, atos, procedimentos ou permissões que aqui constem ou estejam previstos, sendo que a transgressão destas advertências configura ilícito maçônico severo e como tal será tratado”. 

Assim questiona-se: Onde está à recomendação do passeio no cemitério e de vendar o Candidato senão após ter ingressado nos limites da Loja para os preliminares de costume? Aproveitando: O Ritual por acaso insinua a prática de escárnio, troça, zombaria ou gozação? Obviamente que não. 

A Sublime Instituição está longe de ser uma “escola de trotes”. Lamento dizer que essas atitudes não se coadunam com o pensamento maçônico, e particularmente no REAA, cabendo, portanto ao Orador, que é o fiscal da Lei, coibir essas práticas não previstas nos nossos diplomas legais. 

Finalizando. Não é possível, portanto nem praticar e nem incrementar, nenhuma “Quinta Prova” (sic). Simplesmente porque esses procedimentos não existem.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.383 Florianópolis (SC) – sábado, 21 de junho de 2014.

Um comentário:

  1. Boa tarde! prezado Iir.:., nos dias atuais não vejo o porquê. Evolucionismo e precisamos evoluir também no rito de iniciação! Manter seus mistérios e o como nos reconhecemos como verdadeiros irmãos . O nosso dia a dia em loja, deixar para quando formos para o oriente eterno.

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