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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

MALHETES E A BATERIA

MALHETES E A BATERIA
(republicação)

Questão apresentada em 03/03/2014 pelo Respeitável Irmão Bráulio Mecchi, Loja Tradição Escocesa, 032, REAA, GOIPE-COMAB, Oriente de Recife, Estado de Pernambuco.
bmtradesc32@gmail.com 

Tive a felicidade de participar, ano passado, do seminário do GOIPE aqui em Recife em que fostes o convidado de honra e de um agradável papo após o almoço, antes de iniciar sua palestra. Em minha Loja, recentemente, está se criando uma cultura de dar fortes batidas de martelo, nos momentos em que essa batida está prevista no manual, quase uma disputa para ver quem "bate mais forte". Acredito que essa "cultura" não é o que estava previsto pelos criadores do Rito e está chegando a um ponto em que está incomodando algumas pessoas. Como o Maçom é antes de tudo ser da espécie "homus MELINDROSUS" e se melindra com qualquer coisa, pensei numa maneira de passar esse incômodo a toda Loja sem criar problemas maiores, mas sem indiretas. Dessa forma, minha ideia seria fazer e apresentar um trabalho simples sobre a origem e função das batidas de martelo durante as reuniões. Explorando se já havia, quando começou a ser usado e para que servia, tanto no plano objetivo como no transcendental. Dessa forma, venho lhe perguntar se poderia me recomendar alguma leitura a respeito e, claro, se poderia me mandar seus comentários. 

PONDERAÇÃO:
No tocante à boa literatura sobre o assunto devo salientar que é bastante reduzida, até porque o assunto no tocante à intensidade das percussões é irrelevante para a verdadeira tradição maçônica. Agora opiniões temerárias e invencionices o Irmão encontrará uma imensa quantidade de escritos, entretanto me coloco no direito de não comentar e nem indicar essas “tais qualificações”.

Quanto a sua questão propriamente dita é mais uma das invenções que assolam a nossa Sublime Instituição. Não existe nenhuma recomendação séria que determine exagero na percussão dos malhetes, nem na bateria do Grau, ou na atitude de sacramentar ou chamar atenção – pelo menos bons rituais não assim não exaram.

Eu penso que o Venerável deveria coibir esses abusos que não encontram qualquer justificativa, ou guarida nos nossos costumes. Os golpes devem ser enérgicos, porém com compasso audível na melhor das naturalidades.

Lembro aos portadores de malhetes que uma das mais belas lições de humildade, simplicidade e discrição está na alegoria da Grande Iniciação onde na construção do Templo, não se ouvia sequer um ruído que denunciasse os trabalhos produzidos – o Homem constrói no silêncio do seu interior.

Penso que para lidar com os “melindres” seria bom lembrar a narração alegórica (parábola) da carroça vazia:

Uma bela manhã de primavera o sábio passeava acompanhado de seu discípulo enquanto apreciava os ruídos da Natureza – o canto dos pássaros, o murmurar do riacho e o rumorejar da doce brisa naquela bela manhã ensolarada. Em um dado momento, porém o sábio ateve-se e comentou:

- Sábio – Ouça. Ao longe se aproxima uma carroça vazia atrelada aos cavalos!

- Discípulo – Sim meu senhor. Estou a ouvir. Entretanto o que me intriga é como tens a certeza de que a carroça esteja vazia, se ao longe ainda não é possível vê-la?

- Retrucou o Sábio: Não duvides, vamos aguardar a sua passagem.

Assim permaneceram os dois transeuntes da manhã primaveril aguardando a passagem do coche, cujo barulho se tornava um estrépito estrondo a medida da sua aproximação. Por fim surgiu a carruagem que rapidamente passou pelos dois observadores. Atônito o discípulo exclamou:

- Discípulo - A carroça está mesmo vazia! Como conseguistes adivinhar?

- Respondeu o Sábio – É simples meu seguidor. Nada adivinhei. Apenas deduzi pelo ruído que fazia – quanto mais vazia estiver a carroça, mais barulho ela certamente fará.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.380 Florianópolis (SC) – quarta-feira, 18 de junho de 2014

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