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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

VAIDADE DOS PRAZERES

VAIDADE DOS PRAZERES
(Desconheço o autor)

Eu disse comigo mesmo: "Vamos, tentemos a alegria e gozemos o prazer" mas isso tambem é vaidade. Do riso eu disse "loucura" e da alegria "para que serve?"

Resolvi entregar minha carne ao vinho, enquanto meu espirito se aplicaria ainda a sabedoria; procurar a loucura até que eu visse o que é bom para os filhos dos homens fazerem durante toda a sua vida debaixo dos céus. Empreendi grandes trabalhos, contrui para mim casas e plantei vinhas, fiz jardins e pomares onde plantei arvores frutiferas de toda especie, cavei reservatorios de água para regar o bosque. Comprei escravos e escravas, e possui outros nascidos em casa. Possui muito gado, bois e ovelhas, mais que todos os que me precederam em Jerusalem. Amontoei prata e ouro, rioquezas de reis e de provincias. Procurei contores e contoras, e o que faz as delicias dos filhos dos homens; mulheres e mulheres. Fui maior de todos os que me precederam em Jerusalem, e ainda assim, minha sabedoria permaneceu comigo. Tudo o que meus olhos desejaram, não lhes recusei, não privei meu coração de nenhuma alegria. Meu coração encontrava sua alegria no meu trabalho, este é o fruto que dele tirei. Mas quando me pus a considerar todas as obras de minhas mãos e ao trabalho que me tinha dado para faze-las, eis: tudo é vaidade e vento que passa; não há de proveitoso debaixo do sol.

Passei então a meditação da sabedoria, da loucura e da tolice. (Qual é o homem, designado desde muito tempo, que virá depois do rei?)

Cheguei a conclusão que a sabedoria leva vantagem, como a luz leva vantagem sobre as trevas. Mas eu notei que um mesmo destino espera a ambos, e disse comgo mesmo: A minha sorte será a mesma do que do insensato? Então para que serve toda minha sabedoria? Por isso disse eu comigo mesmo, que tudo isso é ainda vaidade. Porque a memoria do sabio não é mais eterna do que a do insensato, pois que, passados alguns dias, ambos serão esquecidos. Mas então? tanto morre o sabio como morre o louco!

E eu detestei a vida, porque a meus olhos, tudo é mau no que passa debaixo do sol, tudo é vaidade e vento que passa. Tambem tornou-se odioso para mim todo o trabalho que produzi debaixo do sol, porque devo deixá-lo àquele que virá depois de mim, e quem sabe se ele será sabio ou insensato? Contudo, é ele quem disporá de todo o fruto dos meus trabalhos que debaixo do sol me custaram trabalho e sabedoria. Também isso é vaidade.

E eu senti o coração cheio de desgosto por todo o labor que suportei debaixo do sol. Que um homem trabalhe com sabedoria, ciência e bom exito para deixar o fruto do seu labor a outro que em nada colaborou, note-se bem, é uma vaidade e uma grande desgraça. Com efeito, que resta ao homem de todo o seu labor, de todas as suas azáfamas a que se entregou debaixo do sol? Todos os seus dias são apenas dores, seus trabalhos, apenas tristezas, mesmo durante a noite ele não goza de descanço. Isso é ainda vaidade.

Não há nada melhor para o homem que comer, beber e gozar o bem-estar no seu trabalho. Mas eu notei que tambem isso vem da mão de Deus, pois, quem come e bebe senão graças a Ele? Àquele que é agradavel Deus dá sabedoria, ciencia e alegria, mas ao pecador ele da a tarefa de recolher e acumular bens, que depois passara a quem lhe agradar. Isso é ainda vaidade e vento que passa.

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