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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

ABORDAGEM DOS DIÁCONOS - PELO LADO ESQUERDO OU DIREITO

ABORDAGEM DOS DIÁCONOS - PELO LADO ESQUERDO OU DIREITO
(republicação)

Em 13.05.2014 o Respeitável Irmão José Antônio de Freitas, Deputado Federal e membro da Loja União e Humanidade, 1000, REAA, GOB-MG, Oriente de Varginha, Estado de Minas Gerais, apresenta a questão seguinte: freitasja@terra.com.br

Conforme nosso contato telefônico na data de hoje (13/05/2014), peço a fineza de formalizar a seguinte dúvida, que você já esclareceu. 

Consulta: Quando os Diáconos aproximam-se dos Vigilantes para transmitir e receber a Palavra Sagrada devem chegar pelo lado do braço direito ou braço esquerdo dos Vigilantes? 

Sabemos que a Palavra Sagrada é transmitida sempre no ouvido direito. Destacamos o braço esquerdo e direito para facilitar o entendimento de que lado devem chegar os Diáconos para transmitir e receber a Palavra Sagrada. Agradeço os esclarecimentos durante o nosso contato telefônico. Estou formalizando esta consulta, para levar as suas orientações para os Irmãos de minha Loja União e Humanidade nº 1000, Oriente de Varginha/MG. Certo de poder contar com a sua costumeira atenção, antecipadamente agradeço.

Considerações: 
As Luzes da Loja (Venerável, Primeiro e Segundo Vigilantes) são abordadas na Transmissão da Palavra pelo seu lado direito (ombro direito destas) que, no momento em que recebem a abordagem, estes se viram de frente para os respectivos mensageiros (Diáconos) por sua vez. 

Assim, vou transcrever a proposta de correção do Ritual de Aprendiz do REAA, edição 2.099 através de provimentos que remeti ao GOB para apreciação em setembro do ano que passou, sem obter ainda resposta. Esse provimento aborda a Transmissão da Palavra Sagrada para a abertura dos trabalhos. Eis o explicativo do procedimento:

O 1º Diácono sobe com passos normais os degraus do Trono pelo lado Norte do Altar (ombro direito do Venerável) e para. O Venerável por sua vez vira-se para o norte e fica de frente para o 1º Diácono. De frente um para o outro, o Venerável Mestre dá-lhe ao ouvido direito, a Palavra Sagrada por inteiro letra por letra. O Venerável volta-se novamente para o Ocidente. 

De posse da Palavra o 1º Diácono desce os degraus do Trono, sai do Oriente ingressando diretamente na Coluna do Sul, cruza o eixo (equador) do Templo entre a porta de entrada e o Painel da Loja e aborda no Norte o 1º Vigilante pela sua direita (ombro direito do Vigilante) e para. O 1º Vigilante então se vira para o 1º Diácono, oportunidade em que ficam de frente um para o outro. Ato seguido o 1º Diácono transmite ao 1º Vigilante a Palavra Sagrada da mesma forma que a recebeu e retorna ao seu lugar passando pelo Norte e ingressando diretamente no Oriente. 

Em seguida o 2º Diácono dirige-se diretamente até o 1º Vigilante e o aborda pela sua direita (ombro direito do Vigilante). De frente um para o outro, o 1º Vigilante transmite da mesma forma que recebeu a Palavra Sagrada ao 2º Diácono. Recebida a Palavra este se dirige até o 2º Vigilante saindo do Norte, cruzando o eixo (equador) entre o Painel da Loja e a entrada do Oriente ingressa no Sul, aborda o 2º Vigilante pela sua direita (ombro direito do Vigilante) e para. Este por sua vez vira-se de frente para o 2º Diácono. De frente um para o outro, o 2º Diácono transmite a Palavra do mesmo modo que a recebeu. Comunicada a Palavra o 2º Diácono retorna ao seu lugar cruzando o eixo (equador) do Templo entre a porta de entrada e o do Painel da Loja. 

Esse seria o procedimento correto e sem muitas delongas, apesar das invenções que tivemos e ainda temos a oportunidade de por várias vezes observar. Aliás, penso que é oportuno esclarecer que às vezes há a preocupação com os detalhes, mas não se compreende a razão e a existência desse procedimento. 

Essa alegoria da transmissão da Palavra representa a prática operativa quando no passado os construtores se preparavam para marcar os cantos da obra. O Mestre da Obra, então na oportunidade, solicitava aos seus auxiliares imediatos (wardens – zeladores), origem dos Vigilantes, que o auxiliassem na demarcação de nivelamento e aprumada antes do início dos trabalhos (nivelar, esquadrejar e aprumar os cantos da obra) – note as joias distintivas dos Vigilantes: o nível e o prumo. 

Cumprida a missão os wardens (Vigilantes) informavam ao Mestre que tudo estava nos conformes (aprumado e nivelado), ou “justo e perfeito”. Estando tudo de acordo o Mestre determinava o início dos trabalhos no Canteiro operativo. 

Ao término da jornada, ou da etapa da obra, antes de pagar os artífices e despedi-los contentes e satisfeitos, o Mestre solicitava novamente aos seus auxiliares imediatos (atuais Vigilantes) que conferissem o trabalho para saber se o pagamento seria justo e merecido. 

Dessa maneira os auxiliares imediatos conferiam o nivelamento, a aprumada e a etapa concluída da obra. Se tudo estivesse de acordo, eles então informavam ao Mestre que tudo estava “justo e perfeito”, pelo que o Mestre mandava fechar o canteiro, pagar os obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos até que ali se reunissem novamente para o labor da próxima etapa (geralmente no inverno todos se recolhiam). 

Obviamente esse era um costume operativo que é simbolicamente revivido na Maçonaria Especulativa pelo REAA∴ com a transmissão alegórica de uma palavra que, estando ela certa na sua maneira de transmissão simboliza que os trabalhos estão propícios ao seu começo, daí o procedimento de abertura quando os Vigilantes informam que tudo está “justo e perfeito” (ritual). Em assim sendo o Venerável procede à abertura da Loja. 

Ainda de modo especulativo, antes do encerramento dos trabalhos (da sessão), o Venerável determina a conferência da obra simbólica o que resulta em nova transmissão da Palavra. Estando essa transmissão de modo satisfatório, os Vigilantes informam que tudo está “justo e perfeito”, razão pela qual o Venerável manda o Primeiro Vigilante fechar a Loja (ritual). 

Obviamente de modo especulativo a matéria prima do Canteiro é o Homem, não mais a pedra, que aprumado e nivelado simbolicamente estará apto para fazer parte da construção da nova Obra edificada (Templo à Virtude Universal), sem arestas e solidificada pelo cimento das virtudes.

Sempre tive comigo que o Maçom despido da ignorância e da superstição está obrigado a compreender a Arte. Compreendê-la, porém esta também na arte de romper com anacronismos que a evolução atendendo a Lei da Natureza já fez de há muito sepultar conceitos ultrapassados. 

Assim o juízo do lado direito é apenas e tão somente pelo bom senso e a praticidade do ato; se a Palavra é sagrada, aqui o sagrado implica em dignidade do ato, nunca um compromisso ou abstração religiosa. Ainda, se a Palavra estiver correta são produto e mérito da consciência individual do Maçom. A máxima dessa avaliação esta em se compreender a prática. 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.429 Florianópolis(SC) quarta-feira, 13 de agosto de 2014.

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