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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

LOJA DE MESA

LOJA DE MESA
(republicação)

Em 08.05.2013 me foi apresentada a seguinte consulta pelo Respeitável Irmão Edson Durães, Loja Estrela Mística, 3.929, REAA, GOB, Oriente de Itajaí, Estado de Santa Catarina: edsonduraes01@gmail.com 

Gostaria que o Irmão me desse uma explanação ou me indicasse alguma bibliografia que fale sobre os fundamentos de um jantar ritualístico. Tenho o Ritual, mas gostaria de saber mais sobre os por que(s) dos nomes, do cardápio, do simbolismo, etc.

Considerações: 
Em Maçonaria a sessão em Loja de Mesa rememora as antigas tradições das corporações de ofício medievais, cujos costumes foram hauridos das comemorações solsticiais muito comuns às antigas civilizações. 

Nesse sentido a Loja de Mesa é uma sessão ritualística que obedece sobretudo os parâmetros inerentes à cobertura dos trabalhos maçônicos. 

É oportuno salientar que o termo correto para essa sessão é mesmo “Loja de Mesa”, embora seja comum a aplicação de títulos como “jantar, ou “banquete” ritualístico, cujos termos se assim designados podem se confundir com os brindes e os ágapes tradicionais após o encerramento dos trabalhos da Loja (corporação), porém essa prática não é exatamente uma Loja de Mesa. 

Uma Loja de Mesa se define por uma sessão ritualística em que os maçons brindam aspectos inerentes à formação simbólica e revivem sobretudo nos períodos solsticiais e, em alguns costumes também nos equinociais.

As datas solsticiais coincidem, por influência da Igreja, com as datas comemorativas a João o Batista em solstício de verão e João, o Evangelista em solstício de inverno – ambos sempre relacionados ao hemisfério norte da Terra. 

Essa prática em Maçonaria haurida das Corporações de Ofício rememora as práticas operativas que coincidiam com as mudanças de estações, sobretudo levando em consideração o aspecto prático da construção. 

A Moderna Maçonaria que se compõe da prática especulativa proporciona a técnica dessa tradição nas conhecidas Lojas de Mesa que possui uma ritualística própria de acordo com o Rito e a vertente maçônica. 

É sempre bom lembrar das reuniões realizadas nas antigas tabernas, inclusive daquela que serviu em primeira instância para uma comemoração solsticial e que acabou se tornando no marco da Maçonaria obediencial em 24 de junho da 1.717 (data comemorativa a João, o Batista) em solstício de verão no hemisfério norte – a fundação da Premier Grand Lodge em Londres. Note a data comemorativa e a fundação pelas quatro tabernas do Ganso e a Grelha, o Copázio e as Uvas, a Coroa e a Macieira. 

Ainda em termos operativos, as antigas admissões no Ofício eram realizadas sempre em datas solsticiais para discussão dos planos da obra e outros afins da profissão. Naquela oportunidade eram admitidos nos canteiros os novos aprendizes da profissão e ao final havia a comemoração pela prática de um ágape fraternal. 

Assim também ficariam associados à prática os nomes relacionados à construção e a detonação com pólvora nas pedreiras para a extração da matéria prima (pedra tosca), daí o costume dos nomes relacionados à prática comensal – canhão, barricas, picaretas, bandejas, telhas, demolir materiais, fogo, etc. 

Ainda na influência dos costumes em relação ao hebraico e por extensão da própria Igreja está o uso no cardápio do pão e do vinho como lembrança do ritual do Kidush incrementado pelos essênios e que serviria de base do repasto fraternal maçônico (ecletismo maçônico). 

Na formatação do ambiente para uma Loja de Mesa a mesa assume a disposição de uma ferradura, ou a letra “U”, com as extremidades correspondentes às Colunas do Norte e do Sul (Ocidente) e a cabeceira ao Oriente. 

A decoração geralmente corresponde ao rito praticado, porém é obrigatória a presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas (Livro da Lei, Esquadro e o Compasso). Também é prática obrigatória a de que os trabalhos sejam “cobertos”. 

Quanto a bibliografia a melhor fonte de pesquisa autêntica está nas tradições das antigas tabernas e aspectos da Maçonaria Operativa, bem como autênticos fragmentos, antigas obrigações e catecismos das confrarias à época da Franco-Maçonaria. 

Existe também literatura contemporânea a respeito da Loja de Mesa, todavia há que se atentar criteriosamente nesses escritos para “separar o joio do trigo”, já que muitas dessas (não todas) repetem invenções e achismos inseridos em inúmeros rituais rançosos que infelizmente acabaram servindo de base para algumas publicações. 

Só para citar exemplos, veja aqueles que inventam sinal maçônico sentado, sinal maçônico usando talher para compô-lo (passando a faca no pescoço!!!), dentre outros. 

Existem também referências às reuniões comensais que precedem costumeiramente às reuniões semanais da Loja, onde confundem essas e seus brindes com uma verdadeira Loja de Mesa. 

Assim, nem tudo que reluz é ouro. Para me proteger das más línguas deixo aqui bem claro que mesmo contraditórios, rituais em vigência e legalmente aprovados, questionáveis ou não, devem ser sempre rigorosamente cumpridos – são as particularidades maçônicas.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.446 Granada, sábado, 30 de agosto de 2014

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