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domingo, 3 de fevereiro de 2019

MESTRE INSTALADO

MESTRE INSTALADO
(republicação)

Em 01.04.2014 o Respeitável Irmão Jason Paixão Miranda, Mestre Instalado da Loja Luz e Saber, 2.380, Rito Adonhiramita, GOB, Oriente Goiânia, Estado de Goiás, formula o que segue: jasonpaixaomiranda@gmail.com

Quem me forneceu o seu e-mail foi o irmão Joaquim Tome de Souza, Delegado do Rito Adonhiramita no Grande Vale de Goiás. O motivo deste e-mail, primeiro para saudá-lo, desejando-lhe Saúde e Paz, extensivo a sua família, com as bênçãos espirituais do nosso Mestre “Jesus”. Segundo para expor o seguinte: Com a pretensão de promover um Seminário em nossas lojas, para e sobre o “Mestre Instalado”, estou pesquisando sobre o assunto, desde a origem (espaço/tempo), desenvolvimento, estrutura e escopo, bem como os fundamentos das bases dos Rituais, através de fontes fidedignas e seguras. Não adoto buscar informações na Internet de assunto de tamanha relevância e responsabilidade, dado as baboseiras que costumamos encontrar, oriundas de informações elementares e sem base nenhuma. Gostaria muito de ir até Portugal e conhecer a Torre de Tombo, para fazer esta pesquisa, porém não tenho, no momento, condições para fazer a viagem. Conversando com o irmão Tomé, ele me disse que talvez você tenha alguma fonte segura que possa me indicar ou enviar, pela sua ligação com a Revista Trolha. Gostaria de conhecer alguma coisa mais rica, a respeito e entender o que de fato aconteceu e o seu desdobramento para se chegar ao que temos hoje, no Ritual de Mestre Instalado atual (o texto bíblico não informa nada).

Considerações: 
Antes de abordar o tema propriamente dito me folgo pela sua preocupação em não “engolir” todas as informações oriundas da Internet, até porque como um excelente veículo de informação é também um verdadeiro repositório de lixo cultural.

A questão da originalidade maçônica do Mestre Instalado é autêntica no sistema inglês de Maçonaria. Nesse particular gosto sempre de remeter o pesquisador a compreender a existência de dois sistemas principais de Maçonaria – o inglês, por extensão também o americano (Grandes Lojas) e o francês (Grandes Orientes). 

Assim, na França, não existe “instalação”, por conseguinte o Mestre Instalado. Nesse sistema, o latino, existe o Venerável e o Ex-Venerável. Já na Maçonaria inglesa com o advento da Moderna Maçonaria a partir de 1.717 com o aparecimento da Premier Grand Lodge em Londres que inauguraria o sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre, não tardaria sob a influência da “height society” inglesa a relação com a monarquia e a figura do dirigente maior da Maçonaria na Ilha Britânica. Essa associação se firmaria ao longo dos tempos e que resultaria no atual sistema na Inglaterra. 

Nesse contexto, o ato de instalar o Rei no trono, também na Maçonaria faria parte por uma cerimônia especial de instalação e indução. O monarca inglês é instalado geralmente na Catedral de São Paulo, cujo pátio não por acaso abrigava na época a Taberna do Ganso e da Grelha onde funcionava uma das quatro Lojas que formariam a Primeira Grande Loja no primeiro quartel do Século XVIII. 

Esse particular de influência monárquica se solidificaria como característica do Craft inglês e os seus adeptos, dos quais o Craft norte-americano. Esse último a partir de 1.927 com a fundação das Grandes Lojas Estaduais no Brasil também influenciaria esse sistema brasileiro que buscava reconhecimento por conta do Irmão Mário Marinho Béhring. 

Dada essa assertiva é conhecido e sabido que no tocante à Maçonaria brasileira, esta é filha espiritual da França – primeiro com os Ritos Moderno, ou Francês e Adonhiramita e posteriormente o Escocês Antigo e Aceito. 

Assim, nesse sistema latino, ou de Grande Oriente, não existia Instalação e o Mestre Instalado (pelo menos até o aparecimento das Grandes Lojas estaduais em solo brasileiro). 

Devido ao cisma acontecido no seio do GOB∴ em 1.927 e a fundação das Grandes Lojas, o seu idealizador – Béhring – fora buscar reconhecimento da Maçonaria norte-americana praticante do conhecido por nós Rito Americano, ou York, que por sua vez é filho espiritual da Maçonaria inglesa. 

Diversos costumes por conta dessa influência viriam também influenciar então os ritos praticados no Brasil e particularmente o Rito Escocês Antigo e Aceito, já na época o rito majoritário na prática verde e amarela de Maçonaria. 

Em princípio essa influência ficaria aguerrida apenas às Grandes Lojas Estaduais, e a partir de 1.968 por Irmãos oriundos dessas Grandes Lojas, encorajariam essas práticas equivocadas também no Grande Oriente do Brasil. 

Algumas dessas influências a título de ilustração no REAA∴: aventais à moda inglesa e americana, Diáconos portando bastões, Altar dos Juramentos no centro do Ocidente, paredes azuis no Templo Escocês, dentre outros, dos quais a Instalação do Venerável, o Mestre Instalado e os termos ingleses como “Past Master” imprecisamente aplicados em várias situações. 

Essa prática logo influenciaria todos os Ritos de origem francesa dando-lhes o enxerto de instalação, sobretudo no GOB desde 1.968 quando Moacir Arbex Dinamarco solicitaria ao Irmão Nicola Aslan, obreiro oriundo das Grandes Lojas, para que elaborasse um Ritual de Instalação para os ritos praticados no GOB, salve os Trabalhos de Emulação (conhecido como York no GOB) que por ser de origem inglesa já possuía o autêntico costume de instalação. 

Essa seria de modo superficial a origem e generalização da prática indiscriminada de instalação na Maçonaria brasileira que hoje envolve as Grandes Lojas Estaduais, os Grandes Orientes Independentes e o Grande Oriente do Brasil. 

Para tirar a prova dos nove, é possível ainda encontrarmos Irmãos que tenham sido Veneráveis no GOB antes de 1.968. Basta perguntar aos tais se existia na época a Instalação. Certamente obter-se-á a resposta negativa, pois não existia Instalação. 

Independente dessas questões históricas, a verdade é que o Mestre Instalado hoje é realidade na Maçonaria brasileira e consuetudinariamente esta estratificada nas suas bases. 

Entretanto urge pelo menos a necessidade, mesmo aceitando esse enxerto, que os maçons brasileiros entendam que Mestre Instalado não é grau, senão um título distintivo daquele que foi eleito para a condução dos trabalhos de uma Loja, estando ele no exercício como Venerável, ou como um Ex-Venerável e nada mais. 

Conselho de Mestres Instalados só existe para a instalação de um novo Venerável e ele é criado pela Obediência. Não existem esses conselhos criados aleatoriamente que mais sustentam vaidades e atrapalham o Venerável na condução dos trabalhos. 

Se para os tais Mestres Instalados existe a prerrogativa de ocupar o Oriente, entendo que essa distinção basta, já que alguém que fora eleito para conduzir os trabalhos de uma Loja deve antes de tudo se acercar da humildade e despojar-se ainda mais das vaidades. 

Sugiro ao Irmão que de início busque literatura para pesquisa nos anais da história Grande Oriente do Brasil, história da Maçonaria inglesa e norte americana, o Craft, dentre, outros. Pesquise bibliografias na obra do Castellani – O Mestre Instalado, a História do GOB. Veja também o Mestre Maçom do Xico Trolha e obras do Kurt Prober. Cuidado com os rituais brasileiros, cuja grande maioria esta repleta de vícios e opiniões pessoais. Pesquise a Maçonaria francesa através do Grande Oriente da França e a inglesa através da Grande Loja Unida da Inglaterra. A melhor fonte de pesquisa sobre a origem da Instalação está na Inglaterra. 

À medida que o pesquisador tenha obtido fontes verdadeiras (água limpa), será possível montar uma grade acadêmica de sustentação histórica. A montagem de um mosaico histórico, sobretudo de um tema maçônico não é tarefa das mais fáceis. Cuidado com “certas” opiniões. Lembro que mesmo na França a Maçonaria latina também se inspirou nos “Modernos Ingleses” de 1717, cujas escaramuças com os “Antigos” de 1.751 resultaria em 1.813 na Grande Loja Unida da Inglaterra. 

O conhecimento desse período da história da Sublime Instituição é impreterivelmente necessário para melhor compreensão da Arte. Veja também a história do Grande Oriente da França – deste resultou também a Grande Loja da França e a Grande Loja Nacional Francesa. 

Atualmente por questão de reconhecimento está aflorando outro Grande Oriente em solo francês. Por fim, nunca é demais lembrar que Maçonaria não é um Rito, senão um sistema composto por vários Ritos que possuem características culturais e geográficas próprias das diversas latitudes do planeta Terra.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.413 Belo Horizonte (MG) – segunda-feira, 28 de julho de 2014.

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