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domingo, 3 de março de 2019

DE COSTAS PARA O OCIDENTE

DE COSTAS PARA O OCIDENTE 
(republicação)

Em 23.05.2014 o Respeitável Irmão Sérgio Ricardo de Souza, Loja Cavaleiros do Vale de Rio Negro, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, solicita o esclarecimento seguinte: 
sergio@maxicarfiat.com.br 

Tivemos recentemente sessão no grau de Mestre Maçom em nossa Loja e tratamos de alguns assuntos sobre ritualística, e já começamos com dúvidas, as quais não conseguimos saná-las por que não continham esclarecimentos em nosso ritual, uma delas é sobre quando é mandado os Vigilantes verificarem suas colunas se todos os irmãos são MM∴ MM∴ quem fica virados para o Oriente? (De costas para o Ocidente) somente quem está no Oriente, ou todos, inclusive os Irmãos que estão no Ocidente? 

Considerações: 
Esse procedimento tem de há muito causado dúvidas no Rito Escocês, já que o mesmo, em se tratando do Oriente da Loja é extremamente contraditório e equivocado. No Oriente não existe telhamento por ocasião da abertura da Loja. Assim ninguém ali posicionado no momento da verificação fica em pé e muito menos se vira ficando de costas para o Ocidente. 

O referido reconhecimento está condicionado apenas aos ocupantes do Ocidente pelo Sinal no Grau de Aprendiz e pelo telhamento individual nos Graus de Companheiro e de Mestre executado pelos respectivos Vigilantes. 

Também não sofrem o telhamento individual os Oficiais que militam no Ocidente, já que cargos em Loja são privativos de Mestres Maçons e estes supostamente já foram reconhecidos pelo Oficial que lhes revestiu as joias dos concernentes cargos. 

Já no Oriente o responsável pelos que naquele quadrante ocupam lugar são de responsabilidade do Venerável que informa: “eu me responsabilizo pelos do Oriente”. Assim se não há verificação e telhamento em nenhum Grau simbólico no Oriente essa postura de se virar para o Oriente é completamente descabida e ineficaz. 

Já no Ocidente, onde a prudência é maior no Segundo e Terceiro Graus, os ocupantes voltam-se para o Oriente para que a verificação comece nas respectivas Colunas a partir daquele que estiver mais ao ocidente possível na intenção de que o que estiver à frente não veja o que se passa à sua retaguarda. 

Essa é então a razão do ato de se virar de frente para o Oriente, porém somente nas Colunas, já que no Oriente, além de não existir telhamento, o espaço é privativo apenas para Mestres que, por sua vez além de conhecer todos os Sinais, Toques e Palavra, ali não se submetem a nenhum telhamento, portanto permanecem como estão – sentados normalmente. 

Infelizmente esse erro tem se perpetuado quase que na totalidade dos rituais brasileiros, destacando-se que essa prática surgiu anteriormente às hoje extintas Lojas Capitulares, quando à época, antes destas, no primeiro ritual do REAA, em 1.804 na França, não existia Oriente elevado e nem balaustrada, restringindo-se o Oriente à parede Oriental e aos que ocupassem lugar imediatamente nela encostados. 

Após a adaptação para a Loja Capitular, mesmo posteriormente ao seu desaparecimento, o costume de se elevar o Oriente e demarca-lo acabou permanecendo consuetudinariamente até os dias atuais no simbolismo do Rito e, dessa contradição misturaram-se as ações perpetradas no telhamento tanto no Oriente como no Ocidente, porém sem uma explicação plausível. 

Essa é a origem equivocada do costume de no Oriente se postar de costas para o Ocidente que ainda assola nossos rituais. 

Felizmente já existem rituais que estão abandonando esse procedimento enganoso, todavia, para aqueles que em vigência ainda insistem na prática, mesmo equivocados devem ser respeitados perante a máxima maçônica de que ritual é Lei. 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.451 Los Barrios (Espanha), quinta-feira, 4 de setembro de 2014.

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