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quinta-feira, 28 de março de 2019

POR ONDE PODEM CIRCULAR OS APRENDIZES

POR ONDE PODEM CIRCULAR OS APRENDIZES

Em virtude de discussões alongadas durante várias sessões sobre o tema citado, apresento aqui uma síntese sobre a circulação de AAp∴ e CComp∴ quando em Sessão, seguindo a ritualística do R.∴E∴A∴A∴.

Ao ser iniciado o aprendiz responde ao V∴M∴: “Preparei-me pelo coração, não deixando, no entanto de ouvir a voz da razão e ter consciência do compromisso a ser assumido.” O coração representa o sentimento, a emoção, o amor. Não devemos confundir a emoção de que aqui se fala, com a paixão, porquê o candidato ouviu a razão, que é a porta de entrada da consciência, representada pela balaustrada que separa o Ocidente do Oriente e protege a consciência dos terríveis malefícios da paixão.
Ainda na iniciação o neófito passa pelo rito da taça sagrada, demonstrando que o homem sábio e justo deve usar os dons recebidos, assim como gozar dos prazeres da vida, com moderação, não fazendo ostentação do bem que goza. O desperdício, a intemperança, o mau uso e a luxúria são ofensas ao infortúnio e contrários ao desenvolvimento espiritual. O acesso direto ao recôndito sagrado do oriente, para beber da sua fonte infinita, só poderá ser usado por aquele que estiver preparado para ver a luz e assumir as consequências advindas.

Na 1ª viagem o neófito é conduzido, de olhos ainda vendados, ao Oriente pelo Ir∴ Experto. É o guia invisível e silencioso, o único que pode nos conduzir até o oriente para conquistarmos, a um só tempo, a verdade e a liberdade. A docilidade e a confiança com que o iniciado se deixa orientar pelo seu guia simbolizam a sensibilidade ao bem, e à humildade intelectual, que o tornam receptivo a novas ideias.

O Ocidente representa o mundo sensível, o campo dos efeitos, a realidade que constitui o aspecto objetivo do universo.

O Oriente, por outro lado, representa a essência ou realidade absoluta. É o aspecto universal de onde nos vem a luz. É o campo das causas, leis e princípios que governam o universo, a matéria, a vida e a consciência.

Na 3ª viagem o iniciado é conduzido ao Oriente pelo Experto, onde é autorizado a passar pela chama purificadora.

A busca da luz é um contínuo processo de aprendizagem e aplicação. A ascensão iniciática é essencialmente especulativo-operativa. A cada fragmento da verdade conquistada nos curtos momentos em que o iniciado passa pelo Oriente, corresponde a obrigação de sua imediata aplicação construtiva no Ocidente. Significa, também, que uma vez identificadas as causas que regem os efeitos do mundo visível, deve o maçom refletir com um esforço dedutivo que o capacita a fazer a aplicação fecunda, altruística e construtiva do progresso adquirido.

Após a recepção da Luz, o iniciado é conduzido ao Oriente pelo M∴Cer∴, passando pelo rito de consagração e juramento, que são os dois elos pelos quais o maçom se torna espiritualmente ligado à ordem maçônica universal.

Como construtores do Templo ideal os maçons buscam a Fraternidade, a Razão e a Justiça, com Eqüidade. E essa busca é feita aplicando-se os conhecimentos simbólicos de forma equilibrada e constante.

O regresso do Oriente para o Ocidente pelo caminho mais luminoso do meio-dia demonstra que, uma vez chegado a uma primeira percepção da verdade, o maçom se encontra com a sua consciência mais iluminada pelo reflexo dessa aquisição, e sendo esse regresso acompanhado de tempestades e obstáculos, demonstra que a aplicação da verdade apresenta mais dificuldades que a sua busca.

A trajetória maçônica começa no Ocidente, no Setentrião, que é a região menos iluminada, onde simbolicamente reinam as trevas, para quem acaba de iniciar suas andanças pela via do Conhecimento e que "ainda não é capaz de suportar uma grande luz". Procedente do âmbito da manifestação total do Ser, simbolizada pelo denário e pela roda ou o círculo, começa seu caminho de retorno à Unidade, isto é, ao centro de si mesmo iluminando seus passos com uma ainda débil claridade interior. Como o personagem do nono arcano do Tarot, lanterna na mão, avança lentamente, com paciência e em solidão, regressando do nove ao oito, do oito ao sete... a fim de atingir a Unidade. 

Nessa busca passa pelo Norte, pelo Sul, até chegar ao Oriente, onde reina a Luz, e isso só acontece no Grau de M∴ Maçom. Até mesmo quando um Ap∴ ou um Comp∴ tem que apresentar qualquer trabalho, deve fazê-lo de sua respectiva Coluna.

A circulação de AAp∴ e CComp∴ é livre no espaço entre as Colunas, onde se encontra o Painel da Loja, pois esse espaço nesses Graus, é para simples circulação, não tendo nenhuma ligação com a Câmara do Meio do Grau de Mestre. 

Porém, a circulação do Saco de PProp∴ e IInf∴ ou do Tr∴ de Benef∴ romperia obrigatoriamente todas as instruções do simbolismo maçônico dentro de sua ritualística, no que se refere principalmente à construção do Templo Ideal.

Essas são as razões ritualísticas e simbólicas da maçonaria, pelas quais os AApr∴ e CComp∴ não podem ter acesso ao Oriente, e muito menos, assento nele. Da mesma forma, os AAp∴ não podem ter acesso à Col∴ dos CComp∴, nem assento nela.

Ir∴ Vagner Fernandes
Loja Fênix de Brasília nº 1959
Or∴  de Brasília/DF

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