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domingo, 31 de março de 2019

PRINCÍPIO EVOLUCIONISTA MAÇÔNICO

O evolucionismo é o quinto e último princípio estabelecido no primeiro artigo da Constituição do Grande Oriente do Brasil de 17 de março de 2007 e os quatro anteriores, juntamente com os conceitos e espécies de princípios e postulados da Sublime Ordem, foram objetos de breves comentários publicados nas edições de números 10 a 13 e 15 deste periódico.

Na verdade, podemos entender por evolução todo procedimento que desenvolva, aperfeiçoe e aumente o conhecimento objetivando uma utilidade para a causa a que se destina.

Na Instituição Maçônica esse evolucionismo dirige-se a todos os ramos do conhecimento humano, mas tem uma conotação especial que é a finalidade de engrandecer o Ser Humano no cultivo de virtudes para purificá-lo e aproximá-lo do G∴A∴D∴U∴.

A História registra que desde seus primórdios a Fraternidade Maçônica sempre procurou evoluir através dos tempos e na época medieval a técnica das construções cada vez mais se aperfeiçoava em razão de estudos que buscavam melhoria na mão de obra artesanal.

Toda essa evolução tinha como estímulo as guildas que ministravam para cada ramo da especialidade novas medidas ou métodos para seu desenvolvimento.

Materiais não raras vezes eram substituídos por outros mais resistentes ou mesmo mais vantajosos, ensejando um benefício para a obra em construção evidenciando uma evolução que sempre foi perseguido pela Ordem.

E foi nesse cenário que o pensamento evolutivo da Maçonaria cresceu fazendo com que se estendesse também no âmbito espiritual proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria, exortando o aperfeiçoamento moral, intelectual e social, “por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade;” (art.1. Parágrafo Único. I e II da Constituição do Grande Oriente do Brasil de 2007). Outras recomendações inseridas em textos infraconstitucionais também abrilhantam o panorama fraterno, espiritual e nobre da Ordem.

Por outro lado, os usos e costumes adotados durante os séculos pela maçonaria sempre foram marcados pelo avanço de melhorias em todos os níveis que podemos considerá-los como manifestações evolucionistas. Os Landmarks que são compilações dessas regras de conduta ainda não escritas trouxeram a sedimentação dos valores maçônicos e foram mais um marco desse desenvolvimento e aperfeiçoamento da Ordem. Ampliou-se também a doutrina que era apenas Operativa com a implantação da Maçonaria Especulativa mantendo-se, entretanto, a mesma unidade tanto formal como material.

Assim é que o art. 24. do Código Landmarks de Mackey dispõe textualmente da Maçonaria Especulativa como representação do evolucionismo de que estamos a tratar.

“A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui outro Landmark. A preservação da lenda do Templo de Salomão é outro fundamento deste Landmark”, reza o referido art.24 do Código Landmarks de Mackey. 

Realmente, a criação desse departamento intelectual ou especulativo da Fraternidade conferiu-lhe uma nova dinâmica propiciando oportunidade para estudos aprofundados de filosofia, especialmente hermética, história diversificada, misticismo, esoterismo, teologia, conhecimento de livros tidos como sagrados de outras culturas, idiomas e muitos outros ramos de sabedoria.

Sobre a Maçonaria Especulativa foi dito que o preceito citado (art.24 do C.L.M.) “estabelece a Maçonaria Especulativa ou Intelectual, mantendo, como não poderia deixar de fazê-lo, a Maçonaria Operativa ou Primitiva, também conhecida como Azul. Não se trata de duas maçonarias, mas de uma só, com atribuições autônomas, mas com a mesma essência e cultivo das mesmas virtudes: aperfeiçoar o Ser Humano para aproximá-lo do Grande Arquiteto do Universo” (Código Landmarks de Mackey- Anotado-2009 – págs. 70/71 – José Geraldo de Lucena Soares).

Igualmente, o Iluminismo do começo do Século XVII que se estendeu por toda Europa fez com sua influência evoluir o mundo maçônico recrutando inúmeros pensadores e cientistas que ainda hoje a cultura ocidental adota seus ensinamentos. “Filósofos, políticos e cientistas integravam esse cenário, surgindo daí, várias correntes ou vertentes dessa política social que se instalou, em última análise, em nome da liberdade de pensar, com o propósito de progresso cultural e de espírito. Aliás, esses ideais de avanço cultural já haviam sendo desenvolvidos desde a Renascença que mais tarde também contribuiu para deflagrar a Revolução Francesa de 1789” (obra e autor já citados).

“(…) O Iluminismo do século XVII que se estendeu por toda europa fez com sua influência evoluir o mundo maçônico recrutando inúmeros pensadores e cientistas (…)”

Figuras da alta intelectualidade da época passaram a ditar novas doutrinas e podemos citar René Descartes, Galileu Galilei, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Baruch Spinoza, John Locke, Isaac Newton, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Kant, Adam Smith e tantos outros gênios da sabedoria. Estes mestres inovaram o pensamento da época nos diversos ramos do conhecimento e a Maçonaria Especulativa muito evoluiu no âmbito intelectual e também de espiritualidade.

De todo o exposto podemos afirmar que a evolução a que se refere o dispositivo constitucional ora em comento é da própria essência de qualquer empreendimento baseado na moral, ética, legalidade, honradez e outros elementos que possam elevar o Homem para o encontro da paz e felicidade com o auxílio do G∴A∴D∴U∴.

E a Instituição Maçônica Universal e Milenar sempre adotou essas virtudes e muitas outras para purificação de seus membros e da humanidade.

Voltaremos oportunamente a dissertar sobre os Fins Supremos destes princípios, iniciático, filosófico, filantrópico, progressista e evolucionista: Liberdade, Igualdade e Fraternidade – art.1. caput, Constituição do Grande Oriente do Brasil de 2007.

Fonte: revistauniversomaconico.com.br

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