A
Maçonaria utiliza os artefatos e ferramentas ligados à atividade da
construção como símbolos ilustrativos dos ensinamentos que procura
transmitir e preservar. É o caso, por exemplo, da trolha.
A
trolha, ou colher de pedreiro, é uma ferramenta do ofício da construção
utilizada para separar, transportar, projetar ou colocar argamassa,
massa ou cimento nas superfícies, paredes ou muros, de uma construção.
Serve também para alisar a massa, argamassa ou cimento colocada, por
exemplo, numa placa ou na união entre pedras ou tijolos de uma parede ou
muro.
Tendo
em conta estas utilidades para o ofício da construção, a Maçonaria
Especulativa adapta o conceito para simbolizar virtudes ou
comportamentos que devem ser adotados pelos maçons e naturais numa Loja
maçónica.
Tal
como a ferramenta operativa alisa as superfícies, assim também o maçom
deve utilizar a trolha da concórdia, da conciliação, para alisar,
regularizar, aplainar diferenças ou conflitos entre Irmãos.
A
Fraternidade não é necessariamente um oásis de paz e ausência de
conflitos. Tal como os irmãos biológicos, embora mantendo entre si laços
fortes de solidariedade e amor fraternal, não obstante têm frequentes
desacordos, querelas, conflitos, que aprendem a regular sem pôr em causa
a sua relação fraternal, também os Irmãos maçons estão sujeitos á
erupção de conflitos e desacordos entre si, que devem regular
preservando as suas fraternais relações.
Devem,
por isso, sempre ter ao alcance de sua consciência a trolha da
conciliação, da boa-vontade, do saber olhar pelo ponto de vista do
outro, para alisar as diferenças, conciliar os interesses ou propósitos
divergentes.
A
trolha simboliza ainda a benevolência, a tolerância, a indulgência,
perante as asperezas, os defeitos alheios, espalhando sobre eles a massa
do perdão, do esquecimento de injúrias ou agravos, em prol da harmonia
da construção.
O
maçom não se deve também esquecer nunca que, tal como se vê na
necessidade de utilizar a trolha para alisar as asperezas que vê em
outros, também os demais utilizam idêntico instrumento simbólico em
relação às suas próprias imperfeições. A tolerância, a fraternidade,
funcionam em sentido duplo. Ninguém tem o direito de reclamar para si o
perdão ou a complacência em relação aos seus erros sem ele próprio ter
idêntica atitude em relação aos demais.
Manejar
a trolha simbólica não é fácil. Exige treino, exige habituação, exige
bom-senso. Só progressivamente aquele que entra na Maçonaria se habitua a
manejar esta ferramenta simbólica. Enquanto as ferramentas por
excelência do Aprendiz são o maço e o cinzel, com que desbastam a sua
pedra bruta, corrigindo-se das maiores asperezas e dando-se forma
adequada para colocação útil no Grande Templo da Harmonia Universal, e
que as ferramentas do Companheiro são essencialmente o prumo, o nível e o
esquadro, com que colocam a pedra já aparelhada no sítio certo e útil, o
Mestre Maçom tem como instrumentos essenciais a Prancha de Traçar, onde
traça os planos da construção de si mesmo e do seu comportamento e -
precisamente - a trolha, com que espalha o cimento da harmonia, que une
definitivamente todos os materiais da sua construção de si.
Fonte: A Partir a Pedra
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