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sábado, 13 de abril de 2019

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: UMA ABORDAGEM MAÇÔNICA

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: UMA ABORDAGEM MAÇÔNICA
Por Danilo Bruno

EDUCAÇÃO

Ao discorrermos sobre educação, notadamente no seio da Ordem Maçônica onde possui grande destaque, não podemos simplificar seu significado, limitando-nos a discorrer acerca da educação escolar, tecnológica ou mesmo científica, mas sim buscar sentidos amplos e latos que se aproximem de uma correta definição de conceito tão primordial, pois é presente em toda e qualquer sociedade, independente do grau de evolução, e com grande parcela de responsabilidade pela manutenção dos fundamentos basilares de qualquer grupo social, contribuindo de maneira decisiva para a evolução de seus membros e, consequentemente, desta.

Perpassando a definição básica de ensinar e aprender, a educação significa transferência de hábitos, costumes e descobertas entre as gerações, pois normalmente o processo origina-se de um membro mais experiente para o menos experiente, possuindo o desiderato de impactar os indivíduos envolvidos, esperando que os educados descubram sua importância na sociedade, confiando que a nova geração irá avançar nas mais diversas necessidades encontradas pela sociedade, incluindo problemas sociais, econômicos, políticos, culturais ou extremos como bélicos, segregacionistas, preconceituosos.
Amplamente, a educação também engloba conceitos intrínsecos ao bom andamento de toda e qualquer sociedade: civilidade, socialização e, mais profundamente, cortesia e amor.

Esse processo educacional tanto engloba a educação formal, direcionada para determinados conhecimentos quanto a informal, mais ampla e necessária, ensinadas em relações cotidianas, sociais, profissionais, afetivas…

A educação é um processo natural e inerente ao ser humano, comumente nos deparamos com situações nas quais descobertas, sentimentos e reações novas nos oportunizarão a possibilidade de pôr em prática o que temos aprendido de maneira formal.

Afinal quando se pede sabedoria ao Grande Arquiteto do Universo, nos são concedidas situações para sermos sábios; Quando pedimos paciência, situações para sermos pacientes; Quando pedimos amor, situações para amar. Situações onde seremos educados a ser pessoas melhores.

CIDADANIA

Cidadania, a luta por direitos civis, políticos e sociais e os consequentes deveres advindos dessas conquistas permeiam toda a história da humanidade, presentes desde a luta da maioria contra a minoria detentora de privilégios até os anseios de classes minoritárias, oprimidas e/ou vulneráveis.

Por isso, a busca da Cidadania nunca estará terminada, pois ao evoluirmos, também evolui nossa responsabilidade para com o próximo, renovam-se as lutas por direitos, liberdades, garantias individuais e coletivas.

Isso porque ser cidadão é ter a consciência de ser sujeito de direitos em sentido amplo, não devendo ser olvidados os naturais deveres que os acompanham. O conceito de cidadania possuiu forte ligação histórica com os direitos políticos por conta das pólis, cidades-estado gregas, onde era imperioso ao cidadão o direito de intervir na organização de seu estado, participando, ainda que de maneira indireta, na formação do governo e no modo deste administrar.

Já os deveres do cidadão incluem desde o trato com nosso semelhante até o respeito pela coisa pública, perpassando o meio ambiente que nos cerca. Abrange conceitos tão importantes e amplos como solidariedade, democracia, direitos humanos, ecologia, ética e moral. Não basta estar e fazer parte da sociedade, necessário é agir para a evolução coletiva, assumindo os deveres com a plena consciência de serem indispensáveis, pois somente com a contribuição ordenada e justa de todos, o bem comum pode ser alcançado.

Assim, uma boa cidadania implica a estreita ligação entre direitos e deveres, lembrando que a justa observância de ambos constrói uma sociedade equilibrada e sadia, pois a definição de direitos pressupõe necessariamente a existência de deveres, pois o cumprimento destes permite a garantia daqueles.

Como marcantes exemplos da luta pela cidadania, podemos lembrar a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, ambos com importante participação Maçônica, não devendo ser olvidado que estes movimentos romperam a idéia de rei e súdito então vigente para ensinar um novo modo de pensar, os direitos do cidadão. Após estes eventos, as lutas cresceram e ramificaram-se, pois o conceito e prática da cidadania foram estendidos para pessoas em situação precária ou que são minorias, como mulheres, crianças, refugiados.

No Brasil, os primeiros movimentos para a obtenção de um ideal cidadão contaram com firme participação Maçônica, como a Conjuração Baiana, Inconfidência Mineira, acompanhada das lutas pela Independência, Abolição da Escravatura, Proclamação da República e a constante luta pela alternância do poder que perdura até os dias atuais.

A soma das conquistas, reparação de injustiças sociais, civis e políticas, possibilidade de prática efetiva e consciente de direitos naturais, observância e cumprimento dos deveres para com nosso próximo, coletividade e universalidade, bem como a constante busca em ampliar essas conquistas resume bem o conceito de cidadania.

EDUCAÇÃO MAÇÔNICA

É comum a constância das respostas dadas aos interessados em iniciar na Maçonaria quando indagados sobre o que esperam encontrar na Ordem: Educação, Conhecimentos, Sabedoria, Evolução, Crescimento pessoal… Comum é a esperança que nossa Ordem Maçônica possua um sistema de ensino diferenciado e efetivo, afinal possui importante participação história e é composta por homens cultos, de boa índole, progressistas e estudiosos. Assim o anseio do profano, e de sua família, é que a Maçonaria possa transformá-lo em um homem melhor, que chumbo seja convertido em ouro, que as arestas de nossa Pedra Bruta interior sejam desbastadas até possuir os ângulos retos de uma Pedra Cúbica.

Porém logo o Iniciado percebe que tais benesses existem de fato, mas não são simplesmente entregues pela Maçonaria, mas oportunizados a seus Membros que devem obtê-los mediante o próprio esforço, mediante o suor de um labor diário e constante. Busca esta que possui a virtude de aumentar nossa compreensão da vida e de como podemos ser úteis ao ambiente que nos cerca, melhorando nós mesmos de maneira contínua e auspiciosa.

Isto porque as tradições e ensinamentos iniciáticos pertencentes à Maçonaria possuem o desiderato de permitir o usufruto da vida de maneira plena e livre de amarras, pois quebra barreiras imanentes a nosso mundo material e consumista, nos guia para o engrandecimento pessoal que sempre reverbera em uma melhora social.

Assim, o Maçom há de ser um homem livre. Não no simples conceito de escravidão laboral, mas livre de servilismos e vícios variados, enraizados em nossa sociedade como “normais” e “toleráveis”, o Bom Maçom respeita seu corpo, sua família, sua cidade, Estado e Nação. Assim procura ser bom marido, pai, filho, cidadão…

A Maçonaria incentiva a vitória sobre nossas restrições e que esta não se limite ao Eu, mas seja capaz de conduzir nossos Irmãos ao mesmo Bom Combate. Cada Membro traz para a Maçonaria suas aptidões e seus anseios mais nobres e altruístas, sendo esses bem acolhidos por Irmãos com expectativas, qualidades e defeitos similares.

Também não se deve olvidar que o sucesso pessoal depende da nossa força de vontade e que o labor maçônico, constante e altruísta, nos inspira, instrui. Fortalece o caráter do Obreiro que leva consigo a responsabilidade de pertencer a uma Instituição com respaldo e respeitabilidade social que tem o condão de domar paixões e atitudes impensadas que seriam comuns no Mundo Profano, mas inaceitáveis quando pertencentes a um Iniciado.

Assim, a Educação, Conhecimentos, Sabedoria, Evolução, Crescimento pessoal buscados pelo Maçom devem, em princípio, serem obtidas no cotidiano, em pequenos, porém firmes e constantes gestos, pensamentos, ações e atitudes que, felizmente, culminarão em nossa evolução individual e social.

Esta caminhada é facilitada pelos livros a que temos acesso, pelas instruções ministradas, pelas atitudes solidárias e éticas que nos são permitidas, mas principalmente pelos exemplos de cultura, estudo, abnegação, altruísmo, trabalho e entrega que nossos semelhantes praticam diuturnamente e reverberam em toda a comunidade. Exemplos esses que, felizmente, a Maçonaria possui em grande quantidade.

CIDADANIA MAÇÔNICA

Sempre questionada na Ordem Maçônica, a proibição de discussão política em nossos Templos não se refere a todo e qualquer assunto político, mas cinge-se a política partidária e esta faz sentido quando vemos Irmãos honestos e bem intencionados filiados aos mais diversos partidos, com ideologias e conceitos, não raras vezes, diametralmente opostos.

Assim, a discussão sadia e engrandecedora acerca dos rumos da política em nosso Município, Estado de País, de maneira respeitosa e sempre lembrando a responsabilidade do Maçom, é salutar e deve ser incentivada.

Também porque o Maçom, como construtor social, deve fazer coro a Aristóteles quanto este afirma ser o homem “Um animal político”, pois a política bem conduzida é uma necessária ao pleno desenvolvimento das sociedades.

Nossos juramentos prevêem de maneira expressa a defesa de valores tão caros a toda e qualquer sociedade como Liberdade, Democracia, República, não podendo o Maçom, renunciar sequer a defesa destes sob pena de se tornar perjuro e ineficaz na construção social a qual jurou fazer parte. Por isso o Maçom é ligado umbilicalmente à Cidadania de maneira plena e indistinguível.

É intrínseco ao Maçom o papel de liderança na busca por uma cidadania plena e livre, pois a atuação em defesa da liberdade e da democracia são resultados diretos dos trabalhos feitos em nossas Lojas, quando nos reunimos coberto de indiscrições profanas, em ambiente propício a evolução individual e coletiva.

A atuação dos Maçons deve, necessariamente, conter a busca da perfeição, primeiramente a melhora individual e coletiva da Loja e, após, a reverberação desta para nossa tão necessitada comunidade, devendo ser estendida a toda nossa Nação. 5.

CONCLUSÃO

Todo Maçom é, antes de adentrar nossos Templos, um cidadão na plenitude de seus direitos e na fiel observância de seus deveres. Ao ser reconhecido Maçom aceita o labor de aumentar tanto de maneira qualitativa quanto quantitativa a educação, individual e coletiva que carrega consigo, bem como a cidadania, concretamente lutando para sua efetivação e extensão aos desafortunados que não foram contemplados com os direitos arduamente garantidos.

Não devemos olvidar que a disseminação da Educação e Cidadania é responsabilidade inseparável da condição Maçônica, a história nos orgulha com livres pensadores, batalhadores honestos e diligentes que muito contribuíram para desenvolvimento humano e que clamam para que seu trabalho seja continuado pelos Pedreiros Livres.

A Maçonaria é nossa responsabilidade, caso ela não esteja atingindo o quanto proposto e o quanto possível, considerando a quantidade e qualidade de seus membros, considerando a força e respeito adquiridos após séculos de atuação discreta, porém firme e importante na sociedade, necessário é o resgate de idéias, ações e atitudes inerentes a todo Maçom e importantíssimos nos dias hodiernos.

Devemos incentivar o estudo, a pesquisa, o saudável e salutar debate de idéias e opiniões; Devemos promover a Educação e a Cidadania Maçônicas, nunca olvidando ser compromisso inerente ao Sublime Grau de Mestre Maçom, pois estas possuem o justo desiderato de melhorar-nos para que possamos expandir essa evolução para a sociedade na qual estamos inseridos.

Lembremos que o que parece utopia para o profano, é um sonho possível para os Maçons. Não olvidemos que as bençãos e auxílios do Grande Arquiteto do Universo são concedidos a quem está disposto a evoluir, sair da zona de conforto, lembremos de acreditar na Providência Divina, mas fazendo nossa parte.

Afinal, Educação e Cidadania são conceitos profanos que devem ter influência dos Maçons, porém a Educação e Cidadania Maçônicas são conceitos Maçônicos que devem impactar positivamente o Mundo Profano.

Isto porque somos homens livres e de bons costumes, devemos sê-lo em sentido amplo, em todas as dimensões e oportunidades concedidas, só assim o Mundo Profano conhecerá, compreenderá, respeitará e aceitará a Maçonaria.

Fonte: https://blogdojovemaprendiz.wordpress.com

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