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quinta-feira, 25 de abril de 2019

INSTALAÇÃO

INSTALAÇÃO 
(republicação)

Em 29.07.2014 o Respeitável Irmão Jason Paixão Miranda, Ex-Venerável da Loja Luz e Saber nº 2380, GOB, Rito Adonhiramita, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás solicita esclarecimentos que seguem: 
jasonpaixaomiranda@gmail.com 

Há dias fiz uma solicitação ao estimado irmão a respeito do Mestre Instalado. Na ocasião o Irmão respondeu e me enviou uma excelente exposição do assunto. Fiquei profundamente agradecido e novamente agradeço a especial deferência com a qual fui distinguido pelo Irmão. Agora, em face do material enviado pelo Irmão Cláudio, eu tomo a liberdade de novamente solicitar, somente caso o irmão queira informar, posto se tratar de assunto que o Irmão declina de comentar, para evitar contratempos desnecessários, no que respeito e concordo: 

a) “Lenda mal copiada”; 
b) “A indução”; 
c) “Sinais contraditórios”. 

Fica aqui por escrito, o meu compromisso moral e de honra que, as informações servirão para enriquecer meus parcos conhecimentos, sendo preservado o nome do Irmão, a não ser que seja expressamente autorizado, antes passando pelo crivo da necessidade, finalidade e utilidade. 

Por oportuno, favor me elucidar também o significado da palavra “Tyler”, uma vez que a desconheço completamente. 

Ficarei imensamente grato se o amado irmão puder mais uma vez me brindar com a sua valorosa atenção, dentro do seu tempo disponível. 

Considerações:

1 - O porquê do comentário “Lenda mal copiada”. A raiz dessa demanda está nesse enxerto imposto ao Rito Escocês Antigo e Aceito - rito de origem francesa - no que concerne a cerimônia de Instalação. Como já havia eu mesmo mencionado antes, “instalação” na França, significa simplesmente “posse”.

Quando dessa adaptação aqui no Brasil os criadores dessa contradição, simplesmente usaram a lenda inglesa inerente à Instalação para ritos oriundos da França e, com isso, não observaram que a doutrina inglesa (teísta) se difere da francesa (deísta). Além do mais essa invenção não levou em consideração a pluralidade de ritos filhos espirituais da França, inclusive na disposição topográfica do Templo que, não raras vezes, conforme o rito invertem-se posições a exemplo das Colunas e Vigilantes.

Nesse sentido, sugiro ao leitor que antes conheça e participe também de sessões de Aprendiz, Companheiro e Mestre referentes ao Trabalho de Emulação (sistema inglês equivocadamente chamado de York no Brasil), e perceba as diferenças entre os dois sistemas, comparando-os, por exemplo, ao Rito Escocês (que é francês).

Assim, alusivo aos dois sistemas, há que se notar que existem diferenças de decoração nos Templos, que existem ainda diferenças no próprio conjunto simbólico, bem como nos títulos e posicionamentos de alguns dos Oficiais em Loja, diferenças de paramentos, de particularidades doutrinárias, etc. 

Agora, se existem essas diferenças substanciais, imagine-se então no caso de uma cerimônia de Instalação que é privativa de um costume, contudo é simplesmente enxertada aleatoriamente em outro que tradicionalmente até mesmo a desconhece.

Embora essa conduta possa até parecer comum no Brasil, ela é efetivamente fruto de contrassenso e acomodação.

Daí a razão da dessas inúmeras incongruências, assim como a falta de explicações para as tais. Quando menciono o termo “explicação”, obviamente me refiro ao juízo perfeito, racional e acadêmico, bem como figuradamente palpável.

Ilustrando esse particular, observe-se, por exemplo, que algumas das ferramentas simbólicas de trabalho inglesas muitas vezes se diferenciam na sua aplicação conforme o Grau – exemplo: a régua é instrumento do Aprendiz na Inglaterra, já na França é do Companheiro. Embora isso possa até parecer um mero detalhe, certamente não é, já que alguns Rituais durante a posse, infelizmente ainda preconizam no escocesismo, quando da entrega das ferramentas simbólicas, o ato equivocado de passar às mãos do novo Venerável a Régua como instrumento do Aprendiz quando verdadeiramente ela é ferramenta do Companheiro (REAA).

À bem da verdade muitas contradições estão intrínsecas na cerimônia (basta atentamente se observar) porque desde a Lenda inglesa de Balkis, ou Bilkis, assim como a entrega dos instrumentos de trabalho estas são direcionadas para a vertente inglesa de Maçonaria e atendem toda a alegoria e simbolismo oriundo desse costume. 

Já no arcabouço doutrinário francês, além de genuinamente desconhecer a cerimônia inglesa, ainda recebeu no Brasil o enxerto de uma lenda e outros procedimentos que, se bem observada a Arte, não fazem sentido algum para o deísmo francês. E o que é pior, simplesmente contou-se uma lenda, criou-se uma cerimônia sem tão pouco recomendar adaptações necessárias para que pudessem pelo menos condizer com o Rito pertinente - mesmo na contramão da história.

Penso que tudo isso é resultado daquela velha mania de se achar que tudo é igual em Maçonaria – atitude esta bastante comum em pseudos-ritualistas que nem mesmo sabem diferenciar as duas vertentes principais da Maçonaria – inglesa e francesa.

2 – A Indução é uma cerimônia própria na Inglaterra para aqueles que já foram instalados um dia – conhecidos como “Past-Masters”. Estes se forem reconduzidos novamente ao cargo de Mestre da Loja (Worshipfull Master), não passam pela cerimônia de Instalação, porém para estes, existe uma cerimônia específica para reassumir o cargo – Indução. Aqui no Brasil, sem entrar na particularidade cerimonial do certo ou do errado, seria o mesmo que a “Reassunção do Venerável”.

3 - O porquê do comentário “Sinais Contraditórios”. Não vou entrar muito no mérito explicativo desses Sinais (tenho que ter cuidado com os puristas de plantão), entretanto o termo “contraditório” se apresenta em muitos casos conforme alguns rituais brasileiros, inclusive por conta do que fora comentado no item1 destas considerações. Por exemplo, em um dos SS∴PP∴ aparece o termo “oblíquo”. Ora que ação oblíqua seria essa no ato de c∴ o o∴ e∴? Pior ainda é descer o b∴ obliquamente em direção ao q∴ e∴. Que movimento oblíquo (sic) seria esse pelo lado esquerdo para o mesmo lado esquerdo? Se o movimento fosse oblíquo, evidentemente que não seria só para c∴ o∴ e∴, porém todo o corpo de modo enviesado. Em alguns rituais inclusive ainda falta à primeira parte do S∴ que é a de t∴ o b∴ d∴ d∴. Agora imagine alguém que teve o b∴ d∴ d∴ fazendo com ele o S∴P∴ sobre o o∴ e∴ e, ainda por cima, executando um movimento oblíquo! Isso para não se falar do b∴ d∴. Não seria por acaso o anteb∴ d∴?

Ainda, e o tal S∴ de Cham∴ segurando um fio de pr∴. Isso me parece ser mais uma mera invenção.

Que tal ainda aquele S∴ de Cham∴ feito com a mão direita imitando a com a figura do conjunto N∴ e o P∴, (aquele do avental que chamam de Tau invertido por mera falta de conhecimento). A figura realmente sugere o Nível no movimento horiz∴ e o Prumo no vert∴ já que na autêntica narrativa da lenda era a forma como H∴ chamava os Aprendizes e os Companheiros (ver a joia dos Vigilantes). 

Agora eu gostaria que alguém me explicasse que Prumo seria aquele que faz movimento de baixo para cima conforme se simula equivocadamente com esse S∴. Acaso teria mudado o centro de gravidade? Ou seria mais fácil chamar o conjunto Nível/Prumo como Tau invertido para fugir da explicação? O que seria mais lógico na construção, o Nível e o Prumo ou o Tau invertido?

Pois bem, com essas breves considerações e deixando de lado aqueles que ainda insistem em “achar” que Mestre Instalado é Grau, dou por encerrado esse tópico lembrando apenas que em uma observação acurada encontraremos ainda muitas e muitas outras incongruências.

4 – A palavra Tyler – se refere ao cargo do Guarda Externo na Maçonaria inglesa e significa “telhador” – origem do termo tile em inglês o que designa a telha. Como verbo transitivo = to cover with tiles (telhar, ladrilhar in Longman English Dictionary). 

Para que não pairem dúvidas segue um trecho do Emulation Ritual, p. 47, abertura no terceiro Grau – Lewis Masonic: “I.G. (Inner Guard) goes to door, gives MM ks (knocks) and return to position in front of his chair. Tyler responds with same ks”. Em tradução livre: o Guarda Interno vai até a porta, dá a bateria de Mestre e retorna a posição em frente a sua cadeira. O Guarda Externo, ou Telhador responde com a mesma bateria.

Ainda, na abertura do Primeiro Grau in Nigerian Ritual as tought in Emulation Lodge Inprovement, A. Lewis Masonic Publishers Ltd, 1.964, p. 10 – “I.G. (goes to the door, does not open it, and gives E. A. [Entered Apprendice] ks. Being answered by Tyler [o grifo é meu] with E. A. ks, I.G. returns to position in front of his seat...)”. Traduzindo: Guarda Interno (vai até a porta, sem abri-la nela da à bateria de Aprendiz. Sendo respondido pelo Cobridor Externo, ou Telhador, com a bateria de Aprendiz. O Guarda Interno retorna à sua posição em frente ao seu assento...).

T.F.A. 
PEDRO JUK  - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.545 Florianópolis (SC) – domingo, 7 de dezembro de 2014

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