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segunda-feira, 13 de maio de 2019

A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS

A LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS
Salvador Ferreira dos Santos
Loja Virtus et Labor 2386 – GOB

A pugnacidade da Maçonaria na campanha pela redenção dos escravos era indomável. Foi uma arrancada heróica em prol da conquista da liberdade para toda uma raça sofredora, cujas canções refletiam a grandiosidade da sua dor imensa. Na Maçonaria, como disse Pedro Calmon, formou-se “uma ala de jovens, impacientes para definir-se radical, em consonância com as idéias do século, sagrou como chefe Saldanha Marinho. Caber-lhe-ia orienta-los até a República.”

Graças a essa corrente, a abolição da escravatura e a campanha republicana se tornaram temas prediletos das sociedades secretas coerentes com suas tradições. A campanha abolicionista contribuiu para a intensificação do trabalho nas Lojas Maçônicas, em prol da raça negra.

Através da vastidão do Brasil, surgiam novas lojas, “nem havia vila florescente do Interior que não tivesse a sua loja”, dizia Pedro Calmon.

Impressionante drama contristor, o dos desgraçados negros, tratados desumanamente. A grandiosidade do estro de Castro Alves em “O Navio Negreiro” encena-nos o que era a dor imensa que envolvia os infelizes escravos, reduzidos a mais precária situação. E qual foi a atitude da Igreja Católica, do clero diante da cruciante vida trágica dos africanos? Vejamos a palavra autorizada de João Dornas Filho:

“A Igreja Católica, entidade cujo prestígio e força operante sobre o espírito humano é um fenômeno que só pode ser negado pela má fé, não cumpriu inteiramente a sua missão social com referência à escravidão no Brasil”. Três longos séculos de tortura e de lágrimas, de roubo na sua expressão mais odiosa, de rebaixamento o mais nefasto da criatura que foi feita à imagem do seu Criador, deslizaram diante da egoísta impossibilidade do Instituto que tem a sua mais bela significação humana no mandamento da caridade...

Não há em todo o curso da história do Brasil até 1877, um ato, um gesto coletivo da nossa Igreja em favor dessa raça miserável, que retribuía a servidão com a abastança, que pagava com a prosperidade o aviltamento.

A própria abundância da Igreja coeva era um reflexo do enriquecimento geral, nascido do martírio secular de uma raça que nem ao menos tinha o direito de revolta. Aos gemidos, às imprecações, às frustrações rebeldias do desespero, a Igreja de Cristo respondia com apelos displiscentes de resignação, quando não retrucava com o argumento mais sólido da repressão armada, como se deu em Minas Gerais em 1820, em que o bispo de Mariana, pessoalmente, tomou armas para esmagar uma revolta de escravos desesperados.

“Se havia da parte da nossa Igreja um desejo entranhado e sincero de concorrer com a sua força para a extinção dessa nódoa que ainda macula a nossa consciência, porque motivo não fez ela valer as bulas de Alexandre III, Paulo II, Pio VII, Urbano VIII, Benedito XIV, Gregório XVI e outros mais que condenavam e excomungavam o cativeiro? Onde é que ficava a disciplina, mais alto florão da Igreja Católica, quando a voz do Santo Padre era abafada pelo rendoso egoísmo que se enricava a custa de uma raça inteira sucumbindo nos porões sociais da escravidão?

Nota Joaquim Nabuco, e sempre com aquela sua clara e penetrante inteligência, que houve dois bispos no Brasil que se levantaram, por obediência, contra o poder temporal, porque este contrariou num ponto secundário a política do papado com relação à Maçonaria; e não houve, nem sequer, quem invocasse a mesma obediência para combater a escravidão, mais condenada que a Maçonaria por bulas, encíclicas e até por mais de um concílio.

“A observação é estonteante. E até hoje não houve uma só voz, por mais ilustre, e a Igreja brasileira as possui no mais alto grau, que fosse capaz de tartamudear a sua defesa neste ponto. É que no processo-crime dessa monstruosa tragédia, a História não reservou espaço para o libelo acusatório.

História Oculta

E este é amplo, geral, estigmatizante. “E o contraste sobe de gravidade quando se sabe que a ação da Igreja, a respeito da escravidão dos indígenas, foi batalha indormida e extensa, que pelo menos teve o mérito da tenacidade reivindicadora. Um fato há, de suma importância que, inexplicavelmente, as Histórias do Brasil ocultam, referente à libertação dos escravos. Em 4 de abril de 1870, Rui Barbosa, que foi Maçom, apresentou à aprovação da Loja América de São Paulo, a primeira lei referente à emancipação do elemento servil. Do projeto apresentado por Rui Barbosa constava: obrigatoriedade de todas as Lojas Maçônicas brasileiras reservarem um quinto de sua receita para alforriamento de crianças escravas; declaração de todos os candidatos a ingressar na Maçonaria que, daí em diante, estariam livres todas as crianças do sexo feminino que lhes proviesse de escrava sua; todos os Maçons brasileiros ficariam obrigados a assumir um compromisso de que declarariam livres, daí em diante, todas as crianças do sexo feminino filhas de escravas suas.

Qual a história do Brasil que alude ao projeto de lei Maçônico apresentado pelo Irmão Rui Barbosa e aprovado pela Loja América, de São Paulo?

A primeira província brasileira a emancipar os seus escravos foi a do Ceará. Ocorreu isso em 25 de março de 1884, quando governava a Província o Dr. Sátiro Dias, Maçom.

Referindo-se ao episódio acima, o eminente historiador anti-Maçônico Gustavo Barroso, portanto insuspeitíssimo, escreveu: “Sob a égide da Maçonaria, o Ceará libertava seus negros e os das províncias vizinhas que pra lá corriam. Terra de sol que se transformava em Terra da Liberdade”. Gustavo Barroso esqueceu-se de agradecer à Maçonaria por ter transformado a sua província em Terra de luz e Liberdade.

Não há como ocultar que a libertação dos escravos, desejada por grande parte da população brasileira, foi conseqüência de movimento maçônico.

Além de Rui Barbosa, outros maçons estiveram à testa da campanha emancipatória entre eles: Visconde de Rio Branco, Duque de Caxias, Castro Alves, José do Patrocínio, Joaquim Nabuco (fundador da Sociedade Brasileira contra a Escravidão), Deodoro da Fonseca, Quintino Bocaiúva, João Alfredo, etc...

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