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terça-feira, 14 de maio de 2019

FERRAMENTAS DO APRENDIZ

FERRAMENTAS DO APRENDIZ
(republicação)

Em 22.09.2014 o Irmão Fábio Silva Pedroso, Aprendiz da Loja Acácia do Sudoeste, REAA, 2.278, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, solicita o que segue: 
fsilvapedroso@gmail.com 

Ferramentas do Aprendiz 

Estive no ERAC de Cândido Rondon ontem apresentando o trabalho sobre Abóboda Celeste. Tenho que apresentar em minha Loja um trabalho sobre "Ferramentas do Aprendiz", e gostaria que se possível me balizasse sobre referências bibliográficas sobre o tema. 

Considerações:

Primeiro vale a pena mencionar que existem diferenças entre os sistemas doutrinários maçônicos nas suas duas vertentes principais – a inglesa e a francesa.

Embora o objetivo da Moderna Maçonaria seja um só (aprimoramento do Homem), existem os Ritos que seguem modelos de concepção doutrinária oriunda da França (deísta) e aquela de concepção nativa da Inglaterra (teísta).

Por exemplo: o Trabalho de Emulação (conhecido por aqui como York) se coaduna com a raiz inglesa, enquanto que o Rito Escocês Antigo e Aceito se coaduna com a genealogia francesa.

Embora de objetivo único, os costumes, cultura, condições políticas e sociais da época acabariam por influenciar o moderno especulativo maçônico entre os Séculos XVIII e XIX.

Sob essa óptica, em se tratando das ferramentas simbólicas do Aprendiz na Moderna Maçonaria, devido às duas principais vertentes citadas, estas não são em número completamente iguais conforme o sistema. Geralmente o sistema inglês adota três instrumentos para o Aprendiz: o Maço, o Cinzel e a Régua de 24 Polegadas, enquanto que no sistema francês, do qual faz parte o Rito Escocês Antigo e Aceito, adota-se apenas dois, o Maço e o Cinzel.

Observe que na alegoria do Aprendiz, comumente inserida nos rituais usados na França, por extensão no Brasil, o Aprendiz aparece classicamente ajoelhado fazendo uso do Maço e do Cinzel. Do mesmo modo podemos observar que no Painel do Primeiro Grau do Rito Escocês aparecem também apenas esses dois instrumentos.

Como o mote dessa questão se refere ao REAA, filho espiritual da França, embora este até possua raízes anglo-saxônicas, o caso aqui é apenas do Maço e do Cinzel como instrumentos de ofício para o Aprendiz.

Chamo atenção porque alguns rituais equivocados, além de certas bibliografias temerárias misturam os sistemas apregoando com isso o uso na Régua para o Aprendiz no Rito Escocês, o que é um lamentável engano. A Régua no escocesismo simbólico é um dos objetos de trabalho do Companheiro.

Transcrevo aqui um pequeno trecho inerente ao livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom – Tomo I” de minha autoria: 

O MAÇO E O CINZEL – Como instrumentos imprescindíveis para o desbaste da Pedra Bruta, eles se apresentam no Painel da Loja do primeiro Grau unidos, assumindo valor destacado para o trabalho dos Aprendizes.

O MAÇO – Também conhecido com Malho, é um utensílio de madeira resistente, idêntico a um martelo, embora maior, mais pesado e desprovido de unhas, sua utilização é feita por escultores, entalhadores e esquartejadores da pedra.

Operando de forma impactante sobre o Cinzel na tarefa de desbastar a pedra, simboliza a energia do caráter a serviço da razão e da inteligência (Cinzel). Resume a vontade como fator existencial nos homens que precisa ser concentrada com eficiência para que não resulte no esforço inútil. O seu uso de forma desordenada, certamente fragmentará a pedra deixando-a em desacordo com a forma desejada tornando-se, sob esse aspecto, uma ferramenta posta a serviço da destruição. O Maço, se usado de acordo com as exigências da Arte, é um instrumento imprescindível para o desenvolvimento do trabalho que disciplina a vontade.

Sob o ponto de vista esotérico, ele representa a ação do espírito sobre o campo da materialidade.

O CINZEL – É um instrumento de aço, incisivo em uma das suas extremidades, enquanto a outra está preparada para receber o impacto de uma ferramenta contundente sendo utilizado normalmente pelos escultores e gravadores em trabalhos que necessitem perfeição. Simbolicamente ele é uma das ferramentas do Aprendiz necessária ao desbaste da Pedra Bruta, no que representa a razão e a inteligência no direcionamento da vontade do Maço – o discernimento e a inteligência (Cinzel), dirigem a força da vontade (Maço). À vontade por si só não garante a eficácia do trabalho.

O Maço e o Cinzel, tal como apresentados no Painel da Loja de Aprendiz, estão unidos para indicar que de forma independente podem não produzir um trabalho satisfatório. A alegoria ensina o iniciado que a vontade, se aplicada com harmonia e de forma inteligente, alcançará os objetivos procurados, entretanto, é necessário observar uma associação equilibrada da força física com a força intelectual permitindo que a Pedra Bruta seja verdadeiramente transformada na Pedra Cúbica. 

Finalizando, indico para começar como fonte de pesquisa, além do livro de minha autoria aqui já mencionado, também o intitulado “Símbolos Maçônicos e suas Origens” de autoria do Irmão Xico Trolha, bem como a “Cartilha do Aprendiz” de autoria do Irmão José Castellani. Todos os títulos serão encontrados na Editora Maçônica A Trolha – www.atrolha.com.br – ver nestes uma extensa bibliografia para pesquisa.

P.S. – É primordial que o estudante de Maçonaria compreenda que existem duas vertentes principais na Moderna Maçonaria. Nesse particular a Maçonaria é composta por ritos e trabalhos do Craft, pelo que em não raras vezes encontrar-se-ão diferenças que servirão para explicar muitos procedimentos distintos em Loja.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.569 Florianópolis (SC) – quarta-feira, 14 de janeiro de 2013

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