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terça-feira, 21 de maio de 2019

LOJA DE COMPANHEIRO

Em 23/12/2018 o Respeitável Irmão Marcos A. P. Noronha, Loja Universitária Ordem, Luz e Amor, 3.848, REAA, GOB-DF, Oriente de Brasília, Distrito Federal, apresenta a seguinte questão:

VOLTADOS PARA O ORIENTE E MUDANÇA DE SINAL DE ORDEM

Quando recebo a revista A Trolha da qual sou assinante há bastante tempo, minha primeira leitura é dedicada ao Consultório Maçônico José Castellani e esta semana me recordei de uma questão e resposta apresentada na revista de novembro sobre questões envolvendo os Sinais.

Estive em uma Sessão de Elevação, na 4ª feira passada, 19/12/2018, de uma Loja do GODF/GOB que pratica o REAA, e lá vi uma orientação do Irmão Mestre de Cerimônias aos Companheiros que me causou espécie e a considero totalmente equivocada, qual seja: a de que toda a vez que se ficasse à Ordem no Grau 2 deveria se voltar para o Oriente, assim os Irmãos das colunas do Sul e do Norte deveriam se voltar para o Oriente ao fazer o sinal de Ordem (o que representaria dar um giro de 90º à direita se estivesse na coluna do Sul e à esquerda se na coluna do Norte). Depois da Sessão um Irmão me disse que essa orientação era porque na abertura da Loja assim estava escrito, daí expliquei a ele do por que na abertura deve ser feito assim (pág. 29 do Ritual do Grau 2 do REAA, edição 2009, do GOB), aliás, em minha opinião, um dos erros a ser corrigido, pois os do Oriente, só estão lá porque são Mestres Maçons, então, estes e muito menos o VM não tem que se voltar para o Oriente.

Agora uma questão que eu vejo recorrente é quando se entra em uma Sessão de Grau 2 (principalmente, quando se dá instruções aos novos Companheiros) sobre a marcha de Companheiro, pois o Ritual à pág. 20 diz: "Tr∴PPa∴ de Apr∴ com Sin∴ de Apr∴ passando diretamente para o Sin∴ de Comp∴ ...", então o que venho observando é de que não se desfaz o Sin∴ de Ordem pelo sinal penal, e sim baixando a mão direita até o cor∴ para fazer o Sin∴ de Comp∴. Sempre entendi que esse procedimento não está correto e após ler sua explicação na cintada consulta (revista A Trolha de novembro), meu entendimento robusteceu.

Estou correto?

CONSIDERAÇÕES:
Fazer Sinal voltado para o Oriente – Em que pese as orientações contraditórias que o Ritual do Segundo Grau possui, mas que serão corrigidas e postas a disposição dos Irmãos no GOB Ritualística ainda nesse semestre, é mesmo impressionante a quantidade de invenções ritualísticas que encontramos por esse Brasil afora. 

Embora contraditório o que menciona o Ritual aludido na sua página 29, isso não quer dizer que todas as vezes que alguém, cujo assento não esteja voltado para o Oriente, e que precise ficar à Ordem, deva ficar de frente para o Oriente. Infelizmente, alguns Irmãos ainda precisam compreender e aprender a separar as coisas, e não se valer de situações confusas para engrossar ainda mais o rol das suas invenções. 

O que o ritual menciona, no tocante ao voltar-se para o Oriente, é um procedimento que apenas ocorre no momento em que os Vigilantes examinam os Irmãos das Colunas para se certificar se todos ali são realmente Companheiros Maçons. Assim, é apenas nesse momento que os Irmãos do Ocidente, que não estejam exercendo nenhum cargo, voltam-se para o Oriente. Isso se dá para que os que estiverem à frente do examinado, nada possam saber do que se passa na sua retaguarda. Obviamente esse é apenas um procedimento simbólico.

Aliás, é por isso que os exames se dão a partir daqueles que se encontram mais próximos da parede ocidental e vão até os que se encontram mais próximos da grade que separa o Ocidente do Oriente. 

É bom lembrar que as verificações ocorrem apenas nas Colunas, pois no Oriente, em nenhum grau simbólico existe telhamento. Nesse espaço o Venerável responde pelos que ali tomam assento. Nesse sentido, por não existir telhamento no Oriente, todos permanecem sentados. 

Nesse particular, as colocações confusas que existem no ritual ocorrem porque provavelmente houve erro de digitação e impressão. Esse equívoco já foi exaustivamente comentado, sobretudo quando mencionando o momento em que o Venerável ordena que todos se sentem após o telhamento - note que ele não diz “sentemo-nos”, o que daria a ideia de que todos, inclusive ele, estariam em pé, mas sim “sentai-vos”, o que alude a que apenas os do Ocidente estariam em pé. 

É bom que se diga que em alguns rituais que fazem parte de um lote mais recente, ou de segunda impressão, trazem no explicativo a orientação de que apenas os Irmãos das Colunas ficam em pé[1]. Sem dúvida, independente dos lotes impressos, haverá correção generalizada e definitiva, cuja qual será publicada nas orientações ritualísticas que estarão na plataforma do GOB Ritualística para consulta em breve.

Assim, eu gostaria de reafirmar que no tocante ao ato de se voltar para o Oriente, o mesmo só acontece no Ocidente e quando os Vigilantes, por ocasião da abertura dos trabalhos nos graus 2 e 3, fazem a verificação.

Agora, apesar desses equívocos de impressão, penso que é inadmissível que alguém confunda e interprete o Ritual concebendo que no Segundo Grau, todas as vezes que alguém ficar à Ordem deva voltar-se para o Oriente. Sinceramente, apesar das contradições mencionadas, ficar à Ordem voltado para o Oriente em qualquer situação é mesmo d’escrachar! É o cúmulo da imaginação. 

Para encerrar o assunto, todos os do Ocidente ficam à Ordem voltados para o Oriente apenas quando se sujeitam ao exame para a abertura dos trabalhos. Nas demais ocasiões, fica-se à Ordem normalmente, isto é, conforme está disposto o seu respectivo assento.

A questão do Sinal e a saudação durante a Marcha do Segundo Grau – Na transformação do Sinal do Grau 01 para o 02, obviamente que em primeiro lugar se desfaz por completo o Sinal de Aprendiz (pelo Sinal Gut∴), para só então se arranjar o Sinal de Ordem do Companheiro. 

Exaustivamente já expliquei que com o Sinal de Ordem composto, para desfazê-lo, obrigatoriamente faz-se pela pena simbólica. Não se interrompe o Sinal deixando-o pela metade. Primeiro vem o ato de se formar o Sinal de Ordem (estático), segundo é o de se desfazer o Sinal pelo Sinal Penal (dinâmico). 

Assim, quando precisamos mudar de um Sinal de Ordem para outro, primeiro desfazemos por completo (pela pena simbólica) aquele que está composto para só daí mudarmos para o outro Sinal de Ordem. 

Já expliquei inúmeras vezes que compor e desfazer o Sinal de Ordem não significa que estamos necessariamente saudando alguém. Por óbvio, é sabido que toda a saudação maçônica se faz pelo Sinal, entretanto nem sempre que fazemos e desfazemos o Sinal de Ordem estamos necessariamente saudando alguém. Desde o Ritual de Aprendiz, fica bem claro que saudações em Loja são feitas apenas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente ou às três Luzes da Loja quando da entrada formal (Marcha do Grau). Assim, quando alguém fica à Ordem e desfaz o Sinal noutras situações que são impostas pela liturgia maçônica, o gesto, mesmo que igual, não pode ser tomado como saudação maçônica.

Nesse sentido, quando o Ritual menciona o termo “diretamente”, de um Sinal para o outro, não significa mudar o Sinal sem antes completa-lo pela pena simbólica. O que o ritual quer dizer com o termo “diretamente” é que durante a Marcha o obreiro, ao mudar de um para outro Sinal, o faz sem saudar as Luzes da Loja. O termo “diretamente” menciona que na mudança de um para outro Sinal não existe saudação às Luzes, senão apenas a transformação do Sinal para se prosseguir até a conclusão da Marcha, quando então as Luzes são respectivamente saudadas. Ratifico, não se transforma o Sinal sem antes desfazer corretamente (pela pena simbólica) o que está composto. Feito isso é que se muda o Sinal.

A despeito das invenções e na expectativa de que eu tenha me feito compreender, essas são as utilizas da liturgia maçônica. Isso será amplamente explicado nas orientações e correções que se darão em breve e relativas ao Ritual do Segundo Grau do REAA em vigência.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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