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domingo, 5 de maio de 2019

RETARDATÁRIO

RETARDATÁRIO
(republicação)

Em 13.05.2014 o Respeitável Irmão Fraga através da Loja Estrela da Serrinha, REAA, Grande Oriente do Estado de Goiás, Estado de Goiás, formula a seguinte questão:
loja2033@gmail.com 

Irmão Pedro. A propósito de sua resposta em anexo, encaminhada à Loja Mensageiros da Liberdade e a mim repassada, na condição de Membro Honorário daquela Oficina, gostaria de obter alguns esclarecimentos: a - Quanto ao Item 4 de sua resposta: “Autorizado o ingresso o retardatário acompanhando o Mestre de Cerimônias ingressa formalmente no Templo – Dá antes pelo lado de fora da porta a bateria do Grau de trabalho da Loja, se for o caso. Abre-se novamente a mesma que após o ingresso é fechada imediatamente. O Mestre de Cerimônias ingressa e se posta na Coluna do Norte próximo ao 2º Diácono”. Pergunta: Qual a necessidade de dar a bateria do grau nesse momento, considerando que já foi autorizado o ingresso do retardatário? Por outro lado, você afirma que toda entrada em Loja deve ser formal. O correto não seria que toda entrada seria de "forma ritualística"? A entrada com "formalidades" não seria nos casos de autoridades, quando seriam necessárias a formação de Comissão de Recepção, Abóbada de Aço, etc.?

Considerações:

Meu estimado Irmão Fraga, não sei a razão da pergunta. Aliás, eu acho que eu sei sim. Sempre há alguém por trás incomodando, o que não é o seu caso, mas de quem o incomoda.

Mano, penso que eu deixei bem claro na resposta anteriormente proferida.

Em relação às autoridades eu comecei a minha orientação indicando: “Excetuando-se as autoridades e portadores de títulos”. Isso porque estes possuem protocolo de recepção (forma ritualística) específico exarado pelos regulamentos (Comissão de Recepção, Abóbada de Aço, etc.). Aproveito também para esclarecer que entrada formal, com formalidades, ou ritualística no caso do procedimento é a mesma coisa. Não vejo o porquê desse excesso de preciosismo, posto que isso, na minha modesta opinião, não alteraria em nada a essência do ato.

Na questão do ingresso do atrasado, tenho dito que oficialmente isso não está presente no ritual pela simples razão de que apontamentos oficiais nesse sentido lamentavelmente viriam institucionalizar o atraso. Melhor mesmo é abolir o atraso. Ou existe alguém que para massagear o seu ego gosta de chegar atrasado para receber a praxe das formalidades? Parece-me que atitudes nesse sentido não correspondem à realidade maçônica.

Prosseguindo: pior que chegar atrasado é realizar essa tal batucada (que alguns acham certo) na porta do Templo. Ora, compete a Loja verificar se o retardatário tem ou não direito de participar dos trabalhos. Para tal, em qualquer situação, antes que se saiba quem está batendo, o atrasado deve se anunciar como Maçom pela bateria universal que é a de Aprendiz. Para se fazer anunciar não se dão as baterias dos Graus subsequentes (aumento de bateria) por razões também óbvias. Esse costume, embora teimosamente ainda praticado, é completamente equivocado.

Já que o atrasado (que também pode ser um visitante atrasado) existe, hipoteticamente ele não deveria saber o Grau de trabalho da Oficina. Assim, se a oportunidade não for propícia para a verificação de quem bate (exemplo: no meio de uma discussão, de uma votação, na ritualística de abertura, leitura da ata, etc.), compete ao Cobridor Interno (já que nunca está presente o Externo), sem interferir nos trabalhos, informar o retardatário que aguarde, usando do artifício da mesma bateria universal, já que a porta do Templo não recebe nenhuma bateria profana, salve aquela prevista na cerimônia de Iniciação. É bem verdade que o atrasado também precisa saber disso.

Prosseguindo: no momento propício é feita então a comunicação pelo Cobridor à Loja na forma de costume, referindo-se à presença de Irmão no átrio. Assim, anunciado, verificado e autorizado o seu ingresso, o atrasado entrará formalmente na Loja.

Para tanto e sabido agora por ele do Grau de trabalho e que o acesso lhe será franqueado, ele fará a entrada formal (ritualística), dando primeiramente a Bateria do Grau de trabalho da Loja, oportunidade em que a porta lhe é aberta pelo Cobridor. Atendendo à formalidade, em deslocamento o Obreiro será conduzido pelo Mestre de Cerimônias. Assim o Obreiro atrasado ingressa, fecha-se a porta novamente e ele executa as formalidades de praxe conforme aprendido no primeiro Grau na respectiva primeira instrução inserida do Ritual de Aprendiz em vigência que ensina a entrada formal no Templo. Se o Grau for superior ao de Aprendiz, far-se-á adaptação para a sua prática de acordo com o que prevê o Grau de Companheiro ou de Mestre.

Assim, existem duas práticas distintas no caso: a primeira é a de identificar quem bate, enquanto que a segunda é o ingresso formal (ritualístico, ou com formalidade), ou a sequência da formalidade.

Para uma autoridade ou portador de título, já devidamente identificado (pela primeira prática – igual para todos), por segundo providenciam-se as formalidades ritualísticas previstas (comissão, abóbada, etc., porém sem marcha).

No intuito de auxiliar no esclarecimento e na ilustração, seguem os seguintes apontamentos:

Formal (do latim formale). Como Adjetivo de dois gêneros – relativo à forma; evidente, claro, manifesto, patente; o que é preciso, próprio, genuíno; o que não é espontâneo; que se atém às formulas estabelecidas; convencional.

Formalidade (derivado de formal, do latim formalis = relativo à forma, protocolar, cerimonioso). Substantivo feminino. Designa Maneira expressa de proceder; aquilo que é de, ou a praxe; rotina, uso, etiqueta. Maneira expressa de proceder. Também menciona o concurso de condições necessárias para a validade de um ato.

Forma (Do latim forma). Substantivo feminino. Dentre outros: uma configuração, um aspecto particular. Realização particular de um fato geral; maneira variável com que uma noção, uma ideia, um acontecimento, uma ação se apresenta; modo de ser; modalidade, variedade. Por extensão: Maneira, modo, jeito. Tipo determinado sob cujo modelo se faz alguma coisa.

Ritualístico (De ritualista + -ico.) Adjetivo relativo a, ou próprio de ritual, ritualismo ou ritualista. Designa o que se relaciona com o Ritual. Tomado como substantivo feminino, com a mesma etimologia, o termo “ritualística” não constando no idioma vernáculo, é um neologismo maçônico, que designa a ciência da exegese das práticas contidas nos Rituais (neologismo que por definição é uma inovação linguística, quer no campo vocabular, quer no sintático). Contudo o termo “ritualístico” é muito usado para mencionar aquilo que é referente ao Ritual, ao Rito ou ao Ritualista.

A Maçonaria possui formalidades ritualísticas (de entrada, de circulação, de tramitação da palavra, de recepção, etc.), que geralmente não podem ser eliminadas ou suprimidas ao ponto de ser uma sessão considerada ilegal, já que poderia no caso de formalidade elidida não reunir condições necessárias para a sua validade.

Espero ter esclarecido, ou justificado meu Respeitável Irmão, embora eu pense que em primeiro lugar toda essa perda de tempo poderia ser evitada se o Maçom não chegasse atrasado à Loja. 

Também é o caso para “algumas” autoridades que se julgam as estrelas da festa.

Por fim eu gostaria de deixar claro para alguns Irmãos, que não é o seu caso, porém para aqueles instigadores e inconformados com explicações plausíveis e providas de bom-senso, que sempre apelam para o “onde está escrito isso”. Bem, nesse caso eu retrucaria aos mesmos solicitando então que me fosse apontado onde estaria escrito que existe essa tal batucada na porta do Templo e a norma que qualificaria o atraso como prática autêntica e oficial.

Sempre ao seu dispor.

T.F.A. 
PEDRO JUK jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.560 Florianópolis (SC) – segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

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