SAUDAÇÃO NO RITUAL DE EMULAÇÃO
(republicação)
Em 01.08.2014 o Respeitável Irmão Dyjardan José Gomes de Carvalho, Loja Jacques DeMolay Nº 21, Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Norte, Ritual de Emulação, Oriente de Mossoró, Estado do Rio Grande do Norte, apresenta a questão seguinte: dyjardan@yahoo.com.br
Estimado Irmão sou leitor assíduo de sua coluna no JB News e sendo aprendo lendo suas respostas. Essa última do troco no tronco realmente foi de lascar. Peço que me informe, baseado em seus conhecimentos ritualísticos, como é a forma correta de se saudar os Irmãos em Loja após pedir a palavra no Ritual de Emulação. No REAA pede-se a palavra, faz-se o sinal, saúda o Venerável, 1º e 2º Vigilantes, autoridades, Mestres e demais Irmãos. No Ritual de Emulação, pedimos a palavra, damos o passo, fazemos o sinal e saudamos com quais palavras exatamente? Cumprimentar o Venerável Mestre e Vigilantes é no REAA. Fico no aguardo de sua luz.
Além de se tratarem de suas vertentes distintas de Maçonaria, o termo “saudação, ou cumprimento” é aplicado equivocadamente no procedimento.
Quando no Rito Escocês Antigo e Aceito (rito de vertente francesa) um Obreiro fizer o uso da palavra este se posicionará sempre à Ordem (corpo ereto, pés unidos pelos calcanhares em esquadria e compondo o Sinal do Grau) e, antes de usar propriamente a palavra, ele se dirige protocolarmente como costume do Rito, às Luzes da Loja, mencionando: “Venerável Mestre, Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, meus Irmãos”. Depois de cumprida essa praxe protocolar o obreiro faz então uso da palavra. Concluído o pronunciamento, ele desfaz o Sinal antes de tomar assento novamente.
Toda essa prática ritualística, imediatamente anterior ao uso da palavra, bem como após o seu término, não pode ser confundida com saudação, ou cumprimento, até porque nesse ato o protagonista se mantém estático na composição do Sinal, somente o desfazendo no final da sua manifestação. Já uma saudação maçônica ou cumprimento maçônico é feito pelo Sinal que se projeta em duas fases distintas. A primeira é aquela concernente à composição do Sinal Penal e a segunda é a que diz respeito à aplicação da pena simbólica para desfazer o Sinal Penal.
Assim e sob essa óptica, isso só se aplicaria se houvesse a hipótese de que a cada nome, ou cargo mencionado o protagonista individualmente compusesse e desfizesse o Sinal, entretanto se sabe que na oportunidade apontada não é isso o que acontece, já que nesse caso o usuário da palavra compõe e mantém o Sinal sem desfazê-lo enquanto menciona protocolarmente todos os cargos aludidos.
Obviamente que, depois de encerrado o pronunciamento e antes de tomar assento novamente, o protagonista primeiro desfaz o Sinal Penal pela aplicação simbólica da pena, já que também existe a regra de que ninguém extingue o Sinal diretamente sem antes desfazê-lo na forma de costume (pela aplicação pena simbólica).
Vale então a pena comentar que essa prática não é em hipótese alguma uma “saudação, ou cumprimento”. A saudação pelo Sinal é apenas aquela feita individualmente às Luzes da Loja imediatamente após a Marcha do Grau, ou às Luzes por ocasião de uma retirada definitiva do Templo, ou ainda ao Venerável Mestre em Loja aberta quando da entrada ou saída do Oriente.
Assim, embora ritualisticamente nessa vertente maçônica toda a saudação seja feita pelo Sinal Penal, esse mesmo procedimento também pode insinuar definitivamente que ela não seja uma saudação, até porque existe ainda outra regra quando um Obreiro fizer uso da palavra em Loja aberta - nessa oportunidade ele estará sempre à Ordem (salvo se o ritual em algumas ocasiões previr o contrário).
Agora no que tange ao Trabalho de Emulação, costume de vertente inglesa, o procedimento se difere, já que o Obreiro durante um levantamento ao fazer o uso da palavra primeiro dá o Passo Regular (ponto pedestal), forma com os pés a esquadria conforme o costume; compõe o Sinal Penal e o desfaz imediatamente pela pena simbólica. Ato seguido, sem a necessidade de manter os pés em esquadria, ele permanece em pé (com os pés paralelamente e levemente separados) e coloca geralmente as mãos cruzadas sobre o avental, ou mesmo para trás de modo respeitoso para em seguida usar a palavra.
Nessa vertente maçônica não existe regra para que o usuário antes de se pronunciar precise primeiro mencionar o cargo do Mestre da Loja (Venerável) e dos Vigilantes, etc., todavia consuetudinariamente a grande maioria dos Irmãos assim procede imediatamente após desfazer o Sinal e o Passo Regular, o que também é perfeitamente adequado. Encerrado o pronunciamento no respectivo levantamento, o usuário da palavra simplesmente toma o seu assento também sem repetir o Passo e o Sinal Penal.
Para aquele que não pratica e não conhece o Trabalho de Emulação (equivocadamente chamado de York inglês no Brasil), qualquer obreiro que desejar se manifestar nos respectivos levantamentos (três), primeiramente dará o nome e o assunto ao Secretário. Daí, na oportunidade de cada levantamento o Venerável autorizará, ou não o obreiro a falar conforme o rol informado pelo Secretário. Na prática inglesa não se repetem assuntos e nem mesmo executam-se debates aleatoriamente o que faz com que ninguém fique pedindo a palavra, ou mesmo o retorno da mesma (quando não para repetir a mesma coisa). Havendo necessidade de debates, os trabalhos ritualísticos são colocados em descanso. É o caso, por exemplo, do que acontece com as preleções sobre a Tábua de Delinear.
Assim, nesse costume (o inglês), também o ato do Passo Regular e do Sinal não significa definitivamente que eles sejam uma “saudação ou cumprimento”, senão um modo protocolar de se dirigir para alguém. No ritual de Emulação a aplicação ritualística dos Sinais estará sempre de acordo com que exara o costume haurido das práticas adquiridas na Loja de Improvement (melhoramento) - comum no Craft Inglês - particularmente nos Trabalhos de Emulação.
Assim, embora procedimentos entre essas duas vertentes maçônicas geralmente se diferenciem entre si, como regra geral poder-se-ia até dizer que nesse caso, em ambos os costumes, a regra é uma só - um obreiro compondo e desfazendo um Sinal Penal pode não significar taxativamente que se esteja saudando alguém. Do mesmo modo poder-se-ia também concluir que a menção protocolar de um nome ou cargo maçônico venha significar meramente uma saudação ou cumprimento maçônico.
Aliás, se bem compreendida a “Arte”, um Maçom não deveria nunca generalizar as metodologias ritualísticas e litúrgicas maçônicas, já que além das vertentes, costumes e particularidades geográfico-culturais, cada Rito ou Trabalho do Craft possui a sua própria característica e apostila racional – em Maçonaria nem sempre o que é seis para uns, pode não ser considerada como a mesma meia dúzia para outros.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.557 Florianópolis (SC) – sexta-feira, 19 de dezembro de 2014.
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