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sábado, 1 de junho de 2019

OFÍCIO DE COMPANHEIRO

OFÍCIO DE COMPANHEIRO
(republicação)

Em 11.09.2014 o Respeitável Irmão David José Anceschi, Secretário da Loja Fides et Labor, REAA, GOSP-GOB, Oriente de Sertãozinho, Estado de São Paulo, solicita esclarecimentos no que segue: arls.fidesetlabor@gmail.com 
Ofício do Companheiro: 

Em nossa última Sessão de Elevação foi levantada a seguinte dúvida sobre prática ritualística: o trabalho sobre a Pedra Cúbica deve ser realizado com Malho e Cinzel ou somente com o Malho? Gostaríamos de saber qual a correta forma de realização do trabalho no REAA-GOB e as explicações simbológicas/filosóficas. 

Considerações:
Obedecendo a pragmática do Grau – Juventude, Ação e Trabalho - no caso, a juventude dá o pré suposto simbólico de que acima da infância (Aprendiz) no aperfeiçoamento sequencial da vida, a juventude (Companheiro) significa evolução.

Nesse sentido mesmo o último trabalho do Aprendiz na Pedra Bruta é executado tendo como instrumentos ainda o Maço (inteligência) e o Cinzel (razão), já que o Grau inerente à intuição carece do Cinzel para dirigir as ações perpetradas pelo Maço.

Já no trabalho do Companheiro - de grau mais aperfeiçoado e servindo ao seu Mestre - no exercício do seu ofício ao assentar a Pedra Cúbica (elevar), nela ele golpeia apenas com o Maço já que a inteligência e o discernimento que são peculiares ao Segundo Grau farão com que desse controle aprimorado não resulte o esfacelamento da Pedra. 

Há que se notarem as duas situações na cerimônia de Elevação – o último trabalho do Aprendiz e o primeiro trabalho do Companheiro.

Obviamente que por se tratar da justaposição das pedras para o erguimento da construção, estas já haviam anteriormente passado pelo processo de terem sido judiciosamente desbastadas – da Pedra Bruta do Aprendiz à Pedra Cúbica do Companheiro (evolução).

Desde a colocação dos “perpianhos" nos cantos da obra o Companheiro de Ofício assentava-os de acordo com a exigência da Arte, neles dando suaves pancadas com o Maço no escopo de devidamente ajustá-los sem, contudo, ferir as suas quinas que serviam para o alinhamento, amarração e aprumada das esquinas.

Ilustrando, Colin Dyer in Symbolism in Craft Freemansonry, 1976, assim descreve quando se refere à Pedra Cúbica: “(...) a pedra cúbica já estava entre símbolos antigos inseridos nos escritos maçônicos, mesmo que no início ela era descrita como um “perpianho”, e era soletrada (o grifo é meu) de modo pouco usual. Um “perpianho”, termo utilizado em construções de alvenaria, é o mesmo que um bloco de pedra aparelhada, colocado de parede a parede, servindo de pedra de amarração (...)”. 

Seguindo o texto, mais adiante o autor ainda no mesmo tema descreve: “Ademais, se os blocos de pedras usados nas construções tinham, em geral formato cúbico, então aquela Pedra (o Perpianho) possuía a aparência de um duplo cubo (...)”. 

Assim o Companheiro na Moderna Maçonaria no desempenho especulativo do seu Ofício, bate simbolicamente na Pedra Cúbica apenas com o Maço, enquanto que o Aprendiz, por se tratar de “desbastar” a Pedra ainda Bruta emprega o Maço e o Cinzel. 

O Aprendiz desbasta e o Companheiro assenta. 

Na prática isso significa ação e trabalho aprimorado. Trabalho consistente e sem o toque de trombetas para anuncia-lo. Quanto mais instruído Homem, mais discreto ele será nas suas ações. Afinal, o Templo, segundo a lenda, fora construído sem que dele emergissem quaisquer ruídos de machados e martelos. Mede-se a carga da carroça pela barafunda que ela produz – quanto mais vazia esteja ela, mais estrepitosa ela será. 

T.F.A. 
PEDRO JUK -vjukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.587 - Florianópolis (SC) – domingo, 1º de fevereiro de 2015

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