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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

COM 800 ANOS DE IDADE

COM 800 ANOS DE IDADE
Por Alonso de Contreras

Com 800 anos de idade, maçonaria enfrenta o século XXI 

Oitocentos anos depois que os construtores das catedrais criassem a primeira organização livre, seus sucessores, os franco-maçons, analisam a partir de hoje, quarta-feira, em reunião mundial no Chile o papel da maçonaria no século XXI.

A VII Reunião Mundial de Grandes Lojas maçônicas começa hoje em Santiago de Chile com uma reunião a portas fechadas à qual seguirá, na quinta-feira, a inauguração pública por parte do presidente da República, Ricardo Lagos.

A reunião, de quatro dias, conta com a assistência de Grandes Mestres ou seus representantes de mais de 80 Grandes Lojas maçônicas nacionais de todo o mundo, e segue à VI reunião celebrada em Nova Délhi no ano 2002.

O tema central da assembléia, presidida pelo Grande Mestre da Grande Loja do Chile, Jorge Carvajal, e o Secretário da Conferência Mundial, o americano Thomas W. Jackson, é "O universalismo maçônico e a sociedade mundial no começo do século XXI".

Sob esta epígrafe, os maçons discutirão assuntos internos e externos da ordem, buscando "o resgate dos valores éticos superiores e a recuperação de um modelo ideal de homem", segundo disse à EFE Jorge Carvajal.

A instituição, que carece de um órgão reitor em nível mundial -"nós não temos um Vaticano", segundo Carvajal- não fará públicos os resultados da reunião, embora provavelmente emita uma "declaração de Santiago" destacando os ideais gerais da maçonaria.

O Grande Mestre da Grade Loja do Chile, antes da reunião, destacou o universalismo da ordem em dois sentidos: que está estendida geograficamente por todo o mundo e que acolhe membros de qualquer tendência política, pensamento e religião, sob o princípio reitor da tolerância.

A maçonaria atual, a especulativa, sucessora da operacionalidade da organização livre dos pedreiros do século XIII, se define como "uma aliança universal de homens ilustrados, unidos para trabalhar em comum no aperfeiçoamento intelectual e moral da humanidade".

Qualificada como uma organização secreta, a maçonaria se denomina a si mesma como "discreta", e defende seu direito a não fazer públicos os ritos e símbolos que utiliza para a formação inicial de seus membros.

A maçonaria sofreu períodos de perseguição "naqueles países ou ditaduras onde se considerava que o livre pensamento era perigoso", segundo Carvajal, mas atualmente sua atividade é lícita em todos os países democráticos e inclusive conta, como é o caso do Chile, entre os organismos consultores do Estado.

Entre as questões externas que a reunião tratará se mencionaram o terrorismo e a desigualdade social, fenômenos que a maçonaria considera "os antípodas" de seus princípios de igualdade, liberdade e fraternidade.

Esta reunião, que segue a outras semelhantes que se realizam cada 18 meses no México (1995), Portugal, EUA, Brasil, Espanha e Índia, recupera a pratica da Associação Maçônica Mundial, suspendida por culpa da II Guerra Mundial.

O conflito bélico obrigou a muitas grandes lojas maçônicas fechar suas portas e inclusive a exilar-se, como foi o caso da loja Maçônica de Hamburgo no Chile ou, anteriormente, a espanhola no México, lembrou Carvajal.

O beneplácito com o qual Chile acolhe a reunião e o fato de que a inaugure publicamente o presidente Ricardo Lagos mostra "nosso respeito pela liberdade de expressão e associação", disse o ministro porta-voz do governo chileno, Francisco Vidal.

A ordem, que proíbe a seus membros fazer públicos os nomes do resto "dos irmãos" até o dia de sua morte, homenageará no Chile ao libertador Bernardo O'Higgin's.

O ex-presidente Salvador Allende, morto durante o ataque ao palácio de La Moneda no golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, também pertencia a maçonaria.

Grandes Metres presentes à reunião sublinharam à EFE que a ordem é reconhecida por seus aportes à conquista dos direitos civis e às liberdades públicas no mundo todo.

Sublinharam também que a maçonaria não é uma religião, nem uma seita nem um partido político: "A maçonaria não é política, embora há maçons intrometidos na política como em qualquer outra atividade profissional".

Nesta assembléia se decidirá a sede da VIII Reunião de Grandes Lojas maçônicas, dentro de 18 meses. 

05/05/2004 - 17h20 Uol Últimas Notícias - Santiago do Chile

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