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terça-feira, 3 de setembro de 2019

A CORDA DE 81 NÓS E A ORLA DENTEADA

Em 07/06/2019 o Respeitável Irmão José Luiz Gnoato, Loja Fraternidade Paraguaçu, 1.303, REAA, GOB-SP, Oriente de Paraguaçu Paulistas, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão:

CORDA DE 81 NÓS E ORLA DENTEADA

Pode me passar alguma informação sobre o Ornamento da Loja, Corda de 81 Nós? Sei que 81 é múltiplo de 9, mas tem alguma outra razão o número 81?

Tenho um livro, com título "Maçonaria 100 Instruções para Aprendiz" de Raymundo Della Junior. Este autor diz que corda de nós e borla dentada são a mesma coisa, o que não faz sentido para mim.

CONSIDERAÇÕES:

Sob o aspecto histórico, a origem da corda na Moderna Maçonaria advém da época da Maçonaria de Ofício. À época dos canteiros medievais o terreno que acomodava uma obra – de uma catedral, por exemplo – era cercado por paliçadas e nela o limite do canteiro se dava por uma corda que demarcava as fronteiras. Muitas vezes, algumas construtoras medievais utilizavam uma grossa corrente no lugar da corda. 

Em linhas gerais, a corda ia presa às paliçadas por argolas de ferro. Na entrada do canteiro dois postes mais altos indicavam o seu lugar de acesso. Junto aos postes maiores da entrada ficavam os abrigos dos Wardens (zeladores) que mais tarde na Maçonaria seriam conhecidos como Vigilantes. 

Em síntese, a corda demarcava (protegia) os limites do canteiro de obras – o que hoje se faz com tapumes apropriados.

Especulativamente a Corda entrou como símbolo em alguns ritos que a trazem presa ao alto e junto as paredes da Sala da Loja. Contornando o recinto ela se interrompe junto às laterais da porta. Caídas verticalmente, as extremidades são decoradas em borlas. 
Assim, a Moderna Maçonaria, herdeira dos construtores medievais, traz em alguns dos seus ritos esse simbolismo contornando o espaço de trabalho, o que não é de se estranhar já que a Loja é uma representação especulativa dos canteiros de outrora.
Quanto a quantidade de “nós” e o seu simbolismo os mesmos se adequam à doutrina do rito que admite esse símbolo. Particularmente a quantidade de 81 está intimamente relacionada à filosofia dos números, sobretudo pelo produto da unidade ternária, aspecto comum na alegoria das construções especulativas. 

Sob a aparência alegórica e esotérica ela, por contornar o espaço onde se reúnem os maçons, traz a conotação de força, união e harmonia. Também individualmente a sua composição de inúmeros fios de sisal unidos uns aos outros lhe dão a característica de resistência.

A despeito da sua presença e seu simbolismo nas Lojas Maçônicas, a Corda de Oitenta e Um Nós esotericamente representa a união fraternal e espiritual que deve existir no universo maçônico. Ela representa a comunhão de ideias em prol de um bem comum. A abertura da Corda pelas laterais da porta do Templo e decoradas em duas borlas, demonstra que a Ordem Maçônica é progressista, estando, portanto, sempre aberta à ciência e as artes, assim como a novas ideias que possam contribuir com a evolução do homem e com o progresso racional da humanidade.

No que diz respeito à Orla Dentada, ou Denteada, essa representação simbólica tem o caráter de contornar a Loja, sobretudo nos ritos e trabalhos que utilizam também tapetes. De certa forma a Orla denota a união dos trabalhadores no canteiro especulativo (contornando o piso). 

Esse símbolo também se apresenta nos Painéis dos Graus e geralmente aparece contornando o conjunto simbólico que compõe o quadro. Como os símbolos do Painel constituem a alegoria da Loja, a Orla Denteada, como uma moldura, assume a aparência de atrair a atenção para os conhecimentos que se apresenta no interior do Quadro, Painel ou Tábua de Delinear. 

É sob essa concepção que a Orla Denteada, segundo as Lições Prestonianas, denota ser a alegoria do princípio de atração universal. Seus múltiplos dentes representam os astros que gravitam em torno do Sol; representam os povos reunidos em torno um chefe; os filhos reunidos em torno dos pais; enfim, os maçons reunidos no seio da Loja, cujos ensinamentos e a moral aprendem para espalhá-los pelos pelos quatro cantos do Mundo.

Em síntese, a Orla emoldurando o Painel e a Corda que contorna a Loja assumem uma característica praticamente igual, ou seja, a de condensar, juntar, unir e envolver. Nesse particular, a Orla contorna o piso e o Painel, enquanto que a Corda, contorna o espaço do recinto. Em síntese, a Corda protege o sítio de trabalho, enquanto que a Orla atrai e concentra veladamente os símbolos e alegorias.
Assim, alguns autores mencionam igualdade entre esses dois símbolos, entretanto, sutilmente há entre eles diferença, pois um deles, o da Corda, demonstra o trabalho e o aperfeiçoamento da senda iniciática, tão bem representada no recinto de trabalho que é consagrado ao aperfeiçoamento, enquanto que a Orla, mais apropriadamente, é a apostila; é o conjunto enigmático que demonstra o objetivo da Obra.

Concluindo, a Corda, em que pese seu caráter especulativo, sem dúvida é um símbolo haurido da Maçonaria Operativa, enquanto que a Orla (Borla) Dentada (Denteada, Marchetada) é incontestavelmente um símbolo que só apareceu com o advento da Moderna Maçonaria. De tudo, ambos, se bem compreendidos na Arte, são peças imprescindíveis na composição da alegoria maçônica.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br - 02/09/2019

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