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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

DISSECANDO A 4ª INSTR∴ DO APRENDIZ

DISSECANDO A 4ª INSTR∴ DO APRENDIZ
Ir∴ Valdemar Sansão
Entrar para a Maçonaria, simplesmente, em nada melhora uma pessoa, a menos que permitamos que a Maçonaria nos sirva de guia.
Iguais, livres e fraternos - As pessoas compõem a loja, não são a loja. Esta está no seu coração. Um Maçom jamais será feliz se procurar nos outros a perfeição da Maçonaria. Ela está no seu peito, nos seus sentimentos. Todo trabalho para ser realmente eficiente precisa ter um objetivo sadio: o serviço da ajuda ao irmão. Muito mais que o saber arrogante, temos que ter a paciência e tolerância humilde. O saber não está em quantos livros conseguimos ler, tampouco quão belos discursos possamos fazer ou ainda o quanto somos “autoridades” ou quantos enfeites têm nosso avental. O saber mais importante é o quanto sabemos dividir o pouco que sabemos, o quanto conseguimos a cada passo, a cada instante sermos iguais, livres e fraternos.

Reconhecimento litúrgico - O reconhecimento entre maçons abrange os maçons da Loja visitada e o maçom “estranho”, visitante. Dentro da Loja, o reconhecimento é feito por meio de “toques” e “palavras”, essas sussurradas ao ouvido.

Há um reconhecimento denominado trolhamento, que consiste em submeter aquele que se intitula maçom a uma série de questionamentos; o trolhamento é feito pelo Cobridor, ou seja, o maçom que permanece na sala dos Passos Perdidos enquanto a Loja funciona.

Os meios de reconhecimento constituem a “parte sigilosa” do ritual, e o maçom não a pode revelar. Esses “segredos”, em si, nada significariam, mas, uma vez divulgados, transformariam a Maçonaria em uma instituição vulgar.

O maçom deve ser cioso na preservação desses sigilos e quando cumprimenta um irmão, no mundo profano, deve assegurar-se que ninguém o está observando. A vulgarização dos rituais é nociva porque quem não os entende é tomado pelo desejo de criticá-los. O maçom não só deve preservar a Ordem como zelar para que os seus irmãos também a preservem.

Toques – Sinal manual Maçônico de reconhecimento, que, além de ser mais discreto e mais seguro, pode determinar o Grau possuído por um Maçom. É sempre acompanhado de palavras de passe, sagradas e de reconhecimento. Cada Grau tem o seu próprio Toque e alguns até possuem vários. O Toque geral e universal é o do Aprendiz, pelo qual é iniciado seu reconhecimento.

Palavra Sagrada de Aprendiz – A que é peculiar a cada Grau; é necessário dá-la acompanhada do Toque para poder participar dos trabalhos desse Grau. É uma exigência do R∴E∴A∴A∴ e não existem nos demais Ritos mais praticados, como o York, o Adoniramita, o Schroeder e o Moderno (existe apenas, com algumas modificações no Rito Brasileiro, que é bastante influenciado pelo Escocês).

A Palavra Sagrada que é peculiar a cada grau; é necessário dá-la acompanhada do toque, para poder participar dos trabalhos desse grau. Esta palavra é indispensável tanto quanto a de passe, pois não pode penetrar no Templo quem não satisfaça plenamente o interrogatório formulado pelo irmão Experto ou Cobridor, e não dê, com os sinais e toques, as Palavras de Passe e Sagradas inerentes a cada grau.

MM∴II∴C∴T∴M∴RR∴ – Esta frase provavelmente será a mais ouvida e citada dentro da Loja, e talvez também fora dela, como forma de identificação dos maçons. Não significa, no entanto, que o conhecimento dos STP nos façam reconhecidos como tal. Muito mais é necessário para que isso ocorra; deve-se, em primeiro lugar, admitir a existência de um ser superior que nos observa, analisa e muitas vezes, sem percebermos, silenciosa e discretamente, nos ajuda e nos orienta. Porém, só quando nos encontrarmos revestido de todas essas virtudes é que poderemos ser chamados de maçons e dizer com orgulho, MM∴II∴C∴T∴M∴RR∴.

Passos – Além dos Sinais, Toques e Palavras, cada Grau possui outro meio de reconhecimento e comprovação, através dos passos misteriosos, chamados sinais pedestres. Consiste, segundo os Graus, em avançar com determinado número de passos em determinada direção. 

Em Maçonaria, os passos simbolizam respeito e veneração para o altar, do qual emana a luz maçônica, quando os trabalhos estão abertos. Os passos de cada grau têm uma significação particular. Os do Aprendiz, por exemplo, significam que o Maçom deve caminhar de maneira reta pela senda da vida e da perfeição, partindo do Ocidente, lugar das trevas, e avançando para o Oriente, foco do qual sai a Luz.

As duas Colunas – O simbolismo maçônico inspira-se, sobretudo nas duas Colunas: Jakin (por vezes escrita Jachin) e Booz (ou Boaz), que ornavam a entrada do Templo de Salomão. A lenda segundo a qual as colunas eram ocas, a fim de servirem para abrigar os arquivos da Maçonaria, e as discussões sobre os Globos, um Celeste, o outro Terrestre, encimando os capitéis. É lícito estudar esses globos em seu simbolismo, mas com a condição de não pretender fazer história, pelo menos porque os personagens da Bíblia ignoravam a esfericidade da Terra e o seu mapa do céu não era certamente o da astronomia atual.

Romãs - Encimando as colunas, veem-se em cada uma delas três Romãs, sendo uma entreaberta para que apareçam as sementes. A Romã, fruto originário do Oriente, simboliza a união dos maçons representados pelas suas sementes unidas em bloco. 

A substância afrodisíaca não atua simplesmente no sexo, mas sim em todo o sistema nervoso, dando energia muscular e celeridade mental.

Não se exige que o maçom usufrua em sua alimentação da Romã e muito menos que sorva o vinho produzido de seus frutos, aliás, em desuso entre nós; apenas em Jerusalém ainda é fabricado, mais por tradição que por costume.

Contemplando-se as Romãs, são evocados os feitos de Salomão, que tem estreito relacionamento com a Maçonaria, pelo menos quanto à construção do templo. Nada existe em uma Loja que não tenha raízes em fatos passados. O maçom tem obrigação de conhecer esses fatos.

Loja Regular, Justa Perfeita – Uma Loja tem que ser obrigatoriamente, Regular, Justa e Perfeita. É Regular quando possui a Carta Constitutiva; Justa se estiver em presença do Livro da Lei, do Esquadro e do Compasso em relação maçônica é Perfeita quando estiverem presentes no mínimo sete Irmãos, dos quais pelo menos três Mestres e que todos estejam revestidos de suas insígnias e a coberto. 

Venda - O Ritual prescreve em todos os Ritos maçônicos que se coloque uma venda sobre os olhos do Candidato a ser iniciado antes que este seja introduzido na Loja, convenientemente preparado para solicitar humildemente ser admitido nos mistérios e privilégios da Maçonaria. Simboliza à cegueira do profano, antes de ver a luz. O Candidato é um cego, caminhando nas trevas, e pode se orientar somente graças ao apoio de um braço simbólico, que o segura com força. Esta venda é uma continuação da escuridão da Câmara de Reflexões e uma cegueira voluntária, um afastamento das influências do mundo exterior e da luz ilusória dos sentidos corporais, que não permite que se tenha uma percepção espiritual da verdade. A Venda significa, também a ignorância do mundo maçônico em que o Candidato passará a viver. Esta venda só lhe é tirada quando recebe a luz. Ter, então, retirado a Venda material que prende a alma e não mais precisará de guia em seu caminho. Foi para isso que aqui bateu, pedindo para ver a Luz. 

Concluindo - Temos um grande zelo na melhora do semelhante, acreditamo-nos grandes aconselhadores, mas não fazemos como ensinamos aos outros. Pedimos a palavra com ares de catequizadores, dando receitas que não aplicamos em nós. Cheios de soberba, porque conhecemos umas ferramentas a mais, citamos frases de efeito e bibliografia, para, no final, receber os incensos que fazem bem ao nosso ego, pondo-nos a imaginar que somos especiais, e que vivemos em elevados patamares, se comparados aos comuns dos homens. Pobre de nós que nos conhecemos tão mal. A quem enganamos? 

PS – Segredos – “Os segredos da Maçonaria repousam, sobretudo, na sua simbologia. Usando esse sistema, só os que são iniciados chegarão ao pleno conhecimento daquilo que ela, realmente, procura transmitir. Os nãos iniciados podem ler e reler obras maçônicas que nunca irão, por mais cultos que sejam, apossar-se dos segredos da Arte Real. O profano não chegará jamais a captar o sentido real e verdadeiro daquilo que é essencial, o básico, em nossos mistérios”. (Raimundo Rodrigues – A Filosofia da Maçonaria Simbólica – Editora A Trolha).

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