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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

SISTEMA DE ORIENTAÇÃO RITUALÍSTICA - REAA

Através do News GOB Net um Respeitável Irmão de Loja do REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, apresentou as questões que seguem.

SISTEMA DE ORIENTAÇÃO RITUALÍSTICA – REAA - GOB

Seguem questões sobre as orientações ritualísticas do Rito Escocês Antigo e Aceito, para que possam ser sanadas duvidas que já existiam antes e outras depois da edição das orientações ritualísticas.

CONSIDERAÇÕES:

Cabe antes mencionar que as orientações que fazem parte do Sistema de Orientação Ritualística colocados no site do GOB na plataforma do GOB RITUALÍSTICA não se tratam de um Manual, porém orientações, adequações e correções sobre os rituais em vigência no Grande Oriente do Brasil.

Vão a seguir os questionamentos acompanhados dos comentários do Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB.

1º Questionamento – Nos Itens 2, 9, 32 e outros que retornam a mesma orientação, fala que devemos trocar de altar dos Vigilantes que consta no ritual para mesas, só que gostaria de uma fundamentação do Irmão para esta troca, visto que os Vigilantes não estão no mesmo plano dos demais irmãos, o 2º Vigilante está um degrau acima do piso da Loja e o 1º Vigilante está a dois degraus acima. Como segue a definição de altar: Altar, do latim altare ou ara (latim clássico), plataforma alta semelhante a uma mesa constituída por uma rocha, elevação ou outra estrutura que possibilite ao sacerdote, líder ou mentor espiritual, sacrificar à divindade, ou divindades, em um templo religioso ou local sagrado. Como na definição fala em plataforma alta, os Vigilantes estão em plataformas altas dentro da hierarquia, um degrau, dois degraus e três degraus o Venerável Mestre. Até porque o profano é levado aos Vigilantes durante as suas provas de sacrifícios mesmos que simbólicos. Eu na minha humilde opinião acho que não devemos mexer nas trocas de altar por mesa, mas qual a melhor explicação dentro da orientação? 

COMENTÁRIO:
Em que pese o termo Altar possa até parecer no Ritual para os Vigilantes, em outras, no mesmo ritual, aparecem “mesas” para os Vigilantes – vide já na Disposição e Decoração do Templo no Ritual de Aprendiz, assim como em outros explicativos que se apresentam nos três rituais.

Os degraus destacam os Vigilantes no Ocidente (hierarquicamente), todavia esses desníveis em relação ao piso ocidental não transformam as mesas dos Vigilantes em Altares. Em síntese, não é porque eles se encontram sobre estrados de um ou dois degraus que eles se caracterizam por altares.

Plataforma, segundo a definição acima é o próprio altar e não os degraus que elevam as mesas dos Vigilantes. Primitivamente um altar era um bloco de pedra onde se proferiam os sacrifícios – ao que parece não é o caso dos Vigilantes, até porque como ancestrais dos “wardens” eles eram os auxiliares imediatos do Mestre da Obra e não sacerdotes religiosos.

Como bem define o termo, o Altar é uma mesa para compromissos, consagração e sacrifícios, o que não ocorre sobre as mesas dos Vigilantes. Altar é aquele ocupado pelo Venerável Mestre pois nele genuinamente o Iniciado prestava o seu juramento (compromisso). Com isso, mais tarde, criou-se uma extensão desse Altar ficando logo à frente dele para a realização dos Juramentos (daí surge o Altar dos Juramentos). Com base nessa tradição é que a mesa ocupada pelo Venerável Mestre ainda possui a conotação de Altar, enquanto que os Vigilantes não processam nenhum ato nesse sentido. As portas simbólicas que o candidato bate não são elementos de sacrifício, mesmo que ligados às provas pelos elementos. As portas do Ocidente, Meio-Dia e Oriente representam o caminho do Sol (vide as janelas no Painel). Toda essa alegoria não representa nenhum sacrifício do Candidato, mas busca pela Luz.

Ambiente sagrado em Maçonaria significa consagrado aos trabalhos maçônicos. A sagração é dar dignidade ao ambiente e nada tem a ver com religião ou crenças individualizadas. 

O espaço de trabalho maçônico não é um templo religioso para possuir altares. Apenas o ocupado pelo Venerável que traz na sua tradição o antigo lugar dos compromissos. Embora a orientação do espaço tenha a influência da igreja (por razões históricas dos nossos ancestrais), a disposição do Templo Maçônico somente viria aparecer nos meados do século XVIII na Inglaterra e, afora a sua orientação influenciada pela Igreja, a disposição e topografia do mobiliário é baseada no parlamento inglês, o que não é de se estranhar já que a Moderna Maçonaria viera nascer na Inglaterra no primeiro quartel do século XVIII.

Por mais esforço que se faça, não há como manter o anacronismo de se achar que as mesas ocupadas pelos Vigilantes são altares à moda religiosa.

Em que pese o candidato ser levado ao 1º Vigilante para uma oração em seu favor, o fato não nos autoriza a chamar aquele lugar à noroeste da sala da Loja onde fica o Primeiro Vigilante como Altar. Essa tradição vem, por influência da igreja, desde a época das Guildas de Construtores do século X, quando o admitido no ofício era recebido pelo Segundo Vigilante que lhe passava as primeiras instruções e posteriormente levava o admitido ao Primeiro Vigilante que lhe proferia uma oração. Isso também era feito pelo Mestre da Loja. É bom lembrar que isso acontecia nos canteiros das construções medievais e nem existiam templos maçônicos nessa época – a questão era operativa. Reitero, nada disso nos conduz a chamar a mesa do Vigilante de altar.

2º Questionamento – No item 67, fala na justificativa que o Mestre de Cerimônias apoia a base do bastão no chão no encerramento e na abertura não se menciona nada. A Dúvida qual o posicionamento correto, apoia no solo ou não e o motivo explicativo para que seja apoiado? E outro questionamento quanto qual a mão de condução do bastão, direita ou esquerda ou é indiferente? 

COMENTÁRIOS:
Nada existe de iniciático nisso. Apoia-se o bastão no chão simplesmente por ficar mais confortável quando se está em pé e parado. Em deslocamento, para não o arrastar no chão, obviamente que o titular o mantém com a base distanciada do chão durante o percurso.

Reitero. O bastão é um simples elemento que distingue o Oficial. Parado, fica com ele apoiado no chão. É bom que se diga que o bastão quando não está em uso fica descansando num dispositivo que fica no chão. Portanto, cai por terra qualquer ilação de que o bastão não pode ficar descansando sobre o solo. Ideias nesse sentido não se coadunam com uma Instituição que combate a superstição. 

Nada existe de especial que proíba o titular a apoiar o bastão no chão quando estiver dele munido e parado. A Maçonaria não é lugar para crendices particulares.

O Mestre de Cerimônias sempre conduz o bastão com a sua mão direita. Isso é consuetudinário no seu ofício. A exceção é quando ele bate na porta para a entrada do préstito. Nessa ocasião ele passa momentaneamente o bastão para a mão esquerda para bater maçonicamente na porta. Em seguida volta a o empunhar com a mão direita.

Ao término das orientações para os três rituais, haverá um rol de procedimentos mais detalhados sobre a postura e condução com instrumentos de trabalho – bastão, espada, bolsas, malhetes.

3º Questionamento – No item 68, concordo que o 1º Vigilante deva dar o golpe de malhete para ficar firmado o fechamento da Loja. E vem um questionamento o Venerável Mestre e os Vigilantes devem fazer o sinal de ordem ou sempre empunhar os malhetes? 

COMENTÁRIOS:
Venerável e Vigilantes fazem o Sinal de Ordem com a mão (mãos se for o caso). Assim, deixam seus malhetes, salvo as exceções previstas no Ritual.

É equivocado o costume de se achar que as Luzes quando à Ordem empunham malhetes. Essa é uma ideia ultrapassada e não faz sentido nenhum. 

4º Questionamento – É Obrigatória a saída do Pavilhão Nacional depois da sua Saudação nas Sessões Magnas. Mas ao final da saudação, já que muitas sessões ela é feita com a presença de profanos, podemos deixá-la no Templo? ou não devemos fazê-la com profanos no templo? 

COMENTÁRIOS:
Nada tem a ver com não iniciados no Templo. Nas Sessões Magnas (com ou sem a presença de não iniciados) existe o cerimonial para o ingresso e retirada do Pavilhão Nacional – vide Decreto 1476/2016. Assim se o Decreto prevê a sua retirada, a Bandeira é saudada e retirada do recinto conforme as regras previstas no citado Decreto. Obviamente que na presença de não iniciados ficam abolidos os Sinais.

Não há ingresso e retirada do Pavilhão nas Sessões Ordinárias, destacando-se que nelas a Bandeira já estará hasteada dentro do Templo. Nessas sessões não há retirada formal do Pavilhão.

5º Questionamento - No Item 167, fala em tirar o punhal, por não ser um utensílio do REAA, só que a joia dos Expertos é o punhal. Como Explicar essa divergência de ser ou não um instrumento do REAA? 

COMENTÁRIOS:
A joia distintiva do Experto é um punhal para se diferenciar da espada como joia distintiva do Porta-Espada no REAA.

Em lugar nenhum do ritual você verá a utilização do punhal na liturgia. Essa arma é utilizada no Craft, onde nem o Experto existe. No Rito de York (Craft) é utilizado um punhal quando o candidato pede ingresso. No REAA, em duas oportunidades, o candidato tem apontada e apoiada na sua região cordial uma espada. Na primeira, é a própria arma do Cobridor; na segunda o Experto faz pousar no peito do candidato uma espada. Nenhuma das ocasiões se faz uso do punhal no REAA.

Divergência, pelo que eu entendo há no ritual quando manda o Cobridor e o Experto pousar no peito do candidato uma espada e depois displicentemente menciona “ou punhal”. Ora, como “ou punhal” se no ato litúrgico esse objeto não é nem mencionado – vide no ingresso do Candidato e na pergunta do Venerável se ele vê ou sente alguma coisa.

Entendo também que a pergunta nem procede pois é mais do que conhecido que os Expertos no REAA, quando necessário usam espadas, não punhais.

6º Questionamento – no Item 172, fala em trocar “inventa” por “cria”, entendo como sinônimas, por isso na minha humilde opinião não devemos alterar. Sinônimos de Inventa é sinônimo de: cria, compõe, concebe, imagina, fantasia, mente, urde, forja, maquina, alega, pretexta.

COMENTÁRIO:
Em filosofia iniciática o verbo “criar” é mais condizente com o substantivo “Criador”. Como um rito deísta que tem forte apelo deísta na sua doutrina iniciática, a “Sabedoria” é o próprio “Criador”. Muito mais apropriado é que o GADU, O Criador de tudo que existe, existiu e existirá, “crie” e não invente e nem fantasie, etc. O Irmão precisa entender que o dicionário abrange o vocábulo de modo amplo, todavia há situações que as definições precisam se ajustar ao contexto. 

7º Questionamento – Quando vamos falar em Loja devemos fazer a saudação as Luzes e depois intitular todas os portadores de cargos, ou simplesmente usarmos a expressão demais irmãos dar celeridade na sessão?

COMENTÁRIOS:
Quem usa a palavra não saúda ninguém, porém cumpre a maneira protocolar de se dirigir à Loja ou assembleia de maçons. Assim, deve ficar à Ordem e se dirige por primeiro às Luzes da Loja (os que detêm o malhete), em seguida autoridades e demais Irmãos presentes. É anacrônico e improdutivo que nesse momento o usuário da palavra fique mencionando cada autoridade e outros presentes. Basta que ele mencione as Luzes e, de modo genérico “autoridades presentes”, por fim, “meus Irmãos”.

Mencionar autoridades e cargos individualmente não é proibido, porém não é de boa geometria. 

O usuário da palavra também pode, após se dirigir às Luzes, eleger uma das autoridades para em nome dela saudar os demais (é muito mais prático e elegante).

Se dirigir a alguém estando à ordem não significa saudação. Conforme especifica o Ritual, saudações em Loja aberta somente são feitas ao Venerável Mestre quando da entrada e saída do Oriente, ou às Luzes da Loja quando da entrada formal, ou ainda em retirada definitiva do Templo.

T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística.
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br - 29/10/2019

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