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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

EXORTAÇÃO AO APRENDIZ

EXORTAÇÃO AO APRENDIZ
Ir∴ Antonio Carlos de Souza Godoi 

Apesar de não ser mais uma sociedade “secreta” (no sentido mais estrito do termo) e sim “discreta”, visto que hoje o mundo profano conhece muito mais do que deveria sobre a Maçonaria do que no passado, a Sublime Instituição ainda se reveste de uma aura de mistério que excita a imaginação de muitos profanos, como costuma acontecer com praticamente tudo o que é solene, misterioso, esotérico ou cabalístico e vários acabam ingressando na Arte Real, atraídos que são por aquela aura, sem se darem conta da profundidade e enormidade do compromisso que assumem e vindo, posteriormente, se decepcionarem com o que encontram, muitas vezes fruto do paradoxo que toda sociedade humana encontra: a discrepância entre a teoria e a prática.

Ser Maçom não é apenas frequentar um Templo e participar da Loja, trocar sinais, palavras ou toques, nem visitar outras Lojas regulares, quer em Sessões Econômicas ou Magnas embora tudo isso faça parte de nossa vida na Ordem. Ser Maçom significa estar comprometido com a busca incessante e árdua da Verdade, da Chave da Sabedoria Divina; significa, sobretudo, pagar diuturnamente o alto preço exigido pela Liberdade: a eterna vigilância. 

Ser Maçom significa tornar-se um Educador da Humanidade e isso implica na capacidade de influenciar os comportamentos de seus semelhantes e orientá-los. Nossa Missão é fazê-lo na direção do Bem o que implica, por sua vez, em enorme e precisa responsabilidade para com a Verdade e o Bem Comum da sociedade humana. Educar não é, como muitos equivocadamente entendem, proporcionar mais cultura ou conhecimento. A palavra vem do latim “Educere” e significa literalmente revelar o que está oculto ou latente dentro de uma pessoa, isto é, potencializar toda a energia que ela tem dentro de sí e que ela própria desconhece. 

Os ideais maçônicos, caro Irmão Aprendiz, são justos e perfeitos porque se alicerçam na vontade do Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, em Quem tudo é Justiça e Perfeição infinitas. Todavia, nem sempre encontrará em todos os Irmãos, indistintamente, o reflexo dessas virtudes transcendentais ou mesmo sua prática concreta, pois para que os propósitos da Maçonaria Universal sejam atingidos na sua plenitude é preciso que haja uma perfeita simbiose entre a Sublime Instituição e aqueles que a compõem. 

É neste ponto que, muitas vezes, deparamos com uma decepção. Por isso, não podemos ver no conteúdo – que somos todos nós – uma imperfeição do continente – que é a Maçonaria. Somos todos pedras imperfeitas, ainda que nos esforcemos em sua lapidação e dependemos uns dos outros para a harmonia da Grande Construção. Lembre-se, então, aqui, que é muito fácil criticar a aspereza das arestas de uma pedra, caro Irmão; o difícil é empunhar com Amor o Maço e o Cinzel e apará-las. 

Pelo juramento que prestou sobre o Livro da Lei Moral, hoje já sabe que cada Obreiro é pago e responde apenas pelo seu trabalho, perante o Supremo Juiz dos Mundos, mas que não galgará, também, os íngremes degraus da Escada de Jacó se intentar cumprir a missão sozinho. És nosso Irmão, somos teus Irmãos e para sempre. Sua missão também é nossa. 

Atente para as palavras de nossa trilogia: LIBERDADE-IGUALDADE-FRATERNIDADE. Lembre-se que livres e iguais somos todos, antes mesmo que o proclamasse a Declaração Universal dos Direitos do Homem, pois assim nos criou Deus, o Grande Arquiteto do Universo a quem reverenciamos em nossos Templos como o Princípio Criador. Todavia, a prática da Fraternidade só florescerá em seu coração se assim o desejar e permitir, ainda que ali esteja em semente, exatamente porque é livre para fazê-lo. 

Por último, pois dizer-lhe mais agora seria prematuro, lembre-se que a Maçonaria é Sistema e Escola. Nela deve aprender inclusive a essência e a prática da verdadeira Caridade e consolidar os fundamentos de sua fé, qualquer que seja a idéia que faça de Deus, mas desde que Nele e em Seus Desígnios deposite tua esperança e tua confiança em todos os transes da vida, pois que não admitimos que alguém possa dar antes de ter se apercebido do que e quanto tem. 

Lembre-se, como fecho destas palavras de exortação, que ninguém é tão pobre que nada tenha a dar, nem tão aquinhoado pela vida que nada precise, nem tão bruto que nada possa ensinar ou tão sábio que nada lhe reste a aprender. Dobre-se humilde e esperançosamente ante o golpe do Maço do Criador e sujeite-se à orientação de Seu Cinzel, para que mereça compor a Grande Obra da Criação. 

E se encontrar as trevas da decepção um dia, em sua jornada maçônica, não se quede como tantos insensatamente o fazem, amaldiçoando a escuridão. Acenda as luzes do teu espírito, ao invés disso e ilumine o caminho daqueles que se deixaram ficar. Seja bem vindo ao nosso meio e que doravante seja mais um elo que se funde à cadeia infinita que une todos os Maçons do universo na Divina Tarefa.

Um comentário:

  1. Parabéns ao Ir.: Heitor que mantém esse texto sempre vivo a cada iniciação em nossa Loja. Tanto é que sugeri incorpora-lo no material a ser oferecido aos novos integrantes da Loja na sessão de complemento à iniciação. É um breve extrato do que é a maçonaria na prática, fora dos templos! Não conheço o autor do texto, mas conheço muito bem seu defensor - Heitor Ribeiro Teixeira. "Teixeira"

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