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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

INICIAÇÃO

INICIAÇÃO 
Jorge Levi Salles Pereira, 33º 

Iniciação origina-se da palavra latina initia, na acepção de adquirir os primeiros  rudimentos de uma ciência. 

Inúmeros e antigos são os processos iniciáticos e temos que ter consciência de que outras escolas de iniciação esotérica existem, além da Ordem Maçônica, Rosa Cruz, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, Ordem Martinista, etc. 

O Ato Iniciático é contribuição da Ordem para que se tenha uma sociedade mais  justa, com mais amor, mais humildade, mais tolerância, enfim, que exercite realmente os bons sentimentos. 

A Iniciação aos nossos Mistérios é uma tradição antiga, sagrada, tanto para aqueles que chegavam quanto para os que os receberiam. Existia um fator importantíssimo que envolvia tal momento: o Respeito.

Hoje, todavia, muito se perdeu, muito nos falta para entendermos o que seja um Ato Iniciático. Lamentavelmente, muitos vêm até nós por curiosidade, com interesses em bens materiais, porque querem obter privilégios, ou, comuníssimo, porque são amigos de um Irmão, mas não têm a mínima condição para serem Maçons e, assim, a Iniciação vai perdendo seu valor de transformação do homem. 

Precisamos entender que, trabalhando ou assistindo a um Ato Iniciático estamos presenciando o nascer de uma nova vida e somos responsáveis pelo ingresso de um novo homem, não somente em uma Loja, mas, principalmente, na Maçonaria Universal. 

É mais um momento de refletirmos, deixarmo-nos envolver pelo amor ao Ser que ora nasce, sentirmo-nos esperançosos, acreditando que é mais um que lutará para atingir aquela Sociedade mais justa, que tanto almejamos. Aí estão verdadeiro e profundo significado da frase Sic transit Gloria Mundi - assim caminha a Glória do Universo. 

Lembremos que o Ato Iniciático não é o instante que precede ao ágape e tampouco uma peça de teatro, onde os erros dos atores serão comentados de uma forma jocosa, que não nos leva a nada. Somos Maçons, homens que praticam puros e belos atos. Dentro da Ordem, sendo educados e educando fora dos nossos Templos, servindo de exemplo para os demais cidadãos do Mundo. 

Cada Loja Maçônica, além do Proponente e dos Sindicantes, terá uma plêiade de Maçons para analisar o currículo de um candidato e, assim, responsabilizar-se por seu ingresso na Ordem. O candidato deverá ser, obrigatoriamente, um homem probo, cortês, de bom nível cultural, situação financeira razoável, discreto, maduro, crente em Deus ou em um Ente Superior, etc. 

Cremos que um excelente proponente deva ser um Mestre Maçom ativo, conhecedor das necessidades de sua Loja e da Ordem, de conduta profana e maçônica ilibadas e de maturidade maçônica suficiente até, para entender, se for o caso, que um proposto seu não foi aceito pela Loja por motivos que ele desconheça e tenha sido detectado pelos Sindicantes. 

Segundo Marivalde Calvet Fagundes, emérito pensador e escritor maçônico, iniciar um profano para o ingresso na Maçonaria não é colocá-lo dentro da Instituição. É permitir, solicitar e ensejar que a vida desse profano seja vasculhada, analisada e pesada por três Mestres Maçons encarregados da sindicância. 

Quem na realidade concede o ingresso do profano na Maçonaria é uma Loja, reunida regularmente e mediante escrutínio secreto. A responsabilidade, portanto está repartida por muitos. 

Muitas sindicâncias não significam necessariamente muitas iniciações. Significam, sem dúvida alguma, à luz da Ciência Estatística, maior oportunidade de seleção e melhor escolha. 

O que nós temos, inapelavelmente, de começar a abolir é a figura do "padrinho", que não se justifica, uma vez que ela não dispensa a sindicância nem o escrutínio. 

A transformação do "padrinho" em "proponente" dá maior liberdade de ação ao mesmo, tirando-lhe o medo de cometer um engano. Além disto, concede aos sindicantes, também, maior liberdade de ação, porque estes sabem que não irão suscetibilizar o proponente, caso as sindicâncias sejam desfavoráveis, o que tem acontecido com freqüência, no sistema atual. 

Por falar em medo de cometer engano, lembremo-nos que Jesus Cristo, ao escolher doze apóstolos, cometeu um engano, logo... 

Muitos outros aspectos da iniciação poderiam ser discutidos neste trabalho, mas, para não cansar o leitor; paramos por aqui, conclamando a todos que cumpramos o que determinam os nossos Rituais e assim teremos novos e brilhantes Maçons para honra e glória do G∴A∴D∴U∴

Publicado na Revista Astréa – Órgão Oficial do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA da Maçonaria para a República Federativa do Brasil -  Ano LXXVII – no 14 – Rio de Janeiro – Out 2003 / Abr 2004 – pág 23/24. 

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