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sábado, 7 de dezembro de 2019

O ALTAR DOS JURAMENTOS

O ALTAR DOS JURAMENTOS

Altares são utilizados no culto das divindades em praticamente todas as religiões antigas ou modernas. Nas Américas, por exemplo, maias, incas e sobretudo astecas, usavam um altar de pedra para os sacrifícios humanos que se ofereciam aos deuses. Estes sacrifícios tinham o propósito de promover a constante renovação da ordem cósmica e a alimentação dos deuses, que se nutriam do sangue e do coração da vítima. Segundo os astecas, Tezcatlipoca, o Quinto Sol, foi criado graças ao sacrifício dos deuses, que mais tarde criaram a guerra entre os humanos justamente para que os guerreiros capturados fossem ritualmente mortos. A guerra asteca se travava, em parte, para fornecer vítimas sacrificiais aos principais templos.

Nas ruínas de Babilônia encontraram-se altares quadrados de adobe; no Egito usava-se o granito polido ou o basalto; os druídas usavam altares triangulares de pedra; na Grécia e em Roma os altares eram suntuosos, sendo dignos de menção os de Hera em Samos, de Pan e Zeus na Olímpia e de Héracles em Tebas.

Para as religiões primitivas, a presença da divindade era indicada pelos elementos da Natureza e supunha-se que os deuses poderiam ser induzidos a habitar ou a se manifestar no lugar em que as oferendas, invariavelmente cruentas, lhes fossem servidas. A matança ritual servia como alimento ou como oferecimento de vida às divindades, com o propósito de agradecer, adivinhar, renovar a vida, continuar um ciclo sazonal ou cósmico, ratificar um acordo ou aliança, expressar a sua comunhão, assegurar um favor, afastar o mal, etc. Assim é que ainda nos dias atuais as religiões afro-brasileiras utilizam-se desta prática ritual. Na grande maioria das vezes, o sangue das vítimas era lançado sobre uma grande pedra, que veio a tornar-se o primevo altar.

Na Bíblia, evidencia-se a preferência dos sacrifícios cruentos sobre os não cruentos, quando Deus não dá atenção à oferta “do fruto da terra” de Caim, preferindo a oferenda de Abel, que lhe trouxe “dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura” (Gênesis 4:3-4). Caim, inconformado com essa preferência, acabou matando o irmão. 

A primeira menção que se faz a um altar está em Gênesis 8:20: “E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou todo o animal limpo, e de toda a ave limpa, e ofereceu holocastos sobre o altar”. Como se vê, esse primeiro altar bíblico era um local específico onde seriam ofertados holocaustos a Deus. 

A segunda menção bíblica sobre um altar está em Gênesis 22:9: “E vieram ao lugar que Deus lhes dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha”. Sabemos todos que Isaque foi substituído na última hora por um carneiro, oferecido em holocausto a Deus. 

Muitas são as menções de altares dedicados a Deus e a outras divindades na Bíblia. Esses altares eram toscamente construídos em pedras sobrepostas formando uma meseta e eram utilizados, sempre, para se oferecer sacrifícios em que se queimavam inteiramente animais, isto é, eram altares de holocaustos. 

Em Êxodo 20:24-26 Deus fornece instruções específicas a Moisés sobre como deviam ser usados e construídos os altares: para sacrifícios em holocausto de ofertas pacíficas de ovelhas e vacas, sendo vedado o uso de degraus para que não ficasse à mostra a nudez e deviam ser feitos de terra ou de pedra, proibindo-se terminantemente que estas fossem lavradas, pois o buril ou cinzel profanariam o altar. Estes altares de sacrifícios ou de holocaustos foram os únicos empregados pelos judeus até a construção do Tabernáculo por Moisés, ocasião em que se passou a fazer uso de dois altares: o altar dos holocaustos ou dos sacrifícios e o altar dos incensos ou dos perfumes. No Templo de Salomão estes dois altares se faziam presentes, o primeiro confeccionado em bronze e o segundo em ouro.

O altar-mor das igrejas católicas, onde são celebradas as missas, se originou do altar dos sacrifícios dos judeus. Durante a missa, são ofertados o pão e o vinho, a carne e o sangue de Jesus Cristo.

O Altar dos Juramentos Maçônico corresponde ao altar dos sacrifícios da religião judaica e ao altar-mor das igrejas católicas. O sacrifício cruento judeu e o sacrifício da santa missa católica são confirmações dos compromissos dos homens para com Deus, assim como no Altar dos Juramentos os Maçons prestam os mais significativos compromissos com o Grande Arquiteto do Universo e com os seus irmãos. É no Altar dos Juramentos que o Neófito vê a Luz e se transforma em um Iniciado, um Aprendiz Maçom que, passando a Companheiro e posteriormente a Mestre, poderá atingir a Perfeição.

Finalmente, devemos ressaltar que, primitivamente, não havia o Altar dos Juramentos. As três grandes Luzes da Maçonaria ficavam em cima do altar do Venerável Mestre, onde também eram prestados os juramentos. Posteriormente, talvez para aumentar o espaço para o V∴M∴ ou ainda com a intenção de aumentar as semelhanças do Templo Maçônico com o de Salomão, criando-se um Altar dos Juramentos em correspondência com o altar dos holocaustos, passou-se a usar uma pequena mesa em frente ao altar do V∴M∴, para onde foram transferidas as três grandes Luzes da Maçonaria e consequentemente onde se passou a tomar os juramentos. Nesse meio tempo, ampliando ainda mais as semelhanças com o Templo de Salomão, foi criado o Altar dos Perfumes.

Excerto do livro Simbologia Maçônica dos Painéis: Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre – Irm∴ Almir Sant’Anna Cruz

Fonte: www.facebook.com/simbologiamaconica.dospaineis

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