Páginas

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

REAA - PORQUE GRAUS ISRAELITAS?

REAA - PORQUE GRAUS ISRAELITAS?
(republicação)

Em 10.02.2015 o Respeitável Irmão Rodrigo Basso Bertoni, Loja Caridade e Silêncio, REAA, GOB-RO, Oriente de Cacoal, Estado de Rondônia, formula a seguinte questão: 
rbbertoni@yahoo.com.br 

Saudações Fraternais Irmão Pedro Juk. 

Irmão, eu já li alguns artigo de vossa autoria e parabenizo pelos mesmos. Eu tenho uma dúvida em relação aos Graus Superiores 4 ao 18 pois e até onde completei meus estudos até o momento, sempre vejo o dizer "este Grau pertence a classe dos Graus Israelitas..." porém confesso que por descuido e por falta de esclarecimentos dos autores e dos Rituais do Supremos Conselho que me causa duvidas de aonde procurar para sanar esta dúvida e aprender mais sobre a origem dos graus. Se possível que o Irmão me indicasse literatura para que possa aprender sobre o assunto e assim poder sanar estas dúvidas e dar continuidade aos meus estudos de maneira mais aprofundada ficarei grato pelo direcionamento.

Considerações: 

A síntese divisória dos 33 Graus do Escocesismo após a fundação do Primeiro Supremo Conselho em 31 de maio 1.801 nos Estados Unidos da América do Norte, assim ficou dividida: 

Lojas Simbólicas – até 1.804 não existiam genuinamente Graus simbólicos escoceses. Até aí, o simbolismo escocês era preenchido, ainda na América do Norte, pelas Lojas Azuis norte americanas com a prática do sistema “antigo”, hoje conhecido no Craft Americano como Rito de York. Somente com o advento do Segundo Supremo Conselho (1.802), este já em Paris, na França, é que a partir do ano de 1.804 apareceriam os primeiros rituais simbólicos exclusivamente para o Rito Escocês Antigo e Aceito sob a égide do Grande Oriente da França.

A Maçonaria francesa à época desconhecia o sistema “antigo” já que até ali ela existia apenas com base na Grande Loja dos Modernos de 1.717 criada em Londres (Premier Grand Lodge) – vide, por exemplo, o título Rito Francês ou Moderno.

1 - Subdivisão do sistema de 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Primeiro Grupo - Lojas Simbólicas (Franco Maçônico Básico) constituídas pelos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. 

Segundo Grupo – Lojas de Perfeição constituídas do 4º até o 14º Grau. 

Terceiro Grupo – Lojas Capitulares, ou Capítulos compostos do 15º até o 18º Grau. 

Quarto Grupo – Conselhos Kadosh, formados desde o 19º até o 30º Grau. 

Quinto Grupo – Consistórios (assembleia), instituídos pelo 31º e 32º Grau. 

Por fim, o Supremo Conselho que é constituído pelo 33º Grau. 

2 – Síntese do significado dos Graus no REAA. 

Os Graus simbólicos, também conhecidos como a Moderna Maçonaria Universal, ou Simbólica (Aprendiz, Companheiro e Mestre) sugerem os ciclos evolutivos do pensamento humano, cujo arcabouço doutrinário envolve a capacidade do controle próprio sobre as paixões e emoções – o conhecimento interior (ego). 

As etapas representadas pelo Iniciado relativas a cada um dos três Graus simbólicos se desenvolvem pela “intuição, análise e síntese” – percepção e discernimento, crítica e julgamento, epítome e experiência (apanhado do conhecimento). 

Sob o aspecto esotérico, deixando o reservado conteúdo humano designado pelos Graus Simbólicos, os Graus compostos a partir do 4º até o 18º orientam para o conhecimento cósmico e a identidade com o Universo, cuja senda doutrinária se identifica na prática da virtude, da solidariedade e do afeto. 

Na sequência, esse método de aprimoramento (escocesismo) e em de conformidade com os conhecimentos até aqui então adquiridos, os Graus constituídos do 19º até o 30º indicam a senda para a realização do Homem no contexto de tudo o que existe no Universo - nessa concepção é que o 30º Grau sugere o resumo iniciático (a síntese) de todos os Graus antecedentes pertencentes ao escocesismo. 

Já no que concerne aos demais que completam o sistema de 33 Graus (31º, 32º e 33º), os próprios são mais voltados para a administração, ou Graus administrativos. 

Sob outro aspecto, os Graus escoceses genericamente também mostram uma sequência histórica relativa ao povo hebreu e diretamente relacionada a partir da citação bíblica relacionada à construção do primeiro Templo de Jerusalém (geralmente conhecido como o de Salomão) até o advento do Cristianismo e a destruição do último Templo (o de Herodes), bem como a cidade de Jerusalém no ano 70 depois de Cristo. 

De fato a etapa simbólica da Maçonaria, através de uma lenda, aborda a construção do primeiro Templo de Jerusalém (Rei Salomão), cujos textos iniciáticos maçônicos sugerem que a direção da construção desse Templo teria ficado por conta do artífice fenício Hiran Abif (Hiran meu pai, ou senhor Hiran), cujo personagem, segundo a lenda, teria sido enviado por Hiran, rei de Tiro ao rei hebreu Salomão (os fenícios, tal como os hebreus eram descendentes de Sem [semita], primeiro filho de Noé). 

A bem da verdade, como citam autores fidedignos, o fato não possui base histórica alguma, já que o artífice mencionado na bíblia era apenas um entalhador de metais que teria sido o responsável pela decoração das Colunas do Templo, assim como a do Mar de Bronze e a do Altar dos Holocaustos (também componentes do Templo). 

Assim mesmo a lenda maçônica que envolve os três personagens mostra o artífice fenício Hiran como o construtor do Templo e que naquela oportunidade dividiu os seus auxiliares em três classes de trabalhadores – Aprendiz, Companheiro e Mestre – conforme as suas habilidades, dando-lhes, sobretudo para as duas primeiras classes, a possibilidade de progresso e aperfeiçoamento por seus próprios méritos – probabilidade justa para ascender no ofício. 

Esse lendário teatro alegórico se completa com o assassinato de Hiran Abif por elementos que sem mérito e qualificação suficiente queriam a qualquer custo alcançar a classe dos Mestres. 

Desse modo, no terceiro Grau, bem como nos outros demais Graus subsequentes, se desenvolve um arcabouço doutrinário, cuja alegoria gira em torno desse funesto crime, na sua vingança por parte dos outros trabalhadores e também do extravio da Palavra Sagrada que era conhecida apenas pelo Mestre assassinado, cujo segredo representava a chave do conhecimento na arte de edificar o Templo - tanto sob o aspecto material, como no espiritual. 

É então a partir daí (do Terceiro Grau em diante), que o sistema se desenvolve no escocesismo até o 19º Grau relacionado com a história hebraica, apresentando no seu conteúdo alegórico a construção do primeiro Templo (Salomão), o exílio na Babilônia após a sua destruição, a libertação do povo e o seu retorno à Palestina, a reconstrução do segundo Templo (Zorobabel), o Cristianismo, a destruição (ano 70 da era atual) do Templo que fora então restaurado por Herodes (tido como terceiro Templo) e o surgimento da Jerusalém Celeste, pois que a terrestre se apresentava em ruínas. 

É então nesse sentido que esse grupo de Graus é também conhecido no escocesismo como Graus Israelita-Bíblicos. 

Na sequência, os Graus no sistema escocês, embora ainda sem se negar a forte influência hebraica, a partir daí também segue uma acentuada tradição de inspiração templária (ver a Ordem da Milícia do Templo, os Estatutos de São Bernardo – os Templários). 

Sob essa óptica então é que esse grupo de Graus escoceses ficaria também conhecido por Graus Templários. 

Concluindo, esse pequeno resumo laudatício sugere apenas à particularidade do sistema de Altos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito e a espinha dorsal da sua identidade, fato esse que não autoriza nenhuma conclusão através dos apontamentos atinentes à história bíblica mencionada, venham a se constituir em qualquer afirmativa ou tentativa de provar a existência da Maçonaria nos períodos que envolveram a narrativa hebraica, bem como posteriormente, também à templária. A questão, no que envolve a Sublime Instituição, é apenas e tão somente lendária objetivando inquestionavelmente apenas construção do arcabouço doutrinário do Rito em questão. Longe daqui qualquer intenção nossa de querer se dar um cunho milenar à Maçonaria, cuja idade autêntica como Instituição, documentalmente até aqui, não ultrapassa além dos aproximados oitocentos anos de história. 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.714 – Melbourne – terça-feira, 9 de junho de 2015

Um comentário:

  1. Excelente a explicação do Ir.'. Pedro Juk.
    Carlos Herculano da Costa - G 29 - Loja Monte Sião nº 57
    Oriente de Campo Grande/MS - GLEMS - Cadastro 3950
    TFA
    Herculano

    ResponderExcluir