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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

UMA REFLEXÃO PARA O NATAL

UMA REFLEXÃO PARA O NATAL

Caros Irmãos,

Imaginei escrever uma mensagem de Natal para todos. Melhor que uma mensagem de Natal, seria uma reflexão para o Natal. Acredito que ela poderá ser útil para os próximos e muitos Natais que desejo a vocês. Assim, a encaminharei a todos os grupos de que participo.

Eu pensei em escrever sobre algumas coisas muito desagradáveis que existem em nossa Fraternidade, mas depois me lembrei que falar delas não as tornaria menores do que são. Não podemos convencer ninguém a abandonar um procedimento adquirido, e que é mantido porque não houve a compreensão do que recebemos quando participamos dessa nossa Fraternidade. Infelizmente, alguns levam muito tempo para entenderem isso, enquanto que uns poucos aprendem com rapidez. Um outro grupo ainda menor não precisava estar na Fraternidade porque, antes mesmo de serem aceitos, já possuíam as qualidades que entendemos serem as melhores para um Maçom. De qualquer forma, não podemos julgar o mérito de ninguém, nem mesmo dos que não deviam estar entre nós. O GADU tem suas razões, e se estão por aqui, mesmo com todos os seus deméritos, certamente será porque servem a algum propósito que ainda desconhecemos. 

Estamos comemorando mais um Natal. Recebemos centenas de mensagens de felicitações, algumas bem elaboradas, outras singelas, algumas verdadeiras, outras apenas feitas por “dever de ofício” ou por “razões sociais”. Eu imaginei formular uma mensagem para todos, convidando-os a refletirem no porque desta data, o que comemoramos nela, e porque razão. 

A data tem relação com o que nos acostumamos a aceitar como a data de nascimento daquele que seria um dos maiores, se não o maior, líder espiritual de todos os tempos. Aquele que é visto como o “Filho de Deus”, nascido em circunstancias especiais, sem o pecado original estabelecido pela Bíblia, fruto de uma relação não sexual entre o próprio Deus e uma terrestre normal – que viria a ser vista por muitos como a “mãe de Deus”.

Excluindo as questões relativas a crença de cada um, não podemos negar – qualquer um de nós – que o legado deixado por Jesus foi de tamanha importância que, até hoje, permanece como fonte de inspiração para milhões e milhões de crentes pelo mundo afora. Crentes que advogam, alguns deles, que a sua forma de acreditar é melhor que a de seu vizinho. Crentes que entendem que o seu Rito de Crença – ou Religião se assim quiserem entender – é mais próxima de Deus que a de seu próximo. Crentes que entendem que a suntuosidade, o ouro, as riquezas e a pompa são necessárias para que Deus ouça suas preces.

Depois de muito refletir, cheguei á conclusão de que não deveria seguir qualquer uma dessas vertentes, mas me concentrar em tentar seguir o único Mandamento que Jesus nos deixou, a chave para tudo que se queira obter, a razão maior para que vivamos em harmonia, uns com os outros: “Amai uns aos outros como eu vos amei”. Há frase ou legado de significado mais profundo e importante que este? Porque insistimos em descumpri-lo, advogando procedimentos em desacordo com essa máxima de Jesus?

Será que ele precisava dizer mais alguma coisa, além dessa? Creio que não. E porque estou aqui relembrando essa frase? Porque considero que a Maçonaria é a iniciativa mais bem sucedida em nos aproximar dessa Verdade. “Oh quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união...”. Quantas vezes já ouvimos essa parte do Salmo 133? Mas será que paramos para refletir no que significa? Provavelmente ainda não. Apesar de sermos abençoados por estar em uma Fraternidade que une – ou pretende unir – a todas as vertentes de pensamento, sob a unção de um Principio Criador, ainda não entendemos o que significa “estar em união”. 

Hoje, ante véspera do Natal, fiz um pequeno exercício. Fui ao supermercado comprar coisas que ainda faltavam para nossa ceia de Natal. Imaginei que não pertencia àquele mundo. Dezenas de pessoas apressadas, atravancando-se em espaços reduzidos e também fazendo suas ultimas compras. O que me diziam seus rostos? Será que elas me enxergavam, ou não? Quem estava alegre ou triste, e porque? Quem tinha os recursos para fazer uma ceia suntuosa, com todas as variedades de alimentos da época, ou quem tinha apenas uma pequena porção de pão para comemorar o seu Natal? E os “craqueiros” na rua? Como seria o seu Natal? Mais pedras para fumarem? Será que tinham noção do que acontecia em volta deles? Que responsabilidade temos pela condição que ora ostentam? E as prostitutas, ou os que vivem na pobreza extrema, sem alimento ou esperança? E os que, tendo muito, na realidade estão dentre os mais pobres? O que será que um Maçom tem a ver com isso tudo? 

Meus Irmãos: nós entramos nessa Fraternidade por livre e espontânea vontade. Pode ser que fossemos apenas hipócritas buscando realizações materiais, ou ingênuos achando que iriamos fazer parte de um “Exército de Brancaleone” capaz de mudar o mundo. Nem uma coisa, nem outra. A única coisa que podemos mudar é a nós mesmos. E o momento em que isso deve acontecer é agora. 

Neste Natal, ao comemorar a data junto aos seus entes queridos, lembrem-se da miséria que campeia do lado de fora de sua porta, mas também da miséria que pode campear até dentro de seu próprio Eu. Deixe que os ensinamentos de idade imemorial penetrem em seu pensamento e modifiquem, aperfeiçoando, sua própria maneira de ser. Perdoem a quem tenham ferido, para também serem perdoados. Alimentem aos que tem fome, para também serem alimentados. Ensinai ao ignorante, para que vejam a verdadeira Luz e, assim o fazendo, também compartilheis dessa fonte impressionante de Sabedoria e Energia que está disponível para todos, curando, consolando, evoluindo, aperfeiçoando, a todos nós. 

Não pretendam mudar o Mundo, ou o seu País, ou sua Cidade, seu Bairro. Nem mesmo a sua Rua ou Prédio. Nem mesmo precisam comentar ou responder a essa mensagem, para que não suceda que, gostando dela, venham a me fazer pensar que tenho alguma importância, e que escrevi algo significativo. Para responde-la, basta que comecem a mudança por vocês mesmos. Suas vibrações positivas serão sentidas por todos, inclusive por mim. Terão assim construído uma pequena parcela do Templo Interno que, todos nós, buscamos construir.

Que o GADU abençoe a todos e os mantenha na Senda da Virtude.

Fraternalmente,

José Carlos de Seixas

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