Ir∴ Valdemar Sansão
“Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. (Pablo Neruda)
Esclarecendo - No mundo cristão medieval, períodos de festas profanas se iniciavam, geralmente, no dia de Reis (Epifania) e se estendiam até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos e costumes pagãos, e se caracterizavam pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade de atitudes críticas e eróticas. Os três dias imediatamente anteriores à quarta-feira de cinzas, dedicados a diferentes sortes de diversões, folia e folguedos populares. No primeiro dia da Quaresma, os cristãos costumam passar cinzas na cabeça, simbolizando a fragilidade e a humildade das pessoas, porque vêm do pó e ao pó retornarão.
A Quaresma é o período de quarenta dias (Quarentena) entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Ramos que para a Igreja Católica é época de penitência e preparação para a Páscoa. Aproveitamos a Quaresma, tempo de graça, para melhorar o nível de nossa vida maçônica. Quaresma é sempre tempo de rever a vida, os valores e princípios que movem nossas atitudes.
Carnaval - tem suas origens nas antigas festas da Grécia, vindo até a Idade Média com as festas de máscaras do Renascimento. Tradição ainda cultivada em várias cidades da Europa.
No Brasil veio com os portugueses no sec. XVII, com o nome de entrudo, que era um jogo quando, nas ruas as pessoas brincavam e faziam guerra com água e líquidos de odor desagradável. Depois surgem os bailes e desfiles, aparecendo mais tarde a serpentina e o confete, e no séc. XIX, as sociedades carnavalescas e blocos.
Em 1899, Chiquinha da Silva, lança a marcha “Ó abre alas” e torna-se primeira em compor músicas para o carnaval. O Carnaval institui por si só, a manifestação política e social. Todos os grupos sociais, em perfeita união e solidariedade desprovidas de classe, nível social e cultural se auto organizam de tal forma a estabelecerem um complexo social administrativo, demonstrando a capacidade criadora e autossuficiente de uma comunidade. A instituição de uma escola de samba prevê todo o complexo social, administrativo, político, religioso e filosófico. Desde as mais insignificantes tarefas, às mais complexas exigências estruturais, se manifestam necessárias em torno de um objetivo: o desfile, a apresentação e a valorização da arte de comunicação através das cores, alegorias, música, enredo, enfim de todo o necessário à realização e preservação da autoestima de uma cultura e de uma tradição. É a manifestação concreta da capacidade produtiva de uma sociedade. Ali, observa-se que toda e qualquer atividade, somente poderá ser concretizada, com sucesso absoluto, quando o sacrifício, o empenho e a dedicação a um trabalho, forem desenvolvido em busca de um ideal, de um objetivo.
Ponto de vista – nós sofremos de todas as más paixões que não reprimimos. Como maçom não devemos nos limitar a dizer que tal coisa é boa ou má; é preciso que justifiquemos nossa opinião por uma demonstração clara e categórica. Por isto, baseado sobre nossos próprios princípios e ensinamentos que há de mais nobre e sublime no homem, ou seja, o direito de pensar, de raciocinar, de aceitar ou rejeitar o que lhe pareça certo ou errado, pedimos permissão para expor nossa opinião: Fazendo uma crítica inofensiva e construtiva, sem a intenção de causar mágoas ou agressões e, que tal se, desses milhões gastos, sobrasse “algum”, negado ao atendimento aos doentes que morrem sem atendimento nas portas dos “hospitais públicos”? Seria, até por isonomia - igualdade de todos perante a lei - e os momentos apresentados são reflexos de fatos reais.
“Maçonfolia” - Fosse o carnaval festejado com música e danças, fantasias e desfiles, seria uma bela festa tão inocente como comemoração de um aniversário. Mas não é isso o que acontece. A bebida e a droga rolam como nunca, a juventude vulgariza o sexo.
O incrédulo já levado a zombar das crenças mais sagradas, se delicia ao ver uma coisa séria onde se faz brincadeira; ele não pode ser levado a respeitar o quem não lhe é apresentado de uma maneira respeitável; por isso, das práticas fúteis e levianas, daquelas nas quais não há nem ordem, nem gravidade, nem recolhimento, ele carrega sempre uma impressão má.
Quem sabe, seja este o momento precioso capaz de expor a resposta interventora e solucionadora da anormalidade considerada. Notem bem, meus caríssimos Irmãos, que não pretendemos censurar de modo algum aqueles que não pensam como nós. O que é evidente, pode não ser para todos. Cada um julga as coisas pelo seu ponto de vista, mas, exposições dessa natureza fazem mal, porque afastam e expõem à crítica dos detratores que nelas encontram causas fundadas para chacota sob todos os aspectos. Querem motivos mais justos que estes para que reprovemos a participação de Irmãos expondo seus paramentos, desfilando em carros alegóricos?
Atitudes – O prudente vê o mal e se afasta; o ingênuo, porém, segue adiante e sofre por isso. A maioria das pessoas não entra totalmente ignorante em uma situação antiética ou ilegal. Geralmente elas são alertadas antes e, nesse momento, têm uma escolha: o sábio toma consciência e se afasta. Os ingênuos, no entanto, recebem o alerta, sentem certa perturbação, mas escolhem continuar seguindo na mesma direção.
Devemos nos resignar, ou é possível fazer alguma coisa? Sim, é possível e é preciso, e fazendo frear por todos os meios para por fim essas iniciativas e cortar na raiz o mal. Portanto, vamos repensar em nossas atitudes e atos, pois, a vida é uma verdade que existe e o tempo é favorável. Aquele admirável mundo novo que queremos, ainda é um sonho, mas precisamos discutir e realizar ações para que “eles” recuem. Acreditamos que tenham agido de “boa-fé”. Será que vão parar por aí? Todos nós queremos dias melhores. Então, passemos a usar os derivados do amor, para amanhã usufruirmos da beleza, do perfume e da cristalinidade da paz. Assim, recomeçaremos tudo de novo. Novo sentido da vida, novas possibilidades de fraternidade. Cuidado com o que compartilha... Há um modelo de equilíbrio entre ousadia e prudência.
Concluindo – Esta é a explicação de muitas Lojas, antes fortes e poderosas, estarem hoje vazias e pedindo socorro. É o resultado das ações daqueles que veem na Maçonaria apenas um passatempo semanal que termina em abraço, pizzas, cervejas e algumas piadas.
O maçom deve sempre vigiar a sua conduta para assim, atingir o que veio buscar nesta Sublime Ordem: Serenidade, Conhecimento e Prosperidade Espiritual.
Se os caminhos tomados são desobedientes e desrespeitosos à leis universais, as medidas reagentes não tardarão. Estejamos cientes de que depois de praticada a ação, ou seja, feito o uso do livre-arbítrio o efeito e a reação terão relação direta e proporcional à causa.
Não podemos nos deixar envolver pela sensação de impotência nem aceitar a ideia de que não podemos fazer nada. Para que no próximo carnaval não sejamos surpreendidos pelo desabrochar do “maçom-camaleão” pela capacidade de mesclar coisas sérias com momentos de bom humor, novidades tais como: Carro alegórico com o Ir∴ Mestre de Cerimônias abrindo o desfile como “Abre Alas”; com o Mestre de Harmonia com apito dirigindo a bateria; “Bloco Vigilantes da Viúva”; “Bloco dos inadimplentes”; ala “Unidos da Pedra Bruta”; carro alegórico “Guardiões dos Bons Costumes...”!
Esperamos que a razão prevaleça na “velha e na nova Guarda”. Huzzé, Huzzé, Huzzé!!!
PS –– Considerando que as “leis de conduta” que regem todos os aspectos de nossas vidas, prevaleçam no Carnaval que se aproxima, também para os “maçom-foliões”. Certamente, fazer do Avental - insígnia do trabalho - fantasia, desfilando muita alegria, nada lhes parecerá condenável; para a Maçonaria não é de boa geometria, e sim, de muita tristeza.
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