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segunda-feira, 16 de março de 2020

GADU E O SINAL DO GRAU

GADU E O SINAL DO GRAU*
(republicação)

Em 28.05.2015 o Respeitável Irmão João dos Reis Neto, Loja Obreiros do Planalto, 2.323, REAA, GODF, Brasília, Distrito Federal, solicita esclarecimento para o que segue: jreisneto@ig.com.br 

Antecipadamente agradeço mais uma vez, mas, preciso de sua ajuda novamente. 1) Qual a origem de "GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO"? 2) Desde quando a Maçonaria adota essa terminologia? 3) Você pode me informar alguma bibliografia que eu possa adquirir e pesquisar? Segundo assunto. 1) Por que se usa as duas mão no Sinal do Segundo Grau Companheiro no REAA? 2) É comum utilizar as duas mãos em todos os países que pratica o REAA?

CONSIDERAÇÕES:

CONSIDERAÇÕES Nº 01: 

1. O título adotado pela Maçonaria, sobretudo na Moderna Maçonaria, assume um aspecto conciliatório para o “Criador” e como condição sine qua non para a Iniciação de um membro na Sublime Instituição. Esse aspecto religioso inerente à crença em Deus é haurido das corporações de ofício medievais que viviam sob a tutela da Igreja. Filosoficamente o termo possui elo com a criação da Geometria no Antigo Egito, cuja finalidade era a de medir as terras férteis do delta do rio Nilo. Os filósofos gregos dando-lhe um conceito de Verdade Universal levaram a Geometria à Grécia e a conceituaram como Ordem e Equilíbrio do Universo atribuindo essa harmonia e criação ao Grande Geômetra. Pelo aspecto eclético, comum na Sublime Instituição, a Moderna Maçonaria então adotaria essa apreciação como condição única (conciliatória) de crença para os seus membros, traduzindo “Deus” como o “Arquiteto Criador” de todas as coisas, seja pela visão da vertente teísta ou deísta. Por assim ser, o caráter filosófico viria se solidificar na Ordem como o maneira de se referir a “Deus” como o “Grande Arquiteto do Universo”. 

2. Com seus aproximadamente oitocentos anos de história, o título na Maçonaria viria a se consolidar durante a sua própria evolução e transição – desde o período operativo (Associações Monásticas, Confrarias Leigas e a Francomaçonaria) e a forte influência da Igreja-Estado, passando pelo período especulativo já no início do século XVII até o advento da Moderna Maçonaria no século XVIII. Durante esses ciclos históricos o conceito do “Criador” também iria se transformando na Instituição até a sua consolidação conciliatória conhecida como o “Grande Arquiteto do Universo”. 

3. Os títulos autênticos e que não tratem do ufanismo de certos autores que teimam e induzir uma idade milenar para a Maçonaria. Evite títulos que confundem lendas com história acadêmica. O conceito do “Grande Arquiteto do Universo” em Maçonaria não pode ser confundido com ilações religiosas ou outras práticas do gênero. Daí recomendo autores que vislumbrem as convicções filosóficas. Um bom rumo para o estudante aqui no Brasil está na obra deixada pelo saudoso Irmão e professor Raimundo Rodrigues. Perscrutar os seus escritos é fundamental para um bom entendimento sobre o tema. 

CONSIDERAÇÕES Nº 02: 

1. A verdade é que não se usa essa mão esquerda no rito em questão. Esse enxerto mal copiado é obra de invenção e ideias ocultistas capitaneadas principalmente de Oswald Wirth que via a mão levantada como uma espécie de apelo para o além. Pura bobagem. Outros inventores ainda acharam bonito o Sinal de Companheiro praticado nos trabalhos ingleses que originalmente sim usa a mão esquerda levantada em cutelo, justificada inclusive como preparação para outro Sinal futuro. Todavia, essa não é prática do Rito Escocês (vertente francesa). Como muitos “acham isso e aquilo bonito”, porém não os justificam provavelmente estes também ajudaram a disseminar essa prática equivocada no escocesismo simbólico. Tradicionalmente no simbolismo do REAA∴ os Sinais Penais são feitos apenas e tão somente com a mão esquerda. Agora, enquanto alguns entendidos ficarem a copiar rituais rançosos e anacrônicos, seremos ainda obrigados a conviver com essa prática enxertada ou mesmo qualificados pelos credos particulares de alguns – a questão não é enxertar; a questão é explicar e convencer coletivamente, não individualmente. Se servir para consolo, há uma luz no fim do túnel. Justiça seja feita para alguns rituais como é o caso do pertencente ao Grande Oriente Independente de Pernambuco quando por obra e graça do seu Grão-Mestre, aboliu essa contradição, não mais prevendo o uso da mão esquerda no Sinal de Companheiro do REAA∴. 

2. Somente naqueles que igual a nós, ainda teimam em usar essa prática retrógrada para o simbolismo do REAA∴. Afinal, eu não creio nas bruxas, mas que elas existem... “Ah elas existem”.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.847 – Florianópolis (SC) – quarta-feira, 21 de outubro de 2015 

Errata (JB News – Informativo nr. 1.849)
Na resposta da pergunta formulada pelo Irmão João dos Reis Neto na edição anterior do “Perguntas & Respostas” (JB News nr. 1847, de 21.10.15) um engano na resposta nas Considerações 02. Na parte onde se lê "tradicionalmente os Sinais Penais são executados com a mão esquerda", favor corrigir para: "tradicionalmente os Sinas são executados com a mão direita".
T.F.A.
Pedro Juk

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