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quarta-feira, 29 de abril de 2020

TFA E PÓS-PANDEMIA

TFA E PÓS-PANDEMIA
Autor: Márcio dos Santos Gomes

“Cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça” (popular)

Em meio às turbulências ora vivenciadas com a pandemia da COVID-19, conjecturar sobre o futuro é sempre tendencioso, certamente podendo descambar para exageros, mas é inevitável não especular a respeito de possíveis cenários. Estamos com tempo para isso.

Limitando-nos à seara maçônica, muito afetada com a necessidade do distanciamento social imposto pelas autoridades de saúde e acatado por nossas lideranças, o retorno às atividades normais após a cessação das medidas restritivas de reuniões enseja preocupações antes não vislumbradas no radar. Afinal, nosso grupo é composto majoritariamente de obreiros com mais de 60 anos, com as vulnerabilidades impostas pela vida.

Que tudo isso passará, não restam dúvidas. Mas, a que preço? A pergunta que não quer calar é: tudo será como dantes? Correremos o risco de novas ondas e necessidade de repetidos isolamentos? No nosso caso, continuaremos a reunirmo-nos em Templos apertados e sem circulação de ar natural, para evitar os olhares indiscretos e quebra dos quesitos de segurança? Muito receio entre maçons com idade provecta e seus familiares.

Fazendo do limão uma limonada, sabe-se que várias Lojas contornaram as restrições de reuniões lançando mão de encontros virtuais, as festejadas vídeoconferências, que viabilizaram a continuidade, mesmo que mitigada, dos trabalhos administrativos, com apresentação de trabalhos e discussões de temas de interesse, mantendo firmes os imprescindíveis laços de fraternidade.

Ocorre que não houve unanimidade nas participações, haja vista que muitos irmãos não são familiarizados com os recursos ora proporcionados pelas redes sociais. Outros, por questões de ponto de vista, mantiveram-se distanciados, por não aceitarem de bom grado os avanços tecnológicos e mudanças de comportamentos. Porém, nosso tempo merece ser mais bem aproveitado, o aprendizado não pode parar e os conhecimentos e experiências precisam ser compartilhados.

Não é segredo que nós os maçons nutrimos muita afeição pelos nossos pares e tratamo-nos com muito respeito e carinho, o que é um grande tesouro a ser preservado. Dada às novas circunstâncias, alguns cuidados deverão seguramente ser aplicados e, quem sabe, mais um recurso será adicionado ao vestuário tradicional, como a máscara, e o uso obrigatório das luvas, antes colocadas em segundo plano, considerando-se que a ritualística e os procedimentos de reconhecimento exigem proximidade física, em especial nos tradicionais abraços fraternos que caracterizam os verdadeiros encontros de irmãos.

Quanto às sessões presenciais, algumas medidas poderão ser adotadas, quanto ao afastamento físico, sabendo-se que os irmãos mais novos em idade correm menos risco, mas podem se tornar vetores de contaminação em futuras recaídas da espécie. Uma possibilidade a ser avaliada é a de alterações de agendas, no sentido de incluir as reuniões virtuais no cotidiano das Lojas, com as devidas precauções, mantendo as sessões magnas para os fins a que se destinam e as ritualísticas normais para escrutínios e avaliação de obreiros em processos de aumento de salários, dentre outros.

Enfim, como livres pensadores não podemos deixar de avaliar cenários, e mudanças regulamentares serão reclamadas, em face do novo normal que se nos apresenta. Enquanto privados dos encontros presenciais, podemos incentivar e incrementar nossas vídeoconferências com discussões dessa temática, agora enriquecida com um número cada vez maior de visitantes de diferentes Lojas, Ritos, Orientes e Potências, sem falar que nesse contexto estamos participando de mais reuniões dentro do conforto de nossos lares e com interação ainda maior em número de participantes, antes impensável. Para encerrar, quem ainda não leu em nossos grupos de WhatsApp irmãos perguntando onde tem reunião hoje? Novos tempos, novos desafios!

Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, da Academia Mineira Maçônica de Letras, e para nossa alegria, também um colaborador do blog.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

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