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segunda-feira, 8 de junho de 2020

MENORÁ

MENORÁ
(republicação)

Em 03.09.2015 o Respeitável Irmão Menaldo Assis, Loja Liberdade e União, 140, REAA, GLMMG, Oriente de Sete Lagoas, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão: menaldoassis@bol.com.br

Todas as terças e quintas feiras fico aguardando o JB News, onde terei, com certeza, mais uma lição de Maçonaria através das perguntas e principalmente pelas respostas do Irmão. No novo Ritual emitido pela Grande Loja, para o Grau 03, em sua primeira folha, existe um desenho do Templo do REAA – Mestre Maçom, onde consta no lado Sul do Oriente, à direita e um pouco à frente do Resp∴M∴ foi acrescentado um Menorah. 

Não existe uma informação a respeito do por que da colocação do mesmo, e de como proceder com o mesmo, em nossas reuniões, pois desde quando fui iniciado, 1975, nada havia. Minha pergunta é a seguinte: Quando devo acender as velas do mesmo? Em reuniões comuns da Câmara do Meio ou somente em reuniões de Exaltação? Ou simplesmente as velas não são acesas em hipótese alguma? Ou é simplesmente um adorno? E ainda do por que da colocação deste símbolo em nosso Templo? Agradeço e o parabenizo por suas instruções sábias e oportunas. NB: Não sei se esta pergunta pode ser colocada no JB News, por se tratar de Grau 03, ou se deve ser respondida pessoalmente. Deixo a critério do Irmão.

CONSIDERAÇÕES:

Menorá – é o candelabro(1) sagrado de sete braços usado como um dos símbolos pertencente ao antigo Tabernáculo (origem do Templo judeu de Jerusalém). Objeto destacado nos serviços religiosos do judaísmo acabou se tornando símbolo da civilização hebraico-judaica correlata à religião mosaica. Dentre outros o Menorá acabou atualmente sendo também usado como brasão do Estado de Israel, circunstância estabelecida desde 1.948. 

Como símbolo religioso mosaico, o candelabro de sete braços está mencionado na Torá (Lei), ou o Antigo Testamento, em Êxodo, 25, v. 31 a 39 – “Farás um candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu pedestal e sua haste (...). Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três do outro (...) e estes braços formarão um todo com o candelabro, tudo formando uma só peça de ouro batido. Farás sete lâmpadas que serão colocadas em cima, de modo a alumiar a frente. Seus espevitadores(2) e seus cinzeiros (...)”. Considerar os sete braços com a soma dos seus seis braços mais aquele correspondente ao próprio corpo do candelabro. 

Sob a óptica filosófica da metafísica aplicada à cosmosfera, o Menorá alude simbolicamente aos sete planetas da antiguidade e a luz desses astros oriunda do hemisfério Sul. Assim, esses sete planetas até então considerados eram: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno - a despeito de que a época eram também considerados como planetas também uma estrela, o Sol e um satélite, a Lua. 

Há ainda a relação mística com o número sete ao número sagrado para as antigas civilizações o que não fugiria também aos hebreus – sete os braços do candelabro, sete os planetas da antiguidade, sétimo dia consagrado por “IAVÉ” (o shabat). 

Em relação à Maçonaria e nela a influência hebraica, não há como negar esse alcance. 

No que concerne ao Rito Escocês, Antigo e Aceito em particular, além dos vários aspectos apresentados por essa influência e conhecidos na decoração do seu Templo, o Menorá não é tradicionalmente um elemento de arranjo do seu simbolismo. Ou seja, candelabro de sete braços é inexistente nos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (franco maçônico básico). 

No escocesismo o Menorá é sim parte integrante, porém no seu sistema dito de altos graus, sobretudo naqueles que se relacionam aos graus israelitas bíblicos. 

Quanto às vossas questões propriamente ditas e sem querer me intrometer em seara alheia, respeitando-as primeiramente, penso que quem colocou equivocadamente o Menorá no ritual mencionado é que deveria explicar a razão dessa presença. 

Ratifico – esse elemento decorativo (Menorá) não é parte integrante do simbolismo do verdadeiro REAA. Também se faz na medida do possível compreender que um Templo simbólico da Moderna Maçonaria que abriga a Loja não pode ser utopicamente imaginado como estereótipo ou arquétipo do Templo de Jerusalém (o de Salomão). 

O ecletismo maçônico, sobretudo adquirido a partir do século XVIII e durante a paulatina “aceitação”, aborda inúmeras manifestações de pensamento da humanidade, inclusive da Antiguidade, assim um Templo Maçônico está associado a um canteiro de obras, decorado conforme o rito, cuja orientação topográfica foi haurida da igreja medieval, a sua disposição mobiliária retirada do parlamento inglês (primeiro Templo Maçônico em meados do século XVII em Londres) e os elementos decorativos conforme cada cultura apropriada à doutrina do Rito (hermetismo, pitagorismo, hebraísmo, sumerianos, mitraísmo persa, rosa-cruz, etc.), a despeito dos próprios elementos associados às ferramentas dos canteiros e construtores operativos. 

Faz-se cogente, portanto, o abandono dessa cultura dos que ainda imaginam que um Templo Maçônico é a cópia fiel do lendário templo hebraico. Ora, lendas e alegorias servem apenas como suportes doutrinários para o ensinamento da Maçonaria. 

Finalizando: pelo até aqui exposto, as respostas para as vossas questões ficam prejudicadas já que ficaria difícil mencionar procedimentos litúrgicos adequados para uma situação que é verdadeiramente inexistente.

(1) Candelabro (do latim candelabru). Substantivo masculino. Grande castiçal com ramificações, a cada uma das quais corresponde um foco de luz; serpentina.

(2) Espevitador - atiçador, queimador

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.011 – Florianópolis (SC) – segunda-feira, 4 de abril de 2016

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