PALAVRA SAGRADA
(republicação)
Em 09.10.2015 o Respeitável Irmão Marcius Valerius Gomes Delalibera, Loja Fraternidade Jandaiense, 1.750, REAA, GOB-PR, Oriente de Jandaia do Sul, Estado do Paraná, solicita esclarecimento para o seguinte:
mv_gd@yahoo.com.br
Solicito esclarecimentos sobre o significado da transmissão da Palavra Sagrada.
CONSIDERAÇÕES:
ORIGEM:
Prática do REAA, a transmissão da Palavra Sagrada alude simbolicamente a um costume extraído dos Canteiros Operativos. À época da Maçonaria de Ofício, obviamente não existia transmissão da Palavra, todavia esse costume fora implantado na Moderna Maçonaria com a finalidade de simbolizar o ofício das aprumadas e nivelamentos dos cantos das obras do passado.
Naquela oportunidade, antes de se iniciarem os trabalhos da construção, o Mestre da Obra (atual Venerável) solicitava aos seus auxiliares imediatos, os Wardens (atuais Vigilantes) que verificassem se tudo estava nos conformes para se iniciarem os trabalhos.
Assim, munidos do Prumo e do Nível eles faziam a aferição vertical e horizontal dos cantos da construção. Estando tudo nos conformes (nivelado e aprumado) eles comunicavam através dos seus oficiais de chão (os atuais Diáconos) ao Mestre que tudo estava correto no canteiro de obras, cujos cantos esquadrejados estavam então “justos e perfeitos” propícios para o trabalho. Por assim ser, o Mestre da Obra declarava imediatamente que os trabalhos poderiam ser iniciados.
É oportuno salientar que na Maçonaria Operativa tratava-se de imensos canteiros de obra, daí a exigência profissional de mensageiros para transmitir ordens – considere-se a construção, por exemplo, de uma catedral gótica no século XIII.
No final da jornada de trabalho os procedimentos eram idênticos, já que a resolução era para que os cantos fossem agora aferidos no intuito de se constatar a qualidade dos trabalhos para que os operários pudessem ser recompensados recebendo os justos salários pelo labor.
Dado o ocorrido, os Vigilantes então mediam e conferiam a obra. Estando tudo correto, comunicavam o Mestre que tudo permanecia “justo e perfeito”. Feita à comunicação, o Mestre da Obra solicitava ao Primeiro Vigilante que fechasse o canteiro de trabalho (atual Loja), pagasse os obreiros e os despedisse contentes e satisfeitos até a próxima jornada.
Com o advento da Moderna Maçonaria e o seu aspecto Especulativo, a prática construtiva passaria a ser eminentemente simbólica, porém se fazendo valer de antigos costumes como referência - é o caso da aferição dos trabalhos pelos Vigilantes. Para tanto, adotou-se simbolicamente nesse caso a Palavra Sagrada do Grau para representar essa antiga reminiscência conforme a regra litúrgica e ritualística do procedimento.
Assim sendo, em havendo a transmissão correta da Palavra, o ato passaria a representar a antiga prática “justa e perfeita”, tanto para o início como para o final dos trabalhos de uma sessão maçônica no simbolismo do REAA. Note que no Ritual para a abertura ritualística o procedimento somente se dará após a transmissão da Palavra e a declaração dos Vigilantes que tudo está “justo e perfeito”. Do mesmo modo essa prática se sucede por ocasião do encerramento – não confundir com a declaração do Orador que é sob o ponto de vista legal.
A título de ilustração, há de se notar que as joias distintivas dos Vigilantes permanecem ainda representando o Nível e o Prumo em alusão aos Vigilantes operativos. Do mesmo modo que os antigos oficiais de chão passariam a ser atualmente simulados pelos Diáconos como mensageiros da Loja.
SIGNIFICADO:
No aspecto doutrinário da Moderna Maçonaria, a transmissão da Palavra sendo “justa e perfeita”, em linhas gerais significa que a Loja está propícia para a construção e o aperfeiçoamento do Homem Maçom (elemento primário para edificação do Templo à Virtude Universal), seja na ocasião propícia para o início dos trabalhos (ao Meio-Dia - Juventude), bem como na oportunidade do seu encerramento (a Meia-Noite – maturidade e morte).
Por fim, os rituais simbólicos escoceses a partir do século XIX acabariam dando destaque para esse antigo costume através da transmissão da Palavra como estrutura doutrinária. Enfim, essa é a sua origem e o seu significado.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte:JB News – Informativo nr. 2.074 – Melbourne (Vic.) segunda-feira, 6 de junho de 2016
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