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domingo, 16 de agosto de 2020

PÉ DESCALÇO

PÉ DESCALÇO
(republicação)

Em 04/12/2015 o Respeitável Irmão Benedito Gonçalves da Silva, atual Secretário da Loja Caminho das Oliveiras, 3.694, REAA, GOB-MG, Oriente de Alpinópolis, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão: beneditogsilva@hotmail.com

Sou leitor assíduo de sua coluna no JB News. Aliás, das minhas muitas dúvidas ali foram sanadas. 

Caro Irmão. Hoje estou precisando de seus préstimos, sei que é muitíssimo atarefado, mas rogo que me atenda, se possível. 

Outro dia em Loja, um Irmão Aprendiz muito atento e desejoso de aprender, questionou: Por que um só pé descalço na iniciação maçônica? Será que os ritualistas são omissos? Pergunto. Tudo em maçonaria nos remete a Bíblia Sagrada (sinais, palavras, ornamentos de Loja). Portanto, se Deus disse a Moises: retire suas sandálias, pois pisará em solo sagrado. Baseado neste texto, é que retratei a pergunta muito oportuna do Apr.:. 

Portanto, pergunto: Por que um só pé descalço? E o outro devidamente calçado? Pé com sandália, não pé descalço. 

Dai acho que os rituais são omissos e incoerentes.

CONSIDERAÇÕES:

A questão não é da que “tudo nos remete a Bíblia Sagrada”, até porque nem tudo pode ser assim concluído. 

Sob o ponto de vista teísta ou deísta é que os fatos devem ser analisados, daí se faz cogente compreender a qual vertente pertence o Rito – francês (deísta), ou inglês (teísta).

Do mesmo modo não se pode considerar que as práticas litúrgicas e ritualísticas, sobretudo relacionadas à doutrina de um Rito, ou Trabalho específico são iguais. Consta que a Moderna Maçonaria é composta por Ritos e Trabalhos e destes pelas suas vertentes culturais se diferem em muitas exterioridade. 

A questão do pé descalço na prática iniciática sob da vertente teísta (inglesa) denota o respeito ao solo do recinto – não do sagrado religioso, mas à dignidade da consagração do espaço (Maçonaria não é religião) onde o iniciado pela primeira vez nele pisará. Já sob o ponto de vista da vertente deísta (francesa) o simbolismo se refere mais ao passo claudicante dos primeiros caminhares na infância (representada pelo iniciado) – isso nada tem a ver com o equivocado ato de se arrastar os pés. 

Como a vossa questão se relaciona ao REAA, rito de origem francesa, os passos claudicantes da infância são representados pelo desconforto do pé descalço, o que sugere o ato de se manquejar em contraposição ao outro pé calçado com um sapato. 

Essa é a razão de se ter apenas um pé descalço, o que não é uma demanda de se “retirar as sandálias”, ou os dois calçados, porém a sugestão de representar um caminhar claudicante. 

No que concerne à doutrina do Rito, a alegoria do manquitolar satisfaz simbolicamente à dificuldade daquele que caminha ainda nas trevas em busca da Luz, obviamente não de forma isolada, porém no contexto ritualístico que representa o atenho daquele que na primeira etapa da vida (infância) precisa ainda ser conduzido pelo guia. 

De modo geral o teatro também encena a virtude da humildade. 

Quanto à questão de estar um pé descalço ou calçado por uma sandália, ou ainda por uma alpercata, se trata atualmente apenas de uma prática amparada pela higiene ou mesmo pelo conforto de não submeter o iniciado a tocar com o pé descalço o piso frio do recinto conforme o ambiente atmosférico – a ação é simbólica, portanto sugestiva e não literal a despeito ainda de que também não se pode comparar um ato iniciático representado na Moderna Maçonaria Simbólica com os escritos bíblicos. 

A propósito, o sítio da Loja é a representação simbólica de um canteiro de obras oriundo dos canteiros medievais (nossos ancestrais) decorado conforme os ritos e rituais maçônicos surgidos a partir do Século XVIII e não um templo religioso nos moldes do Templo de Salomão (sic).

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.126 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 28 de julho de 2016

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