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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A VISÃO MONARQUISTA DA REPÚBLICA BRASILEIRA

A VISÃO MONARQUISTA DA REPÚBLICA BRASILEIRA
Acadêmico José Alberto Pinto de Sá
Cadeira n. 36
Patrono: Antônio Ribeiro de Avelar

Muito se tem escrito sobre a proclamação da República, em especial da participação da Maçonaria no movimento republicano e, raras vezes, a questão é abordada do ponto de vista dos monarquistas, evidente que frontalmente contrários à queda de D. Pedro II no dia 15 de novembro de 1889. 

Em suma, que fatores influíram para que o movimento se transformasse num simples ato declaratório, sem luta fraticida ou, sequer, uma reação dos defensores da monarquia, mesmo porque, as forças militares foram que de fato consumaram o ato de deposição do Imperador, num gesto solene do Marechal Deodoro da Fonseca, até então, tanto quanto a maioria do povo brasileiro era fervoroso defensor do regime monárquico.

Historicamente, a proclamação do regime republicano somente se tornou possível diante da crise do poder imperial somada aos interesses de grupos sociais, apoiados pelos militares e por integrantes da maçonaria, então formadores do primeiro ministério republicano.

Especificamente, D. Pedro II não conseguiu conciliar o interesse dos vários grupos sociais e dos militares que defendiam a abolição da escravidão, e os fazendeiros da oligarquia nordestina e sulista que se opunham tenazmente contra a libertação dos escravos, que representavam a principal, senão a única mão de obra de que dispunham para a produção da cana de açúcar nordeste e do café no sul o país. Seria, na visão desse gama da sociedade brasileira, o caos econômico de suas atividades.

A crise se tornou mais séria a partir da perda das bases políticas de D. Pedro e do apoio dos setores mais conservadores da sociedade, com a aprovação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel enquanto no exercício temporário do poder.

Não demorou muito para que a Igreja se colocasse, também, contra o regime monárquico diante da reação de D. Pedro II contrária à decisão do Vaticano em proibir fossem os padres iniciados na maçonaria e, mais, repudiou aqueles que seguiram as ordens papais, uma vez que a Igreja, por força constitucional era subordinada ao Estado.

Os militares, por seu turno, ganharam prestigio popular e relevância política pela vitória na Guerra do Paraguai e influenciados pelo pensamento positivista de ordem e progresso, caminho único para o desenvolvimento do país, passaram à oposição ao imperador, do que se valeram os republicanos para se aproximarem deles e, com mais liberdade de ação, organizaram o golpe de Estado contra a monarquia.

Tomando conhecimento de que D. Pedro teria a intenção de tomar ações repressivas à insubordinação militar, boato divulgado pelos republicanos no dia 14 de novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca, mesmo doente e acamado, foi colocado na sela de um cavalo baio e no dia 15 de novembro de 1889 proclamou a República.

Mas, em sendo o Brasil um país de peculiaridades que o diferencia de outros países, a proclamação da República, passados 210 anos de sua existência ainda gera discussões e debates: para uns, em que pese todas as dificuldades e intempéries enfrentadas ao logo da sua história, a República foi um marco importante para o desenvolvimento político e econômico do Brasil, enquanto outros, apesar da cláusula pétrea constitucional que não permite outro regime no Brasil senão o republicano, ainda assim, a contestam e pregam a volta da monarquia como regime capaz de pacificar todas as correntes e segmentos da sociedade brasileira.

Segundo o escritor Eduardo Prado, em seu livro Fastos da Ditadura Militar no Brasil, de 1889, “a Proclamação da República no Brasil tinha sido uma cópia do modelo dos Estados Unidos aplicada a um contexto social e a um povo com características distintas.”

Prado diz que “A monarquia era o modelo mais adequado para a sociedade que se tinha no país e que a Proclamação da República tinha sido um “golpe de Estado ilegítimo, aplicado pelos militares.”

Para Luiz Philipe de Orléans e Bragança, herdeiro do trono imperial brasileiro e atual Deputado Federal, “A Proclamação da República foi um golpe de uma minoria escravocrata aliada aos grandes latifundiários, aos militares, a segmentos da Igreja e da maçonaria. O que é fato notório é que foi um golpe ilegítimo.”

Pelo sim, ou pelo não, compete a nós, brasileiros de todas as gerações, guardarmos a data de 15 de novembro como um marco da história do Brasil, de forma a sabermos reverenciar os fatos históricos para aflorar o nosso sentimento de patriotismo e de fervor à democracia.

BIBLIOGRAFIA
Eduardo Prado, Fastos da Ditadura Militar no Brasil, de 1889
BBC News Brasil

Fonte: Revista Libertas nº 17

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