Em 12.06.2020 o Respeitável Irmão Renato Peixoto, Loja Eugenio Bargiona, 3.593, REAA, GOB-RJ, Oriente do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a seguinte questão:
SINAL DE SOCORRO
Solicito ao Irmão que pelo seu profundo conhecimento da Ritualística Maçônica, possa me esclarecer o ponto abaixo:
Por que temos o Sinal de Socorro no Grau de Mestre, sendo inexistente nos Graus de Aprendiz e Companheiro?
Entendo que todos somos Maçons e me pergunto por que só o Mestre possui o Sinal. Ouvi diversas explicações, sem, contudo, me convencer.
CONSIDERAÇÕES:
As formas discretas de pedidos de ajuda remontam a época das guildas medievais de construtores nos séculos XII e XIII, principalmente.
No período da Maçonaria de Ofício, também conhecida como Operativa, não existiam graus especulativos tais como os que atualmente conhecemos.
Na época das construções medievais (canteiros), o que verdadeiramente existiam eram duas classes de trabalhadores, conhecidos no ideário maçônico como a dos Aprendizes do Ofício e a dos Companheiros da Arte.
Em linhas gerais, os Companheiros é que possuíam a plenitude do conhecimento, portanto eram autorizados a viajar livremente em busca de atividades do seu ofício. Já os Aprendizes deveriam permanecer nos canteiros pelo tempo necessário do seu aprendizado, geralmente três anos.
Assim, os Aprendizes permaneciam pelo tempo necessário sob a tutela do Mestre da Obra (era um Companheiro mais experimentado) não carecendo com isso conhecer pormenores de reconhecimento (pedido de ajuda), pois a sua permanência era exigida num mesmo local enquanto no seu aprendizado ele servisse o seu senhorio.
Já os Companheiros, caracterizados pelo título de “franco-maçom”, ou os freemasons (operários qualificados), podiam se deslocar pelos diversos rincões em busca de trabalho e de novos contratos para o seu ofício.
Devida a característica de possuir liberdade de locomoção, os Companheiros, além de dominar os sinais, toques e palavras de reconhecimento do ofício, também conheciam sinais que os levariam a porto de salvamento caso enfrentassem revezes e instabilidades no curso das suas jornadas.
Com o advento da Moderna Maçonaria - por excelência composta de Maçons Aceitos - os trabalhos operativos seriam substituídos por trabalhos especulativos. Desse modo, o franco-maçônico básico, universalmente caracterizado por três graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), manteve suas tradições, usos e costumes, contudo a plenitude maçônica deixou o grau de Companheiro e passou a ser exclusividade do 3º Grau.
Assim relembrando a Maçonaria primitiva, a Moderna Maçonaria, no tocante ao hoje nominado Sin∴ de Socor∴, designa este apenas àqueles que alcançarem a plenitude do grau de Mestre Maçom, pois emblematicamente os Mestres Maçons são senhores de todos os caminhos e espaços da Loja, podendo com isso, tal como os franco-maçons do passado se deslocar pelos quatro cantos do Orbe.
Por tudo o aqui exposto, a posse do Sin∴ de Socor∴ é uma questão de plenitude maçônica, destacando que esse sin∴permanece atualmente mais como tradição do que como uma prática explicitamente utilizada. Talvez em casos raros e excepcionais é que se poderia, quem sabe, vislumbrar um Mestre Maçom se utilizando dessa prática fora dos umbrais dos templos maçônicos.
Concluindo, como tradição esse evento permaneceu, em linhas gerais, condicionado à posse da plenitude e é por isso que o maçom, enquanto Aprendiz e Companheiro, não recebe ensinamentos para desvendar esse segredo.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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