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sábado, 6 de março de 2021

COMPANHEIRO

COMPANHEIRO
Ir∴ Gerson Silvio Belli/ Loja "Fiel Amizade" No 72 (GOSC)

Não há unanimidade sobre a origem da palavra Companheiro.

Nosso Ir∴ Valter Manoel Gomes, em artigo publicado no no 127 de O PRUMO , diz que "buscando no latim a etimologia da palavra 'companheiro', vemos que 'cumpanis' significa aquele com quem comemos o pão, com quem dividimos o pão, com quem compartilhamos um ideal(...)". Já Assis carvalho, em seu livro Companheiro Maçom, diz que " a palavra companheiro é de origem latina, mais derivada de uma hipértese 'cum pango'(...). O verbo latino 'pango' alcançava o alto significado de ' ligar fortemente e para sempre e mediante sério juramento, ou o ato de firmar um tratado, uma promessa(...)".

Qualquer que seja a origem, o significado é o mesmo: companheiro é aquele que compartilha, é o amigo, o parceiro, o sócio.

Na antiga Maçonaria Operativa, havia efetivamente apenas um grau, o de Companheiro, que era o companheiro de profissão, aquele com quem eram compartilhados os segredos de ofício. Os mestres eram companheiros mais experimentados aos quais eram delegadas as atribuições de conduzir e dirigir um canteiro, donde se deduz que mestre não era um grau, mas uma função.

O grau de Companheiro é o mais autêntico de todos os Graus Maçônicos, pois o mesmo é um apanhado histórico e doutrinário no qual se fundamentaram todas as fases da ascensão do obreiro ao mais alto grau.

Historicamente, o 2º Grau Maçônico é o legítimo, isto é, se o despojarmos das vestes doutrinárias e especulativas, teremos a expressão do pedreiro livre, formado profissionalmente e habilitado na arte da edificação.

As cinc∴ vviag∴ constantes dos Rituais especulativos e as respectivas passagens de uso de vários instrumentos, constituem uma sugestiva memória dos tempos da Maçonaria profissional e, principalmente, da época medieval das Corporações e respectivas Fraternidades.

Em todos os ritos maçônicos da atualidade, o Grau de Companheiro é o segundo na hierarquia. A admissão ao Segundo Grau sempre constituiu seleção, haja vista que , notadamente em épocas passadas, pouquíssimas pessoas tinham o privilégio da instrução, daí permanecerem no Grau de Aprendiz a grande maioria dos antigos Maçons. Esses irmãos, mesmo sendo homens de bem, iniciados e com plena capacidade intelectual, não poderiam absorver uma cultura formal e, por este motivo eram "Eternos Aprendizes".

Enquanto o Grau de Aprendiz é dedicado à infância do homem e da humanidade, o Grau de Companheiro já corresponde a um estágio superior, que é o da humanidade libertada das superstições e dedicada à verdade científica, sem prejuízo da cogitação do absoluto e do transcendental.

A jóia do Companheiro é a Pedr∴ Cúb∴, destinada ao polimento e justaposição para a construção do Templo Simbólico, erguido com os fundamentos _ juntas e cimento de fraternidade e amor ao próximo _ e
com a solidez da verdadeira justiça.

O Grau de Companheiro ressalta a ação e o trabalho, devendo o obreiro buscar a eficiência de suas ações e usar da força do conhecimento, vencendo suas dúvidas ou resistências, para a realização de um mundo melhor. Para tanto, o Companheiro demonstra sua solidariedade para com os semelhantes, oferecendo o próprio coração (sin.: do Gr.:), em sinal de desprendimento. O seu empenho está em trabalhar na obra da vida.

O Companheiro passa da Perp∴ ao Nív∴, visto que seu grau representa a Igualdade. O Prum∴, do Aprendiz, significa Liberdade ou iniciática da libertação, ou ainda, Independência e Justiça, pois a perp∴ não pende como as oblíquas, significando que o Maçom deve julgar com imparcialidade. O Esq∴, jóia do Venerável, significa que este atingiu a Retidão, estando perfeitamente imbuído do que seja o passo do justo que se dirige à fraternidade. Desta forma, temos a tríade Liberdade (Apr∴ - Prum∴), Igualdade (Comp∴ - Nív∴) e Fraternidade (Mest∴ - Esq∴).

Ao desbastar a Pedra Bruta, o Companheiro é libertado de suas paixões, e pode girar o Comp∴, cujo simbolismo refere-se ao traçado moral do Companheiro, que deve ser sem arestas, a alma equilibrada dentro do círculo da moral. Além disso, o compasso ensina os Maçons a medirem as próprias ações, principalmente com o auxílio de sua consciência e, caso esta não lhe baste, pelo aconselhamento som um Ir∴mais experiente.

A variação ritual do passo, significa que o Comp∴ já está habilitado a variar em alguns caminhos na investigação da Verdade, diferentemente do Ap∴ que, tendo de desbastar a Pedr∴ Brut∴, tem seus passos dirigidos, ou em linha reta, pisando o Pav∴ Mos∴ como lhe ensinaram por ocasião da Iniciação. Por outro lado, o Companheiro é o que passa para o Cosmo, isto é, distancia-se mais da meditação terrestre e entra na cogitação do universal e cosmológico.

A mão sobre o cor.: representa o desprendimento e a coragem de amar ao próximo como a si mesmo.

É também um gesto de solidariedade, como manda a fidelidade aos princípios Maçônicos.

Tendo atingido o Grau de Companheiro, o Maçom deixa para traz o estágio inicial de Aprendiz, etapa em que estudou os ensinamentos dos símbolos encontrados dentro do Templo. A nova etapa caracteriza-se pela continuidade do estudo da Simbologia Maçônica, tendo ainda como objetivo o estudo das ciências naturais, da cosmologia, da astronomia, da filosofia, da história e a investigação da origem de todas as causas de todas as coisas. Como se vê, para atingir um mínimo de instrução nos assuntos pertinentes ao Grau de Companheiro, o Maçom que estudasse com afinco poderia certamente dedicar toda a sua vida, sem contudo atingir a plenitude destes conhecimentos.

A interpretação desta orientação deve mais ser entendida como a predisposição para o estudo, e a consciência da necessidade do desenvolvimento pessoal contínuo. Assim não fosse, e seríamos extremamente pretensiosos ao insinuar que, em tão curto espaço de tempo já tivéssemos o domínio de todos aqueles assuntos. Caso tenhamos humildade suficiente para reconhecermos o quão pouco sabemos, já teremos avançado muito no caminho do auto-conhecimento.

Publicado na edição nº 134 de "O PRUMO"

Fonte: O Pesquisador Maçônico - Revista nº 1

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