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domingo, 4 de julho de 2021

ERROS COMUNS EM FALAS MAÇÔNICAS - PARTE I

ERROS COMUNS EM FALAS MAÇÔNICAS - PARTE I
Ir∴ Osvaldo Novaes, 33º
ARLM Fraternidade Sergipense nº 11
Membro da Academia Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras
Or∴ de Aracaju, Sergipe

DENTRO e fora da Maçonaria, deve o Maçom estar atento para o uso correto da língua portuguesa, visto que não basta ao Obr∴ conhecer o Regulamento, as leis básicas, a ritualística, ou o assunto referido na sua alocução. Nos limites do Templo, falhando na utilização do português, os IIr∴ saberão desculpá-lo. Se houver convidados, quem sabe o que pensarão e comentarão depois. Se tivermos presenças de não-Maçons, os cuidados do Ir∴ serão redobrados, não por exibição, mas para mostrar a Maçonaria afinada com a vida profana, onde as incorreções da língua portuguesa serão duramente castigadas, haja vista os erros em entrevistas e concursos para os empregos desejados. No exame da OAB os erros em português são terríveis e muitos candidatos ficam para trás nas provas da instituição.

NOS TRABALHOS dentro do Templo, ouvimos IIr∴ pouco afinados com a língua portuguesa, mesmo lendo o ritual, e até ostentando o avental de M∴M∴, a falarem de maneira inadequada. Pedem a palavra corretamente e, quando se pronunciam começam falhando nas saudações. Neste modesto trabalho, anotamos algumas falhas que podem ser corrigidas para aprimorar o trabalho maçônico.

SELECIONAMOS algumas expressões usadas e conhecidas para exemplificar nosso propósito, imaginando que outros casos ocorram. Os IIr∴ cuidarão de selecionar outras amostras, orientando os demais sobre o assunto. Vejamos exemplos:

ASSIM SEJE

Notamos (ouvimos) que IIr∴ dizem “Assim seje!” (sic) em afirmação em momentos dos trabalhos maçônicos, dentro e fora do T∴, quando o correto é dizer: “Assim seja!”, valendo a expressão como “Amém”, “Queira-o Deus”, entendido como aprovação, acordo, solidariedade, comunhão de propósitos. Na Sala dos PP∴PPerd∴ o M∴ de CCer∴ invoca o G∴A∴D∴U∴, pedindo-lhe proteção para os trabalhos, e em geral os presentes fazem o coro do “Assim Seja!”, em concordância com o apelo espiritual, mas já ouvimos também “Assim Seje”, numa conjugação de modo verbal não existente em português.

O V∴M∴, após juramentos diante do Alt∴ dos JJuram∴, ou perante o L∴ da L∴, pronuncia a palavra Amém, logo seguido pelos demais IIr∴. De origem hebraica, como muitas outras palavras usadas na Maçonaria, é usada nos Ritos Escocês Antigo e Aceito, Menphis ou Mênfis, Misraim, sempre com o mesmo significado, isto é, acordo, aprovação ou complemento de orações. Nas igrejas em geral, é empregada largamente.

Dentro ou fora do Templo, pois, os IIr∴ usarão a forma correta: “Assim Seja!”

BATER COLUNAS

Um Ir∴, comentando o fato de uma Loja suspender sua atividade maçônica e encerrando sua condição de Loja ativa, afirmou: “A Loja ....bateu colunas” (grifamos), sendo incorreto no uso da expressão, que é, na realidade, “Abateu colunas”, pois bater significa dar pancadas em, malhar, martelar, enquanto abater vale como desmoronar, ir abaixo, derribar, ruir, rebaixar. É o contrário de erguer, elevar, edificar.

A expressão “Abater Colunas” designa corretamente, na linguagem maçônica, o acontecido com Loja que encerrou suas atividades, qualquer que seja a motivação, temporária ou definitivamente. Assim, o uso correto será: “A Loja... abateu colunas”, querendo dizer, deixou de exercer suas atividades regulares, ou por decisão própria ou por determinação daquela potência à qual está subordinada.
Quando volta às atividades regulares, dizemos “Reergueu as CCol∴.

APRENDIZ DE MAÇOM

“Ven∴M∴, como “Aprendiz de Maçom” batem à porta do Templo”, ouvimos anunciar o Ir∴ 1º Vig∴, secundando o Ir∴ 2º Vig.: e o G∴ do T∴. Também às vezes ouvimos: “Vamos fechar esta Loja de AAp∴ de MM∴”.

A expressão correta a ser usada é “Aprendiz Maçom”, e não Aprendiz de Maçom, como dizem alguns IIr∴, desprevenidos com o sentido das palavras. Ao nos referirmos à chegada do Ap∴ ao T∴, devemos dizer aquilo que se relaciona com o grau do Neófito, tanto faz chegado ontem como há cinco meses. Os três graus tradicionais dentro do Simbolismo são: Aprendiz Maçom, Companheiro Maçom e Mestre Maçom. Não há outras denominações. Inexiste um grau de “Aprendiz de Maçom” e não há qualquer designação com esta forma, escrita ou falada, nos anais da Maçonaria.

Não há membros da Loja como “Aprendiz de Maçom”, como poderíamos nos referir a aprendiz de sapateiro, ou de pedreiro, ou de informática. Dizer “Aprendiz de Maçom” é reconhecer um Iniciado como aprendiz às ordens do Maçom mais velho, mais experiente, que lhe ensinaria a Arte Real. Não é o caso, apesar de o Maçom recém chegado estar, teoricamente, recebendo instruções dos Maçons mais antigos. A admitir-se “Aprendiz de Maçom”, logo teríamos “Companheiro de Maçom”,

TRONO E ALTAR

No Templo, apenas existem os altares destinados aos juramentos e ao uso de perfumes. O Ritual de Aprendiz Maçom, p. ex., refere-se expressamente à existência do Altar dos Perfumes, em frente ao Trono do Ven∴ M∴, contendo perfumes a serem queimados; também está referido o Altar dos Juramentos como situado no centro do T∴, onde são feitos juramentos e consagrações, geralmente ao centro do Pav∴ Mos∴

Ritualisticamente, e do ponto de vista místico, os altares devem ter finalidade específica, como é o caso – Altar dos Perfumes e Altar de Juramentos – sendo que diante deste ajoelham-se IIr∴ em determinados momentos do trabalho maçônico, sendo naquele queimados incenso ou ervas aromáticas para favorecer o clima de equilíbrio, de harmonização, necessário ao trabalho realizado. Não dizemos “altar” aleatoriamente, mas na certeza de que a palavra se liga às antigas aras, ou pedras de sacrifício, onde eram sacrificados animais ou ofertados outros bens aos deuses, invocando sua proteção, suas bênçãos para boas colheitas ou vitória sobre inimigos.

Hoje, altar é muito usado nas igrejas para celebrações, mas ali também presentes os significados de oferenda, de invocação, ou de agradecimento. Ninguém ali sentava, ou usava o local para outra atividade. Daí, inviável admitir-se como “altar” os locais onde se assentam o V∴M∴, ou os VVig∴, resultando errônea a expressão: “Ao lado do altar do 1º Vig.:”, usada na ritualística maçônica. Haverá a designação “altar” para as peças existentes no Pav∴ Mos∴, no Oc∴, e diante do trono do Ven∴M∴, no Or∴.

Quanto a trono, esta palavra designa especialmente a cadeira onde se sentará um rei ou outro governante. “Trono de São Pedro” designa a cadeira onde se senta o Papa, “governante” da Igreja Católica; em atos solenes, os soberanos (reis, imperadores) estão sentados no trono, uma cadeira alta, onde presidem os trabalhos de uma assembléia. O trono é assento exclusivo de quem é a maior autoridade presente ao ato, é emblema de seu poder. “O trono do Rei da Inglaterra”, “O trono do Imperador D. Pedro I”, “O trono do Ven∴ M∴”, “O trono do Rei Salomão” são expressões corretas.

Assim, não devemos nos referir às mesas dos 1º e 2º VVig∴ como “Altar do Ir∴ 1ºVig.:” ou “Altar do 2º Vig∴. A denominação correta será “A mesa do Ir∴ 1º Vig.: (ou Ir∴ 2º Vig.:)”. Também o V∴M∴ estará em uma mesa e não em um altar. Da mesma forma, os OOf∴ (v.g., IIr∴ Secretário, Tesoureiro, Orador, Chanceler) ocupam mesas para cumprir suas tarefas em Loja.

Dentro da Loja, somente há um trono: o do Ven∴ M∴, denominado como “Trono do Rei Salomão”, em referência a um dos pilares dos ensinamentos maçônicos.

Para que o artigo não fique muito extenso, irei segmenta-lo e na próxima semana veremos mais palavras.

Fonte: https://fraternidadesergipense.mvu.com.br

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