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sábado, 9 de outubro de 2021

TOPO DA COLUNA DO NORTE E O EQUÍVOCO DE ESTAR PRÓXIMO À BALAUSTRADA

Em 08.03.2021 o Respeitável Irmão Luís Paulo Nunes Melo, Loja Rui Barbosa, 194, REAA, GOMG (COMAB), Oriente de Caeté, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão:

TOPO DA COLUNA DO NORTE

Meu irmão Pedro Juk, acabo de participar da sua palestra no Grupo Lives Maçônicas e gostaria de fazer uma pergunta.

Existe algum rito, em que o topo da Coluna do Norte fica próximo ao Irmão tesoureiro.

CONSIDERAÇÕES:

Existe sim, e é tudo uma questão de conduta doutrinária.

Existem ritos em que os Aprendizes sentam na primeira fileira da frente, mais próximo do Oriente, isto é, na banda nordeste da Loja, enquanto que em outros ritos eles ocupam o topo da Coluna do Norte.

Os ritos que determinam a posição no Nordeste, como é o caso do Rito de York, assim o fazem porque revivem costumes hauridos da Maçonaria primitiva quando os construtores das corporações medievais, nossos antepassados, fincavam a pedra angular da construção (primeira pedra da base) no lado nordeste do terreno.

Destaque-se que as construções das grandes catedrais se deram na Idade Média no hemisfério Norte. Isso fazia com que os projetos da obra tivessem uma referência a partir do lado nordeste abrindo grandes aberturas para o lado Sul (meio-dia), quadrante mais iluminado para se aproveitar a luz do sol.

Graça a isso, fazendo uma relação com a etapa inicial da obra – a primeira pedra – os Aprendizes, por estarem no início da jornada maçônica, tomam assento, em alguns ritos, no lado nordeste, no caso na fileira inicial da banda norte do recinto (esses ritos geralmente não possuem balaustrada).

No caso da pedra angular, existe aí uma analogia da primeira pedra com o primeiro grau (etapa inicial).

Outros ritos, entretanto, a exemplo do REAA, que marca no topo das colunas o trajeto iniciático do obreiro, colocam seus Aprendizes no topo da Coluna do Norte. Isso se explica porque o REAA é um rito solar e o seu arcabouço doutrinário compara a evolução do obreiro nos graus simbólicos com a revolução anual do sol ao produzir sobre a superfície da Terra, as estações do ano – opostas conforme o hemisfério.

Em síntese, é a alegoria do renascimento, vida e morte da Natureza comparada ao iniciado – misticismo dos cultos solares da Antiguidade.

Nesse caso, as Colunas Zodiacais marcam no templo esses ciclos a partir da primavera no hemisfério Norte (21 de março), fixando seis colunas no topo da Coluna do Norte, três indicando o ciclo da primavera (Áries, Touro e Gêmeos) e outras três indicando o verão (Câncer, Leão e Virgem).

Alegoricamente esses ciclos naturais remontam à existência do Aprendiz que simula iniciaticamente a infância na primavera e a adolescência no verão.

Sob essa óptica, o Aprendiz percorre o topo da Coluna do Norte partindo da primeira coluna zodiacal localizada no canto noroeste (próxima ao 1º Vigilante) até a sexta coluna que fica junto à grade do Oriente. Esse é o caminho do Aprendiz no REAA.

Emblematicamente, o Aprendiz ao atingir a sexta coluna (Virgem) demonstra o fim da adolescência e o começo da juventude. Desse modo ele cruza do Norte para o Sul onde, como Companheiro senta no topo da coluna do meio-dia, agora sim próximo a grade do Oriente para romper a jornada da idade adulta em direção a maturidade e fenecimento (do outono até o inverno).

É bom que se diga, que essa descrição emblemática está relacionada ao hemisfério Norte, por ser a região onde nasceu a Maçonaria e a quase totalidade dos seus ritos especulativos.

Vale mencionar que o topo do Norte (região boreal) é a mais distante do equador, fato que lhe dá regionalmente o caráter de ser a banda mais escura por estar distante do equador. Aos olhos dos que habitam a região setentrional o Sol aparenta se deslocar para o lado Sul. Por essa razão é que os Aprendizes, no principio da jornada em busca da Luz, ocupam o lugar que simbolicamente é o mais escuro, ou distante da Lua.

Topo da Coluna do Norte num templo maçônico. Explica-se: é a parede norte, entre a balaustrada e o canto da parede oriental a noroeste do recinto. Assim também o é o Topo da Coluna do Sul, porém no lado oposto, entre a balaustrada e o canto da parede ocidental a sudeste.

Vislumbra a Coluna do Norte aquele que ao entrar no templo vê à sua esquerda todo o espaço compreendido entre o eixo do templo (equador) e a parede Norte e longitudinalmente desde o extremo do Ocidente até o limite com o Oriente. Do mesmo modo, mas à direita de quem entra, fica a Coluna do Sul que é todo o espaço compreendido entre o eixo do templo e a parede Sul e longitudinalmente desde o limite com o Oriente até o extremo do Ocidente. As Colunas do Norte e do Sul correspondem simbolicamente aos hemisférios Norte e Sul. O equador, nesse caso, é o eixo longitudinal do templo.

O topo das Colunas do Norte e do Sul corresponde às paredes Norte e Sul respectivamente e é onde se localizam as 12 Colunas Zodiacais (seis ao Norte e seis ao Sul). No templo, o lado mais distante do equador, à sua direita e à sua esquerda, é o topo da coluna.

Como referência, a constelação de Áries estará sempre no Norte, assim como a de Capricórnio sempre ao Sul.

As Colunas Vestibulares B∴ e J∴ marcam a passagem dos trópicos de Câncer e Capricórnio respectivamente. Entre elas, passa o equador do templo. É bom que se diga que nos ritos solares, a Loja, ou a Oficina, simula um segmento retangular situado sobre o equador terrestre.

Graças ao pouco entendimento das particularidades da ritualística maçônica por parte de alguns é que encontramos Aprendizes, em ritos solares, sentados próximo a balaustrada. Isso ocorre por dois motivos: uma por cópia de costumes de outros ritos, como é o caso do canto nordeste e outra porque confundem o topo do Norte, que é a parede norte, com a balaustrada do Oriente.

Há ainda aqueles que desconhecem por completo a razão de existirem Colunas Zodiacais em alguns ritos, aliás, desconhecem por completo a estrutura doutrinária e iniciática dos ritos solares e dos ritos operativos, razão pela qual encontramos rituais equivocados que colocam no REAA Aprendizes recém-iniciados próximo a grade do Oriente. Ora o recém-iniciado (início da jornada) senta-se em Áries não em Virgem.

Concluindo, reitero que toda essa exposição se reporta ao ponto de vista do hemisfério Norte. Por óbvio, ritos que nasceram abaixo da linha do equador, isto é, no Sul, como é o caso do Rito Brasileiro, trabalham sobre o ponto de vista do Sul. Portanto, como acontece com as estações do ano, opostas conforme o hemisfério, também na Maçonaria invertem-se as posições em relação ao Norte.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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