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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

OS FRACOS NÃO TÊM VEZ NA MAÇONARIA

OS FRACOS NÃO TÊM VEZ NA MAÇONARIA
Autor: Márcio dos Santos Gomes

Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito. (Martin Luther King)

Preliminarmente, que fique claro que a presente reflexão não tem nada a ver com a trama de “Onde os fracos não têm vez”, um misto de “western” e “film noir”, vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2008, e enseja uma mensagem no sentido de que, para sobreviver naquela loucura, fraqueza é algo que realmente não poderia ser demonstrada.

No cenário pós-pandemia do novo coronavírus, certamente a rotina de distanciamento social deverá ser atenuada, com restrições, permitindo o retorno aos nossos trabalhos e encontros sociais, com mudanças comportamentais que certamente impactarão hábitos já consagrados. Possivelmente, não teremos de volta a vida de antes. Difícil mesmo vai ser superar o vício das videoconferências e lives que parecem ter vindo para ficar (N.B: clique AQUI para ler o artigo “TFA e Pós-Pandemia”).

É certo que alguns ajustes relativos à higiene e interação pessoal se farão necessários até que a tão aguardada vacina contra a Covid-19 esteja disponível para todos. Muitas medidas hoje adotadas em nome do controle sanitário e novas formas de vigilância poderão surgir de acordo com cada faixa etária. Mesmo o Brasil terá que se submeter a um processo de reconstrução do tipo pós-guerra. Não podemos nos esquecer da nossa responsabilidade pelos riscos que podemos representar para as outras pessoas com o nosso comportamento.

Essa vontade quase incontrolável de retornar ao “normal” não pode se basear na irresponsável certeza de que nunca seremos atingidos pelos males que afetam os outros, ignorando as lições desastrosas que são evidenciadas diuturnamente nas publicações jornalísticas.

Em recentes discussões já se especulava sobre o futuro distante da maçonaria à luz dos avanços da inteligência artificial, com “iniciações” cibernéticas, em cenário abrangendo lojas virtuais (algumas já são realidade), com hologramas dos obreiros projetados nos respectivos cargos e posições ritualísticas, e outras tecnologias ainda a se tornarem realidade e muito mais (N.B: clique AQUI para ler o artigo “Especulações a respeito das iniciações no futuro”). Ocorre que esse tempo foi acelerado pela pandemia do coronavírus que motivou a realização de reuniões com os recursos de videoconferência, que vêm suprindo o impedimento de reuniões presenciais frente às restrições impostas pelas autoridades de saúde.

Quanto à continuidade dessa prática já exsurgem resistências, em especial de um grupo pouco afeito à tecnologia e agarrados a tradições que entendem não podem ser submetidas a novas leituras, em face da força avassaladora da modernidade. Não se pode descontinuar o uso de reuniões virtuais. Não temos como voltar atrás. Ainda mais inconcebível descartar as reuniões presenciais, pois a proximidade física, a fraternidade entre os irmãos, é imprescindível por se constituir na verdadeira razão de ser da Ordem. É certo que obstáculos sempre existirão, mas não são intransponíveis, dependendo da forma e da motivação com a qual os encaramos. O importante é que seja mantido o equilíbrio entre as tradições e o uso das atuais ferramentas tecnológicas.

Outro cenário que se vislumbra em nossas Oficinas envolve o agravamento da evasão de obreiros, em especial dentre aqueles com mais de 60 anos, enquadrados no grupo de risco da pandemia. Argumenta-se que muitos hoje sofrem pressões de familiares para redobrar os cuidados, considerando-se que já se fala que o novo coronavírus veio para ficar, constituindo-se em perigo permanente, mesmo na iminência do desenvolvimento de um antídoto. A comunicação nessa área ainda não está clara. Tiroteios de palpites vêm de todos os lados.

Tal perspectiva leva em conta o argumento de que as condições ambientais de nossas Lojas, na sua maioria, podem se enquadrar como insalubres, dado que o espaço é reduzido, com proximidade física entre jovens e idosos, e sem ventilação natural, com sistemas de ar condicionado capengas e sem manutenção periódica. Não se discute que essas condições podem ser revistas e um controle mais rígido de manutenção possa ser planejado e executado com responsabilidade pelos gestores.

Por outro lado, especula-se que esse pode ser um argumento para aqueles de diferentes idades maçônicas que já vislumbravam a possibilidade de abandonar a Ordem e que essa seria uma boa oportunidade de afastamento, dispensando-se maiores justificativas. Se tal avaliação procede, pode-se concluir que esses possíveis desertores não foram objeto de uma sindicância mais aprofundada ou que decepções podem ter comprometido as expectativas criadas anteriormente.

Quando a saída não é atribuída a algum conflito de compromissos ou dificuldades financeiras, a frustração pode ser consequência de interesses pessoais não atendidos, pois a aceitação do convite para integrar a Ordem tinha como objetivo tirar algum proveito pessoal, servir de meio para atingir interesses na área profissional ou o candidato imaginava participar de um clube social ou, apenas e tão-somente, conquistar novas amizades, desfrutar do seu status ou conquistar algum cargo de relevo com os contatos que se abrem no mundo profano.

Maçons de raiz entendem que os insatisfeitos devem mesmo pedir para sair, pois a Maçonaria é para cidadãos conscientes, livres pensadores, otimistas em relação à vida, sonhadores, abnegados e comprometidos com os estudos, onde os fracos nesses quesitos não têm vez, principalmente em tempos difíceis. Esses sinais de fraqueza podem ser observados dentre aqueles obreiros que demonstram intolerância constante, com uma arrogância e um nervosismo desproporcional, manifestada durante os trabalhos ou especialmente nos grupos de WhatsApp das Lojas, quando saem por qualquer discordância, retornam mais tarde e voltam a se desligar novamente, num vaivém interminável.

Como diz um veterano obreiro que se destaca pela autoproclamada sabedoria “pai d’égua”: “eles se acham os bacanas e nós não os reconhecemos como tal”. Ainda segundo ele, muitos dos que se acham os “reis da cocada preta” e consideram-se figurões da Ordem se melindram quando têm seus posicionamentos questionados ou não conseguem emplacar suas ideias. Alguns se ausentam sem justificativas ou desaparecem sem se despedir. Que sejam felizes!

Enfim, os que se orgulham de pertencer à Ordem e comungam com os seus princípios e fundamentos, e se constituem nas colunas da sabedoria, da força e da beleza, garantidoras da continuidade dos trabalhos, não se deixam abalar com as vicissitudes, honrando com vigor os compromissos assumidos. Portanto, com ou apesar das incertezas, sigamos em frente!

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

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