O Respeitável Irmão Alberto Sobrinho, Loja Liberdade e União, 1958, REAA, GOB-GO, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, apresenta a seguinte questão relativa ao Sistema de Orientação Ritualística do GOB.
PRIMEIRA VISÃO DO INICIADO
Semana passada fui questionado por um irmão, ex Ven∴ de uma Loja próximo a Goiânia sobre a alteração contida no Ritual do Grau 1, na segunda instrução do Grau.
Texto editado no Ritual - Segunda Instrução – Página 172 – 4.2 2 - Instrução – 6º parágrafo:
1º Vig∴ - Visualizei o L∴ da L∴, o Esq∴ e o Comp∴. As Três Grandes Luzes da Maçonaria.
Retificação no SOR (GOB-RITUALÍSTICA)
1º Vig∴ - Visualizei por primeiro IIr∴ que apontavam espadas para mim. Mais distante, ao fundo, visualizei ainda o Alt∴ dos JJur∴ que tinha sobre ele o L∴ da L∴, o Esq∴ e o Comp∴ - as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria.
Considerando que a primeira luz que deve ser acesa é a que ilumina o altar dos juramentos, porque a citação de ter visto primeiro os IIr∴ com a espada apontada para o iniciando, em detrimento das 03 luzes emblemáticas, a colocação muda um entendimento secular para o iniciando ao receber a luz, porque a alteração?
Não pude discutir com o irmão que me perguntou, pois fez a defesa, a meu ver de modo correto, prevalecendo a visão das 03 grandes luzes emblemáticas.
Pela orientação, agradeço.
CONSIDERAÇÕES:
Vale primeiramente mencionar que no REAA não existe nenhuma luz (vela, lâmpada elétrica, ou outro dispositivo de iluminação) sobre o Altar dos Juramentos na intenção de especificamente iluminá-lo.
A primeira luz (no grau de Aprendiz) que é acesa é aquela que representa o Venerável Mestre, ou a primeira Luz da Loja. É ponto pacífico que o Venerável Mestre e os Vigilantes são as Luzes da Loja.
Essa primeira luz é uma das que se colocam acesas nos candelabros de três braços em Loja do 1º Grau. Os três candelabros ficam sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e mesas dos Vigilantes respectivamente. No REAA as luzes acesas nos candelabros, em número conforme o Grau, não possuem o desiderato de iluminar ambiente, mas de demostrar esotericamente que quanto maior o número de luzes acesas maior é o grau de evolução do obreiro. Para elas dá-se o nome de luzes litúrgicas. No REAA não existe nenhum cerimonial para o seu acendimento, senão o de disciplinar uma ordem obedecendo a hierarquia entre as Luzes da Loja. Originalmente, nos primeiros rituais do REAA as luzes litúrgicas eram acesas antes do início dos trabalhos e apagadas depois do encerramento.
Sobre o Altar dos Juramentos, que fica separado e logo à frente do altar
principal no REAA, se colocam as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria, destacando que sobre o Altar dos Juramentos não existe nenhum outro objeto na intenção de iluminá-lo. Sobre ele não existem velas ou outros dispositivos similares. luzes litúrgicas nada têm a ver com Luzes Emblemáticas.
É notório também o termo Luzes Emblemáticas é dado ao conjunto formado pelo L∴ da L∴, pelo Esq∴ e pelo Comp∴.
Esses elementos emblemáticos possuem alto valor iniciático na Maçonaria e são comumente conhecidos como os Paramentos da Loja.
Diante disso, a luz litúrgica acesa (vela ou uma pequena lâmpada elétrica) encaixada no candelabro de três braços que fica sobre o Altar principal, não no dos Juramentos, nada tem a ver com as Luzes Emblemáticas e nem tem a função de “iluminar” o L∴ da L∴, o Esq∴ e o Comp∴.
Vamos aprender que uma Loja é dirigida por Três Luzes (Landmark), isto é, pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes. Desse modo, essas são as Luzes da Loja, então simbolizadas pelas Luzes Litúrgicas. Vamos aprender também que uma Loja (corporação maçônica e reunião regular de maçons) só existe quando for declarada aberta pelo Venerável Mestre na presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria que é o L∴ da L∴, o Esq∴ e o Comp∴. A ritualística de abertura e encerramento da Loja se dá de acordo com o grau e o ritual que a Loja pratica.
No tocante à sua questão e a arguição do ex-Venerável Mestre mencionado, me parece que ele está se confundindo e misturando as coisas na tentativa de arranjar uma justificativa para esse imbróglio, pois no teatro iniciático do “Fiat Lux”, no REAA, e sob o ponto de vista do Iniciado, ele ao receber a Luz vê por primeiro as espadas para ele apontadas por Irmãos Mestres Maçons que ocupam a primeira fileira de assentos do Norte e Sul das Colunas. O significado dessa passagem ritualística é explicado na ocasião pelo Venerável Mestre (página 135 do ritual).
É bom que se diga que na maioria dos ritos de origem francesa, o Iniciado recebe a Luz estando no extremo do Ocidente, ou seja, próximo à porta. Oposto a ele, distante, e no outro extremo da Loja, no Oriente, em frente ao Altar ocupado pelo Venerável Mestre, fica o Altar dos Juramentos com o conjunto das Três Grandes Luzes Emblemáticas arrumado sobre ele (só permanecem unidos em Loja).
Assim, no recinto da Loja, entre a visão do Iniciado e as Três Grandes Luzes Emblemáticas no lado oposto, há uma distância considerável, isto é, entre aquele que acabou de receber a Luz (extremo do Ocidente) e o Altar dos Juramentos (no Oriente), ficam os Irmãos que lhe apontam as espadas – numa questão lógica o Iniciado vê por primeiro as espadas que lhe são dirigidas para depois, mais distante dele, além da balaustrada vislumbrar o L∴ da L∴, o Esq∴ e o Comp∴.
Essa contradição ocorre no ritual em vigência porque a segunda instrução nele prevista não é a correta para do REAA e foi inserida inadequadamente há muito tempo atrás, por conseguinte, vem sendo paulatinamente copiada de um para outro ritual.
Na verdade, essa parte da instrução é uma cópia indevida de outro ritual, o do Craft inglês, onde no Rito de York sim o Candidato recebe a Luz no Leste diante das Luzes Maiores – título dado às Luzes Emblemáticas na Maçonaria Inglesa - que ficam sobre o pedestal (mesa) ocupado pelo Venerável Mestre.
Vale mencionar que na Maçonaria Inglesa não se adota um altar separado como o dos Juramentos que se vê no REAA.
Desse modo, no caso do Craft (ofício), o Candidato ao receber a Luz no Leste diante das Luzes Maiores obviamente vê por primeiro o L∴ da L∴, os Esq∴ e o Comp∴, o que não ocorre no REAA que é um rito oriundo da França e o candidato recebe a Luz longe das Luzes Emblemáticas.
Destaque-se ainda que na liturgia de iniciação no Craft não existe a alegoria das espadas apontadas para o Candidato. Resumindo, nos costumes ingleses o Iniciado vê a Luz no Leste (Oriente), enquanto que nos franceses vê no extremo do Ocidente (lado oposto da Sala da Loja).
Assim, a questão não é de alteração de um costume “secular” (sic), mas a de extirpar um erro “secular” que vem se repetindo de há muito nos nossos rituais. Por esse viés é que o Sistema de Orientação Ritualística do GOB houve por bem apresentar essa correção.
Por essa razão é que a orientação prevista no SOR menciona nesse contexto o termo: “vê por primeiro”. Nesse caso nos parece que bem mais próximo do protagonista, no momento do Fiat Lux, estão os Irmãos a empunhar espadas apontadas em sua direção do que o Altar dos Juramentos que fica além da balaustrada no Oriente.
Ao concluir e a título de ilustração, vale registrar que não raras vezes muitos Irmãos, baseados na instrução ainda equivocada do ritual questionavam, provavelmente baseados pela resposta dada pelo Candidato, que ele deveria então receber a Luz o mais próximo possível do Altar dos Juramentos, isto é, não mais no extremo do Ocidente, mas o mais chegado possível das Luzes Emblemáticas. É como diz o ditado, em nome de algo que começava equivocado, queriam entortar a boca conforme o hábito do cachimbo.
Assim, ao invés de aumentar o erro para arranjar uma acomodação, a Secretaria Geral de Orientação Ritualística achou por bem manter o candidato no lugar consagrado no extremo do Ocidente, contudo adequando o texto para atender a disposição ritualística e dialética daquele momento.
Desse modo, nos parece que na estrutura ritualística do ritual nenhuma tradição “secular” foi quebrada.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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