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quinta-feira, 16 de junho de 2022

ANTIGOS DEVERES E NOVAS OBRIGAÇÕES

ANTIGOS DEVERES E NOVAS OBRIGAÇÕES
Ir∴ Antônio do Carmo Ferreira
Grão Mestre do GOI-PE - Or∴ Recife - PE


Tenho alertado nossos irmãos Maçons a respeito dos compromissos para com a comunidade em que nos encontramos por ser aí que residimos ou em face de, em seu âmbito, achar-se instalada a nossa Loja. Em ambos os casos, direta ou indiretamente, o Maçom tem a ver com essa comunidade, como qualquer outro cidadão o tem em iguais circunstâncias, devendo com ela contribuir para melhoria de seus costumes e bem estar de todos que ali habitam. Mais ainda porque é para tornar felizes as pessoas que nós nos entranhamos de Maçonaria. Pelo menos este é o objetivo. E mesmo porque ao se beneficiar o todo, a parte do mesmo termina por usufruir desses benefícios.

Quando, em meus artigos, refiro-me à Maçonaria comunitária, quero tratar deste assunto. Digo que cada Loja deve ter o seu projeto e até pareço exagerar nestas referências.

Entendo que é através desse instrumento que se põe em prática o que foi a prendido durante a formação templária, como também que o projeto estimulará a permanência do Maçom, por muito mais tempo, em atividade na Ordem. Basta constatar que a execução do projeto leva o Maçom a envolver-se com ele, constituindo-se num desafio, seja por sua condição de contribuinte dos meios, seja como dirigente. E nestas condições, decerto, não serão regrados esforços para que a missão tenha pleno êxito.

Quero ressaltar, porém, que o envolvi mento, tal como foi exposto acima, torna-se um fato circunstancial. Enquanto que o caráter de construtor social que se assume ao ser iniciado Maçom adverte-me que este envolvimento deve ser inerente. A construção social é compromisso que o Maçom deve resgatar não por uma obrigação (entendida aqui como um gesto forçado), mas sim por amor à realização do que lhe é devido.


A filantropia que está na definição da Ordem, é o nome deste compromisso, sendo seu exercício parte exotérica da vida do Maçom. Falhar para com ele nem pensar, dado que tal indiferença, todos sabemos, seria desonroso para o Iniciado.

“Amar ao próximo” foi um mandamento que se tornou evidente com o nascimento da civilização cristã e está catalogado entre as virtudes Maçônicas que nos são da das a conhecer desde a passagem pelo “banco das reflexões”, claro que chamando a atenção para o fato de que a prática dessa virtude ilustrará nossos dias, daí em diante e por toda a vida. O apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios, estabeleceu esta marca que a Maçonaria tomou como mote: “Ninguém busque o seu interesse, mas o do próximo” (I Cor 10, 24).

A mim me parece que já se torna necessário a Ordem repensar seu dicionário no tocante à expressão “amor fraternal”. É o “espírito do tempo” que exige isto. Os Estatutos das Potências estão cansados de repetir que a “Maçonaria é uma Instituição Iniciática, Filantrópica...” Mas já está no momento de ir mais além, explicitando que “filantropia” não é teoria, é prática e, como tal absolutamente necessária, distinguindo-se de “caridade”, a qual, embora contida na filantropia, é de menor hierarquia.

Em nossos dias, fazer caridade é dar uma esmola, isto é, colocar, por exemplo, algum dinheiro na bacia do pedinte postado na cabeceira da ponte, ou servir um prato de sopa na calçada de sua residência a alguém que passa faminto, ou dar um velho e surrado cobertor a quem treme de frio de baixo da marquise, etc. Houve um tempo distante, mais de 2 mil anos, em que a palavra “caridade” era sinônimo perfeito de pleno
“amor ao próximo”, a ponto de ser uma das três virtudes teologais. As duas outras eram Fé e Esperança, mas elas ambas subalternas à caridade (I Cor 13, 13).

Filantropia, nos tempos de hoje, ocupa um espaço mais amplo. É um estágio mais evoluído dessa caridade. Esse gesto de dar esmola, e não são poucos que entendem as sim, contribui para corromper os costumes Já a filantropia não. É a contribuição não somente destinada a atender a carências imediatas, mas também e sobretudo o caminho para fomentar a melhoria das condições de sobrevivência seja de uma
organização, se ja de uma coletividade. É uma contribuição para o progresso, o qual também se inclui na definição da Ordem: Iniciática, Filantrópica, Progressista ... daí ser preciso e urgente reformar nosso dicionário!

O projeto de filantropia é uma proposta da Loja. Não deve ser uma imposição do Venerável nem de qualquer obreiro isolado.

Pois, por seu significado e destinação, é um instrumento consensual. Todos os membros da Loja deverão estar engajados. Será uma imensa Oficina. Tanto que se me proponho a realmente ser um Construtor Social, tenho que me debruçar sobre esta nobre missão, conhecendo minha comunidade e suas carências, interpretando os seus sonhos, avaliando suas possibilidades, estabelecendo prioridades, colaborando,
enfim, com a pavimentação de seus grandes caminhos.

Se o quadro da Loja é de poucos obreiros, juntem-se várias Lojas. Se já existe um projeto vitorioso, procuremos nos associar à iniciativa. Que a Loja não seja o limite, mas a vertente. Não esquecer que antes como agora a Ordem é construir. Que à responsabilidade individual sobreponha-se o compromisso coletivo da Oficina, como o “Orvalho do Hermon” da Maçonaria comunitária do mundo atual.

Fonte: Fonte: omalhete.blogspot.com

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