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terça-feira, 28 de junho de 2022

DEÍSMO E TEÍSMO

Autor: Antônio Carlos Rios

Tenho encontrado em alguns trabalhos maçônicos o uso dos termos “Deísmo e Teísmo”. Estes termos ainda são para alguns Irmãos pouco conhecido. Como também de difícil entendimento. Para que possamos Ter um melhor conhecimento e entendimento sobre estes dois termos, realizei um trabalho de pesquisa que aqui apresento.

Deísmo

Em seu Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia, Nicola Aslan nos explica:

“Deísmo – Tem esse termo dois usos comuns. Para alguns, Deus não tem uma relação imediata com o mundo, razão pela qual é inútil pedir-lhe ação através de súplicas. Essa concepção não possui qualquer valor filosófico, e aqui consta apenas como ilustração. Outra concepção afirma a existência de Deus, autor da natureza, não, porém, proveniente, sem atributos morais, e que não é merecedor de um culto especial, nem se manifestou ao homem pela revelação.”

O que Alec Mellor, em seu Dicionário da Franco-­Maçonaria e dos Franco­-Maçons, nos apresenta sobre o tema Deísmo:

“Num primeiro sentido, esse termo designa a crença em Deus, mas num segundo, totalmente diferente, um sistema metafísico próprio, nascido na Inglaterra no século XVII, ilustrado por Shaftesbury, Toland, Chubb e, sobretudo, Bolingbroke, o qual opunha a ‘religião natural’ à religião revelada e mais especialmente ao cristianismo.”

O Ilustre Irmão Roberto Malfatti, em seu trabalho intitulado A Maçonaria é Teísta ou Deísta, diz:

“O deísmo é um sistema filosófico-­religiosa ou espécie de religião natural. Não nega a existência de Deus; entretanto Deus só pode ser alcançado por argumentos puramente racionais. A intervenção de Deus no mundo também é desnecessária, negando, por conseguinte, a sua Providencia. Por isto, também lhe repugna o milagre, bem como toda a intervenção sobrenatural.”
Teísmo

Nicola Aslan nos explica:

“Teísmo – Doutrina filosófica que afirma a existência de um Deus pessoal, o qual, depois de criar o mundo, exerce sobre ele constante ação providencial.”

O Ilustre Irmão Roberto Malfatti nos diz:

“O teísmo é a crença em Deus e na imortalidade da alma. É uma doutrina filosófico-­religiosa que afirma a existência de um Deus pessoal que age pela sua providencia no mundo. Historicamente, remonta aos gregos. Em seu conceito, são determinantes a existência e a causalidade divinas. É a base fundamental das grandes religiões monoteístas.”

Frederico Guilherme Costa, em sua obra Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz:

“Os ritos teístas, ditos irracionalistas não escapam do racionalismo, pois utilizam a razão, o discurso lógico, para demonstrar a racionalidade ou o ‘absurdo’ (sic) do nosso adogmatismo.”

Dizem ainda os autores das obras aqui citadas sobre o tema pesquisado:

Nicola Aslan:

“A diferença fundamental existente entre deísmo e o teísmo é que, para o primeiro, Deus ou confunde-­se com a natureza, como na panteísmo, com o qual se identifica, ou exclui­-se e separa-­se dela como no dualismo diacrítico, sem interferência de qualquer espécie junto a esta ou enfim, è um ser neutro, como o it is da Teosofia, enquanto no teísmo Deus é pessoa.”

Alec Mellor:

“A Franco-­Maçonaria regular é não somente deísta, mas teísta, o que significa que o Deus que ela reconhece, invoca e para o qual reza na Loja é o Deus criador ou, caso se prefira, um Deus pessoal e não uma entidade vaga, tal como concebem os sistemas metafísicos como o imanentismo ou o panteísmo. Nenhum equivoco poderia subsistir a esse respeito..”

Roberto Malfatti:

“A Grande Loja Unida da Inglaterra rompeu com o Grande Oriente da França, por Ter ele eliminado de seus Rituais a expressão Grande Arquiteto do Universo (G∴A∴D∴U∴), sendo, portanto deísta, dando assim liberdade sem paralelo para qualquer influencia religiosa.”

Frederico Guilherme Costa:

“O Rito Moderno nasceu para respeitar o Homem em seus valores essenciais, seja ele um teísta, um deísta, ou um atento espectador. Tinha e tem como meta o aperfeiçoamento da humanidade, cultiva a Fraternidade através da Liberdade e da Igualdade.”

Comentários

A meu ver, os praticantes do R∴E∴A∴A∴ são considerados teístas. Já os modernistas, praticantes do Rito Moderno, são considerados deístas. No meu caso em particular em virtude do meio em que fui criado, o cristianismo, me considero teísta. Mas não posso deixar de expressar minha admiração pelo Rito Moderno. Anos atrás, eu e alguns Obreiros, entre eles os Irmãos: Aparecido, Jeová, Peres, Luciano, Antônio Fernandes e Deusmar, resolvemos juntos, fundar uma nova Loja. O Irmão Aparecido ficou encarregado de pesquisar e nos apresentar o rito que esta nova Loja adotaria. O rito escolhido pelo nosso Irmão foi o Moderno. Lembro como se fosse hoje, repudiei veemente e num primeiro momento fui radicalmente contra. Como poderíamos trabalhar com um rito que tinha abolido a fórmula, a invocação, ao Grande Arquiteto do Universo? Como poderíamos trabalhar com um rito que aboliu o Livro da Lei, ou seja, a Bíblia? Até então considerávamos o Livro da Lei, somente a Bíblia. Sabe aquele ditado profano: desta água eu não beberei? O que aconteceu comigo e com os Irmãos que também não concordavam com a ideia, bebemos aquela água.

De posse da literatura maçônica modernista, encontrada, começamos a estudar e como resultado passamos a Ter um maior entendimento e compreensão sobre este rito chamado Moderno. Nos períodos de estudos e pesquisas que realizamos durante os anos de 2003 e 2004, culminarão com a fundação da Loja do Rito Moderno em 21/03/2004, até então era a única oficina do rito atuando dentro dos princípios e regras estabelecidas pela maçonaria universal no nosso estado de Mato Grosso do Sul. Já tínhamos inclusive o entendimento que o Livro da Lei não era só a Bíblia. O Rito Moderno adota como Livro da Lei a Constituição de Anderson de 1723.

Quanto ao nome da Loja, várias sugestões surgiram, entre elas “Obreiros da Luz”, e por unanimidade de votos, este foi o nome escolhido. Vejam só meus Irmãos, colocamos um nome teísta em uma Loja do Rito Moderno. Por falta de conhecimento? Acredito que não. É que realmente nós somos teístas. Na Augusta e Respeitável Loja Simbólica Obreiros da Luz n° 18, no período de sua fundação até fevereiro de 2006, mês e ano que nos desligamos da Loja e da Potência, nós iniciamos, elevamos e exaltamos vários Irmãos. Vale ressaltar que houve em todos nós, sem dúvida alguma, um grande amadurecimento, não só maçônico como também profano, com o estudo e a prática do Rito Moderno. A sua simplicidade, a maneira de receber o postulante à iniciação maçônica, e, entre outras particularidades, me fizeram admirar este Rito chamado Moderno ou Francês.

Se o objetivo deste rito é o nosso aperfeiçoamento, tenho certeza que conosco o objetivo foi alcançado. Para ser ter uma melhor compreensão de minha admiração por este rito, transcrevo o que disse o Soberano Grande Comendador Mário Behring, fundador das Grandes Lojas Brasileiras, no Boletim do Grande Oriente do Brasil do ano de 1902, pagina 826, sobre a doutrina deste rito:

“O progresso atual não permite que a Maçonaria cerre as portas de seus Templos ao Descrente, e o Rito Moderno, que é a expressão mais adiantada da Maçonaria de hoje, fez dar a instituição um passo gigantesco, abrigando no seu seio a profanos, Que Outros Ritos Repelem.”

Como disse o Irmão Frederico Guilherme Costa:

“O Rito Moderno nasceu para respeitar o Homem em seus valores essenciais, seja ele um teísta, um deísta, ou um atento espectador”.

Por isso meus Irmãos leitores, não cometam o mesmo erro que cometi, antes de repudiar este rito procurem conhecê-lo. Para isso recomendo aos Irmãos que procuram o seu aperfeiçoamento, que conheçam um pouco do Rito Moderno, e sugiro a leitura das seguintes obras literárias:

  • Rito Moderno A Verdade Revelada – Frederico G. Costa & José Castellani – Editora Maçônica A Trolha Ltda.;
  • Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz. – Frederico G. Costa & José Castellani;
  • A Maçonaria Moderna – José Castellani – A Gazeta Maçônica;
  • Fundamentos do Rito Moderno – Trabalho elaborado por J.Francisco Simas – Centenária Loja 14 de Julho de São Paulo do Rito Moderno;
  • Rito Moderno – Liberdade Absoluta de Consciência – José Carlos de Araújo Almeida Filho Trabalho elaborado para a Loja de Pesquisas Maçônicas Quatuor Coronati do Brasil n.° 2671;
  • Instruções ao Aprendiz do Rito Moderno – Elaboração e pesquisa: Alexandre Magno Camargo – Revisão e sugestões: Antônio Onías Neto – A\R\L\S\ Philantropia e Liberdade n.º 3557 – Rito Moderno;
  • Manual de Dinâmica Ritualística para as Lojas do Rito Moderno – Grande Oriente do Brasil – Grande Secretário­ Geral de Orientação Ritualística: Álvaro Gomes dos Santos Grande Secretário Geral de Orientação Ritualística Adjunto para o Rito Moderno: Antonio Onías Neto.
Lembrando que o Rito Moderno trabalha pela Liberdade Absoluta de Consciência, tendo abolido a invocação, a expressão, a formula “À Gloria do Grande Arquiteto do Universo”, mas não a crença no Grande Arquiteto do Universo.

A formula usada pelos modernistas é “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, sendo que estas palavras fazem parte da Aclamação do Rito Moderno.

Bibliografia

Rito Moderno. A Verdade Revelada. Frederico G. Costa & José Castellani. Editora Maçônica A Trolha Ltda. 2° Edição. 1997.

MELLOR, Alec. Dicionário da Franco­-Maçonaria e dos Franco­Maçons. Tradução Sociedade das Ciências Antigas. Martins Fontes Editora Ltda. 1.989.

Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz. Frederico G. Costa & José Castellani. A Gazeta Maçônica.1991.

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

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