Páginas

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DISPOSIÇÃO DO PAVIMENTO MOSAICO NO TEMPLO DO REAA

Em 11.05.2022 o Respeitável Irmão Arimar Marçal, Loja Santo Graal, 4690, REAA, GOB-RS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, formula a seguinte pergunta:

DISPOSIÇÃO DO PAVIMENTO MOSAICO

Novamente venho à vossa presença no intuito de dirimir uma dúvida relacionada à PLANTA DO TEMPLO. Observei numa foto de uma cerimônia num outro Templo e que foi publicada no Grupo de WhatsApp da Loja. Me chamou atenção que o PISO MOSAICO desta Oficina foi disposto no formato de losangos (todos em 45°).

Entendo que “piso mosaico” é identificado por cerâmicas pretas e brancas quadradas e em ângulos retos “para quem olha o Templo a partir do Átrio”, mostrando (fazendo analogia) um tabuleiro de xadrez.

Como sabemos que muita coisa é inventada e vira “padrão” na nossa Ordem, recorro ao seu conhecimento para concluir o debate que foi instaurado na nossa Oficina.

Obs. Para ajudar (ou não), no nosso ritual de Grau 1 na página 22 mostra a Planta do Templo com o piso mosaico em losangos à 45°.

CONSIDERAÇÕES:

De início vale a pena mencionar alguns aspectos e definições que envolvem o Pavimento Mosaico na Maçonaria.

Como menciona o Dicionário Etimológico Maçônico, M, N, O, P, páginas 53 e 54, José Castellani – Editora Maçônica a Trolha, Londrina, 1992:

Mosaico – Substantivo masculino (do italiano: mosaico), designa o embutido de pedrinhas, ou vidrinhos, de várias cores, com que se formam desenhos. Uma das possíveis origens do Pavimento Mosaico (ou Quadriculado), que adorna o solo de muitos Templos Maçônicos, seria a lenda de que Moisés teria forrado o chão da câmara principal do Tabernáculo hebraico (o Santo dos Santos) com pedrinhas coloridas.

Mosaico – Adjetivo (do latim: mosaicus), designa o que é relativo a Moisés; de Moisés; relativo à lei mosaica. Em Maçonaria, o termo mosaico, usado para designar o pavimento quadriculado de alguns Ritos, é, como adjetivo, relativo a Moisés. O Pavimento, todavia, é de origem sumeriana; para os sumerianos ele era terreno religioso e proibido. Nem todos os demais povos, entretanto, adotaram-no enquanto que muitos que o adotaram só o fizeram como motivo decorativo (caso dos cretenses e dos antigos gregos). Em Maçonaria ele não tem o significado sagrado que possuía entre os sumerianos e, nos Ritos em que ele aparece na decoração do Templo (pois não são todos os Ritos que o adotam), recobre todo o solo e não apenas o exíguo espaço entre as Colunas. Vale ressaltar que o Pavimento Mosaico não tem a importância que muitos autores lhe dão, já que antigos Rituais escoceses nem sequer o citam. Para evitar confusões quanto à sua origem (...), é preferível denomina-lo Pavimento Quadriculado como faziam Maçons de ofício.

Dados os comentários iniciais, sob o ponto de vista da originalidade do Rito, devo lhe afirmar que a disposição do Pavimento Mosaico no REAA rigorosamente é de oblíqua (quadrados dispostos à 45º em relação ao eixo do Templo).

 Já o formato construído como tabuleiro de xadrez não é original no Rito em questão, embora, infelizmente, muitos rituais ultrapassados acabavam copiados erros uns dos outros disseminando o equívoco dada vez mais.

 Vale salientar que como mencionado nas referências acima, inicialmente os primeiros rituais do REAA, não traziam o Pavimento Mosaico como ornamento da Loja, pois que no início do século XIX, na França, os passos da marcha eram dados por simples oito passos “normais”.

Com o aperfeiçoamento dos rituais escoceses do simbolismo, principalmente no período pós Lojas Capitulares, cada um dos três primeiros graus passou a ter a sua marcha exclusiva, destacando a posição dos pés em esquadria, principalmente nos passos do Aprendiz e do Companheiro que simbolicamente são dados seguindo o Pavimento desenhado de modo oblíquo (passos terrenos), enquanto que os passos do Mestre sofrem variações por conta do feitio iniciático desse Grau (passos em outra dimensão) - os passos do Mestre sugerem o movimento aparente do Sol na sua eclíptica, representando os equinócios e os solstícios na mecânica celeste.

No tocante ao REAA e a construção oblíqua do Pavimento Quadriculado (Mosaico), as linhas diagonais (juntas do pavimento) que dão forma aos contíguos quadrados brancos e negros, servem para orientar a cada passo a união dos calcanhares e a posição dos pés em esquadria. Do mesmo modo, essa disposição serve também para regular o comprimento dos passos inerentes aos graus de Aprendiz e Companheiro.

Essa disposição oblíqua do pavimento inclusive corrige a posição dos pés que, conforme o SOR, Sistema de Orientação Ritualística do GOB (Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral), orienta que o pé esquerdo não fique mais apontado para frente, mas seguindo o referencial oblíquo do pavimento conforme disposto na Planta do Templo, página 22, do ritual de Aprendiz em vigor.

 Assim, o Pavimento Quadriculado, ou Mosaico, implantado em todo o piso ocidental da Loja conforme consta na planta do Templo do ritual está corretíssimo e segue o padrão implantado desde 1996 quando se extirpou do REAA, no GOB, aquele minúsculo e equivocado pavimento disposto ao centro entre as Colunas feito um tabuleiro de xadrez.

 Assim, reitera-se que o Pavimento Mosaico no simbolismo do REAA é composto por "quadrados" brancos e pretos dispostos de maneira oblíqua. Não são losangos, pois a figura geométrica de um losango não possui os cantos internos em 90 graus. Graças a isso é que um losango possui duas diagonais internas, uma longitudinal e outra transversal, de comprimentos diferentes. Enquanto que cada um dos quatro ângulos internos de um quadrado possui ângulos de 90º, o mesmo não ocorre com o losango que, de dois a dois, internamente possui ângulos diferentes de 90º.

Ilustrando, a disposição oblíqua do Pavimento corresponde à mesma posição do Esquadro colocado junto com o Compasso sobre o Livro da Lei.

T.F.A.
PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística - GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário