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sábado, 31 de dezembro de 2022

SAUDAÇÃO NA COBERTURA TEMPORÁRIA - REAA

Em 21/06/2022 o Respeitável Irmão Marcos Antonio dos Santos, Loja 8 de Dezembro, 2317, REAA, GOB-SP, Oriente de Diadema, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

SAUDAÇÃO NA COBERTURA TEMPORÁRIA

Venho solicitar seus préstimos no sentido do Texto sobre as Orientações constante do SOR, nos itens II e III quanto a Cobertura do Templo no Grau 2 a transformação da Loja de Aprendiz p/ Companheiro. Quando o Mestre de Cerimônias solicita que os Aprendizes o acompanhem (conduz) até a S∴ dos PP∴ PP∴ quando em retirada do Templo sem ser definitivamente os Aprendizes devem cumprimentar as Luzes da Loja para sair e voltando aos trabalhos. No retorno deve saudar na entrada.

Sendo positivo esse procedimento serve para todos os Graus Simbólicos.

CONSIDERAÇÕES:

Como foi mencionado, esta é só uma cobertura temporária, isto é, os Aprendizes que já estavam presentes (assinaram o livro de presenças), retornarão em breve aos trabalhos.

Assim, quando eles tiverem para si o templo coberto não há motivo para saudação. Isso apenas ocorre se a retirada for definitiva.

A regra é a mesma quando do retorno aos trabalhos, ou seja, não há formalidades de Marcha e Saudação para reentrada. Isso serve para qualquer grau.

Enfim, temos que observar a razão pela qual ocorrem essas ou aquelas ações ritualísticas. Repetições de procedimentos que não fazem sentido devem ser evitados.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

CURIOSIDADES

Catedral Metropolitana da Sé de 
São Luís do Maranhão e a Maçonaria

VIRTUDES MAÇÔNICAS: TOLERÂNCIA

Roberto Donato

A tolerância sendo uma virtude é, portanto, um valor. Valores, como é sabido, não podem ser definidos, entretanto, podem ser descritos e analisados de acordo com comportamento dos integrantes de uma sociedade.

A ideia de tolerância somente pode ser analisada, com certa precisão, se estiver interada socialmente, pois está indissoluvelmente atrelada ao agir das pessoas nesta mesma sociedade.

Para abordar esse tema tão subjetivo por se tratar de uma virtude e também, sendo um dos valores da nossa Ordem, deixo duas perguntas para a nossa reflexão: “Julgar que há coisas intoleráveis é dar provas de intolerância?” Ou, de outra forma: “Ser tolerante é tolerar tudo?” Em ambos os casos a resposta, evidentemente é não, pelo menos se queremos que a tolerância seja uma virtude.

Partindo da afirmação que Filosofar é pensar sem provas, somente espero não ter indo longe demais nas minhas divagações filosóficas.

No opúsculo O que é Maçonaria, temos a seguinte frase:

“A Maçonaria é eminentemente tolerante e exige dos seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar situações de privilégio a qualquer uma delas em particular”.

A definição acima aborda a tolerância maçônica no seu aspecto religioso e político que, sendo um valor é muito mais abrangente, discutível e contestável do que os apresentados.

Quem tolera a violação, a tortura, o assassinato deveria ser considerado virtuoso? Quem admite o ilícito com tolerância tem um comportamento louvável? Mas se a resposta não pode ser negativa, a argumentação não deixa de levantar um certo número de problemas, que são definições e limitações. Nem tão pouco podemos deixar de considerar às questões sobre o sentido da vida, a existência do Grande Arquiteto do Universo e o valor dos nossos valores.

Tolerar é aceitar aquilo que se poderia condenar, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater? É, portanto, renunciar a uma parte do nosso poder, desejo e força! Mas só há virtude na medida em que a chamamos para nós e que ultrapassamos os nossos interesses e a nossa impaciência. A tolerância vale apenas contra si e a favor de outrem. Não existe tolerância quando nada temos a perder e menos ainda quando temos tudo a ganhar, suportando e nada fazendo. Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que não somos vítimas, o horror que nos poupa não é tolerância, mas sim egoísmo e indiferença. Tolerar Hitler é tornar-se cúmplice dele, pelo menos por omissão, por abandono e esta tolerância já é colaboração. Antes o ódio, a fúria, a violência, do que esta passividade diante do horror e a aceitação vergonhosa do pior.

É o que Karl Popper denomina como “o paradoxo da tolerância”:

“Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância.”

Uma virtude não pode ocultar-se atrás de posturas condenáveis e contestáveis: aquele que só com os justos é justo, só com os generosos é generoso, só com os misericordiosos é misericordioso, não é nem justo, nem generoso e nem misericordioso. Tão pouco é tolerante aquele que o é apenas com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como creio e de um modo geral, ela vale, portanto por si mesma, inclusive para os que não a praticam. É verdade que os intolerantes não poderiam queixar-se, se fôssemos intolerantes com eles. O justo deve ser guiado “pelos princípios da justiça e não pelo fato de o injusto poder queixar-se”. Assim como o tolerante, pelos princípios da tolerância.

O que deve determinar a tolerabilidade deste ou daquele indivíduo, grupo ou comportamento, não é a tolerância de que dão provas, mas o perigo efetivo que implicam: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser interditos se, e só se, ameaçam efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.

Numa República forte e estável, uma manifestação contra a democracia, contra a tolerância ou contra a liberdade não basta para a pôr em perigo: não há, portanto, motivos para a proibir e faltar com tolerância. Mas se as instituições se encontram fragilizadas, se uma guerra civil ameaça, se grupos pretendem tomar o poder, a mesma manifestação pode tornar-se um perigo: pode então vir a ser necessário proibi-la ou impedi-la, mesmo à força e seria uma falta de prudência recusar-se a considerar esta possibilidade.

Estando diante de mais um paradoxo sobre a tolerância, para entende-la entramos por um caminho não muito claro e como não poderia deixar de ser exato, Karl Popper acrescenta:

“Não quero com isto dizer que seja sempre necessário impedir a expressão de teorias intolerantes. Enquanto for possível contrariá-las à força de argumentos lógicos e contê-las com a ajuda da opinião pública, seria um erro proibi-las. Mas é necessário reivindicar o direito de fazê-lo, mesmo à força, caso se torne necessário, porque pode muito bem acontecer que os defensores destas teorias se recusem a qualquer discussão lógica e respondam aos argumentos pela violência. Haveria então de considerar que, ao fazê-lo, eles se colocam fora da lei e que a incitação à intolerância é tão criminosa como, por exemplo, a incitação ao assassínio. Democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade.”

Moral e politicamente condenáveis, a tolerância universal não seria, nem virtuosa e nem viável. Ou por outras palavras: existe, de fato, coisas intoleráveis, mesmo para o tolerante! Moralmente condenado é o sofrimento de outrem, a injustiça, a opressão, quando poderiam ser impedidos ou combatidos por um mal menor. Politicamente é tudo o que ameaça efetivamente a liberdade, a paz ou a sobrevivência de uma sociedade.

Como vimos, o problema da tolerância só se põe em questões de opinião. Ora, o que vem a ser uma opinião senão uma crença incerta. O católico bem pode estar subjetivamente certo da verdade do catolicismo. Mas, se for intelectualmente honesto (se amar mais a verdade do que a certeza), deverá reconhecer que é incapaz de convencer um protestante, ateu ou muçulmano, mesmo cultos, inteligentes e de boa-fé. Por mais convencido que possa estar de ter razão, cada qual deve, pois, admitir que não pode prová-lo, permanecendo assim no mesmo plano que os seus adversários, tão convencidos como ele e igualmente incapazes de convencê-lo. A tolerância, como virtude, fundamenta-se na nossa fraqueza teórica, ou seja, na incapacidade de atingir o absoluto. “Devemos tolerar-nos mutuamente, porque somos todos fracos, inconsequentes, sujeitos à variação e ao erro. Humildade e misericórdia andam juntas e levam à tolerância”.

Um outro ponto a ser considerado prende-se mais com a conduta política do que com a moral, mais com os limites do Estado do que com os do conhecimento. Ainda que tivesse acesso ao absoluto, o soberano seria incapaz de impô-lo a quem quer que fosse, porque não se pode forçar um indivíduo a pensar de maneira diferente daquela como pensa, nem a acreditar que é verdadeiro o que lhe parece falso. Pode impedir-se um indivíduo de exprimir aquilo em que acredita, mas não de pensar.

Para quem reconhece que valor e verdade constituem duas ordens diferentes, existe, pelo contrário, nesta disjunção uma razão suplementar para ser tolerante: ainda que tivéssemos acesso a uma verdade absoluta, isso não obrigaria a todos a respeitar os mesmos valores, ou a viverem da mesma maneira. A verdade impõe-se a todos, mas não impõe coisa alguma. A verdade é a mesma para todos, mas não o desejo e a vontade. Esta convergência dos desejos, das vontades e da aproximação das civilizações, não resulta de um conhecimento: é um fato da história e do desejo dessas civilizações.

Podemos perguntar, finalmente, se a palavra tolerância é, de fato, a que convém. Tolerar as opiniões dos outros não é considerá-las como inferiores ou faltosas? Temos então um outro paradoxo da tolerância, que parece invalidar tudo que vimos anteriormente. Se as liberdades de crença, de opinião, de expressão e de culto são liberdades de direito, então não precisam ser toleradas, mas simplesmente respeitadas, protegidas e celebradas.

A palavra tolerância implica muitas vezes, na nossa língua, na ideia de polidez, de piedade ou ainda de indiferença. Em rigor, não se pode tolerar senão o que se tem o direito de impedir, de condenar e de proibir. Mas acontece que este direito que não possuímos nos inspira no sentimento de possuí-lo.

Não temos razão de pensar o que pensamos? E, se temos razão, os outros não estariam errados? E como poderia a verdade aceitar – senão, de fato, por tolerância – a existência ou a continuação do erro? Por isso damos o nome de tolerância àquilo que, se fôssemos mais lúcidos, mais generosos, mais justos, deveria chamar-se de respeito, simpatia ou de amor. Se, contudo, a palavra tolerância se impôs, foi certamente porque nos sentimos muito pouco capazes de amar ou de respeitar quando se tratam dos nossos adversários.

“Enquanto não desponta o belo dia em que a tolerância se tornará amável”, conclui Jankélévitch, “diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é o que de melhor podemos fazer! A tolerância é, pois uma solução sofrível; até que os homens possam amar, ou simplesmente conhecer-se e compreender-se, podemos dar-nos por felizes por começarem a suportar-se.”

A tolerância, portanto, é um momento provisório. Que este provisório está para durar, é bem claro e, se cessasse, seria de temer que lhe sucedesse a barbárie e não o amor! É apenas um começo, mas já é algum. Sem contar que é por vezes necessário tolerar o que não queremos nem respeitar e nem amar. Existem, como vimos, coisas intoleráveis que temos de combater. Mas também coisas toleráveis que são, no entanto, desprezíveis e detestáveis. A tolerância diz tudo isto, ou pelo menos autoriza.

Assim como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria a dos santos, a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles – todos nós – que não são nem uma nem outra coisa.

Referências bibliográficas
  • Opúsculo – O que é a Maçonaria
  • A Tolerância e a Ordem Normativa – Ir.’. Luciano Ferreira Leite
  • Sponville, André – Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Lisboa: Ed. Presença, 1995
Fonte: https://opontodentrocirculo.com

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

SAÍDA TEMPORÁRIA DOS TRABALHOS

Em 21/06/2022 o Respeitável Irmão que se identifica apenas como Samuel, Loja Tabernáculo, 3418, sem mencionar o nome do Rito e Oriente, GOB-SP, Estado de São Paulo, apresenta o que segue:

SAÍDA TEMPORÁRIA

Quando alguém precisa sair do Templo temporariamente e depois voltar, sob autorização do Venerável Mestre, na sessão que dispuser de Cobridor Externo, este deve sair junto e aguardar o obreiro voltar para bater ritualisticamente pedindo ingresso, ou não é obrigatório o Cobridor sair do seu lugar de assento?

CONSIDERAÇÕES:

Obviamente que os rituais maçônicos não tem como contemplar todas as situações que possam eventualmente ocorrer durante os trabalhos de uma Loja.

O que de fato é preciso, é ter discernimento e bom senso para resolver situações extra ritual que ocasionalmente possam ocorrer durante os trabalhos.

 No tocante a sua questão e o Cobridor Externo, embora se saiba perfeitamente que é muito raro as Lojas preencherem esse cargo, no meu entender – é só uma opinião – conforme a situação, nada impede que ele, o Cobridor Externo, se coloque novamente no Átrio enquanto aguarda o retorno de um retirante temporário, em que pese o Mestre de Cerimônias também ser acionado para conduzir o retirante até o átrio, e depois conduzi-lo novamente ao seu lugar no interior do recinto.

Destaco que também participa dessa inoportuna saída e retorno, o Cobridor Interno, já que também cabe a ele abrir e fechar a porta do templo.

Alerto para que antes de qualquer autorização nesse sentido, o Venerável Mestre bem avalie cada situação, ou seja, tenha certeza da real necessidade dessa saída do templo, pois indiscutivelmente ações extemporâneas causam atrapalho para a ordem litúrgica dos trabalhos, acrescentam tempo desnecessário, e ainda mobilizam outros Irmãos em cumprimento às formalidades ritualísticas muitas vezes desnecessárias e circunstanciais.

Ainda, à margem desses procedimentos, também os demais Irmãos ficam improdutivamente aguardando o tempo passar. Com isso, pelo adiantado da hora, novamente o período de instrução é irremediavelmente sacrificado.

Gostaria ainda de aproveitar essa oportunidade para registrar o caráter contraditório que tem o cargo de um oficial cujo dever de oficio é guardar o Templo “externamente” contra os cowans enquanto a Loja estiver aberta. Trata-se do Cobridor Externo – isso se ele estiver presente, é claro – que mesmo tendo seu ofício de obrigação “fora do templo”, passa a maior parte do tempo no interior dele, onde, a propósito, para guardar a porta internamente já existe um Cobridor, o Interno – resultado: dois Cobridores pelo lado de dentro sendo que apenas um trabalha.

De fato, essas são as coisas do faz-de-conta, comuns na Maçonaria latina.

Finalizando, sempre que possível e pelo bem do andamento dos trabalhos, que essas saídas temporárias sejam de fato raríssimas, quase que inexistentes.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

VENERÁVEL MESTRE, PROFESSOR DE ÉTICA

Ir∴Doracino Naves

A importância da educação é um tema amplamente debatido nas universidades e instituições de ensino do país. Mas a educação para a vida, outra linha de raciocínio da formação humana, pode ser a solução para que as pessoas encontrem-se consigo mesmas. Para Sócrates, o filósofo grego, o ser humano só se realiza como pessoa quando se volta para o seu interior. Já Augusto Comte, pensador francês, diz: "Toda educação humana deve preparar cada um a viver para os outros". Viver bem com o outro é o objetivo do sistema pedagógico da maçonaria. Por isso ela adotou o lema iluminista de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Como a felicidade é uma busca constante do ser humano, os homens e mulheres de bem são imprescindíveis para a formação da cidadania. Formar pessoas, com base nos princípios cristãos, é tão importante quanto a educação acadêmica. O conhecimento pode diminuir a ignorância do homem, mas a ética na relação com o outro sublima o ser humano.

E é por aí que os comunicadores devem gastar os seus neurônios: para tornar as pessoas melhores do que são. Porque é sempre possível aperfeiçoá-las. Mesmo que seja só na comunicação familiar, como na relação de pais e filho, até a comunicação com uma multidão de pessoas. Como acontece nos grandes meios de comunicação. A televisão, por exemplo, atinge milhões, até bilhões, de pessoas num só evento. Nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, e na posse do presidente americano Barack Obama, no início de 2009, essas imagens chegaram, ao mesmo tempo, a todos os cantos do globo. A questão principal é: que tipo de mensagem os grandes meios de comunicação – mass media – passa à população?

Percebam, no caso da televisão, o impacto da informação. Sendo boa ou ruim ela chega a muitas pessoas. Quando a informação é negativa ela destrói o processo de educação para o bem. Existe, por outro lado, a apologia da ignorância. Isso acende o sinal de alerta dos professores que trabalham para que a beleza do espírito humano prevaleça sobre as trevas. Parece bacana dizer que alguém chegou a uma posição de destaque na vida política, social, artística e econômica sem ter curso superior. Isso apenas demonstra o poder de superação destas pessoas, mas não pode, jamais, substituir a educação como meta do esclarecimento e do conhecimento. O mau uso da informação, como neste exemplo, arrasta outras pessoas para a ignorância. Porque o conhecimento é um dos aspectos vitais para a sobrevivência da espécie humana.

Por essa causa devemos refletir sobre o nosso papel no mundo atual, globalizado. Somos, individualmente, responsáveis pelo que pensamos e falamos. Devemos melhorar o nível de conhecimento e da ética do bem comum não só na educação familiar: Também no púlpito ou no altar e das igrejas; Na literatura; Ou nas manifestações artísticas e culturais.

A mídia (impressa, rádio, televisão, internet e outros meios de comunicação) também é responsável pela formação moral das pessoas. Se, por exemplo, um programa de televisão não ajuda na boa formação dos jovens é melhor mudar de canal ou desligar a televisão.

Até na hora de se divertir é interessante observar para que a diversão seja saudável, do ponto de vista ético. Sem esses pressupostos, o canal da informação é inadequado. O silêncio do rádio ou da televisão, às vezes, é melhor do que a desinformação. Nem nas salas de aulas das universidades a ética está a salvo. O ensino superior, em boa parte, privilegia o ensino para o mercado de trabalho em prejuízo do conhecimento e da pesquisa.

Outras vezes o professor conhece a matéria, mas não está preparado para ensinar. Talvez lhe falte uma formação acadêmica baseada nos valores éticos da família. Na maioria das pessoas, a quem cabe encaminhar outras para o viver ético, percebe-se ou os interesses escusos ou a falta de conteúdo na filosofia do bem. Devemos, sim, ajudar o outro a dissipar as trevas da ignorância retirando cuidadosamente cada uma de suas vendas. Um dos símbolos mais fortes da maçonaria é a venda, símbolo da ignorância. Mesmo para retirá-la é preciso preparar o adepto do bem para um período adverso, que pode cegar o neófito depois da Luz. A maçonaria ensina que a virtude é luz no caminho do homem.

Neste aspecto Platão e Aristóteles influenciaram muito o pensamento maçônico construído por Anderson e Mackey, os primeiros codificadores da maçonaria. Platão criou um sistema de ensino para formar sábios e encontrar a virtude. Aristóteles ensinou, por meio de suas principais obras, a política e ética como meios para se obter a virtude.

A professora Carlota Boto, da Universidade de São Paulo – USP – diz: "Em suas reflexões sobre ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a obtenção do que ele chama de vida boa. Isso significa ao mesmo tempo vida 'do bem' e vida harmoniosa". A ética maçônica é o princípio do bem comum. Sendo assim, o Venerável Mestre assume seu cargo para formar novos cidadãos e assim deve conduzir as suas ações. Sem vaidades e subterfúgios na busca do belo e do melhor para os outros.

A missão do Mestre da Loja é a mais importante da Maçonaria. Ele transmite o conteúdo maçônico a quem está começando na Maçonaria e firma, para os mestres, os conceitos éticos. Os rituais são ferramentas fundamentais para direcionar o trabalho intra e extra loja. Por eles o Venerável educa e instrui aos maçons para uma vida eticamente edificada sob as colunas do bem comum.

Fonte: JBNews - Informativo nº 194 - 09/03/2011

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

LOJA TRABALHANDO NO REAA APENAS COM SETE MESTRES

Em 20.06.2022 o Respeitável Irmão Norberto Urzedo Queiroz, Loja Vale do Rio Grande, 71, provavelmente REAA, sem mencionar a Obediência, Oriente de Iturama, Estado de Minas Gerais, faz a seguinte pergunta:

LOJA COM SETE MESTRES

Gostaria que pudesse me esclarecer uma dúvida: Numa Loja com poucos obreiros, normalmente as reuniões acontecem sem o preenchimento de todos os cargos.

Considerando uma reunião com apenas 7 Irmãos Mestres Maçons, naturalmente os cargos ocupados serão:

Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, Orador, Secretario, Mestre de Cerimonias e Guarda do Templo, quem deverá assumir as funções de: 1º Diácono, 2º Diácono, Chanceler, Hospitaleiro e Tesoureiro?

CONSIDERAÇÕES:

De maneira consagrada, uma Loja maçônica somente pode ser aberta com a presença mínima de 7 Mestres Maçons, destacando que nesse contexto cargos em Loja são privativos de Mestres Maçons. No caso do Grande Oriente do Brasil isso é matéria regimental e consta no Regulamento Geral da Federação, portanto, independente de quais sejam os ritos praticado pelas Lojas federadas.

Em caso precário, sendo a Loja praticante do REAA, são esses os sete principais cargos a serem preenchidos: - as três Luzes da Loja compostas pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes; as duas Dignidades, do Orador e do Secretário; o cargo Cobridor Interno para atender o Landmark do sigilo (nenhuma Loja poderá trabalhar a descoberto); e, por último, o próprio Mestre de Cerimônias (imediato do Venerável) completa o sétimo cargo.

Ainda no caso do REAA, que possui dois Diáconos para exercer, cada um deles, o cargo de mensageiro durante a alegoria da transmissão da palavra, de maneira precária ambos os cargos são momentaneamente preenchidos pelo Secretário, que faz a vez do 1º Diácono, e pelo Mestre de Cerimônias, que faz a vez do 2º Diácono.

É oportuno também lembrar que originalmente no REAA não existe formação de pálio, e nem os Diáconos portam bastão, portanto os substitutos momentâneos apenas atuam como mensageiros durante a transmissão da palavra. Reitera-se, cumprido o ofício de obrigação cada substituto retorna ao seu lugar.

Quanto ao Chanceler ausente, o seu ofício será desenvolvido pelo Secretário, do seu lugar. Relativo ao Hospitaleiro ausente e a circulação para a coleta do óbolo, a missão ficará a cargo do Mestre de Cerimônias. No tocante ao Tesoureiro ausente, o Orador, do seu lugar, exercerá também esse ofício.

T.F.A.
PEDRO JUK – SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

VIVA COMO SE SEU PAI ESTIVESSE MORTO

Ir∴ Bruno Oliveira

Um homem deve amar o seu pai, mas se libertar de suas expectativas e críticas para que possa ser um homem livre.

Imagine que seu pai está morto ou lembre-se de quando ele morreu. Há sentimentos de alívio associados à morte dele? Agora que ele está morto, alguma parte de você se sente feliz por não ter que preencher suas expectativas ou ouvir as suas críticas? Você teria vivido a sua vida de forma diferente se você nunca tivesse que agradar o seu pai? Se você nunca tivesse que ter provado a ele o seu valor? Se você nunca tivesse se sentido sobrecarregado pelo seu olhar crítico? Pelos próximos três dias, faça pelo menos uma atividade que você reprimiu ou suprimiu em função da influência do seu pai. Desta forma, pratique ser livre de suas expectativas sutis, que hoje podem residir dentro de você mesmo. Pratique ser livre desse jeito, uma vez por dia, durante três dias, mesmo que você se sinta medroso, limitado, não merecedor ou sobrecarregado pelas expectativas de seu pai.

De imediato, em uma de nossas reflexivas conversas, o Ir. Rodrigo Menezes, lembrou que essa lição lhe remetia de imediato a lição transmitida no grau de Mestre. Esse insight de fato já nos gera certo incômodo, se transmitimos a ideia do ocorrido com o Arquiteto Mestre de Salomão para uma figura paterna real de nosso cotidiano. Mas como tudo que nos tira de nossa zona de conforto, essa lição há de nos levar além.
Acostumados a uma simples encenação e reflexão, quando bem executado o ritual, temos aqui uma sugestão de prática concreta. A morte, vista como o findar de uma existência, pode nos levar a descobertas sobre nossas próprias capacidades, o chamado “ato e potência” o vir a ser da filosofia descrito na filosofia de Aristóteles, Aristóteles determina uma exceção a esta regra, através de uma lógica precisa. A única coisa que é apenas em ato, sem que exista transformação e sem que ao menos precise dela é o BEM, encontramos aqui também uma analogia para o famoso jargão “ de bons costumes”.

Este ato (O BEM) não é nada em potência, nem é a realização e potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo e não é antecedente de coisa alguma. O escritor e filosofo, Pires (2017) analisa de forma direta que desse conceito, Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus, em que o determinava como um “ato puro”.

Uma estátua é ato quando está realmente esculpida, e não quando está em um bloco de mármore. Assim, este bloco de mármore poderá se tornar uma linda estátua, ou em piso para um templo ou lápides para a memória de alguém que não mais está em nosso meio. Este é mais um dos exemplos aristotélicos. Concluímos assim que ATO e POTÊNCIA não são entes, mas são dois princípios opostos do mesmo ente.

O que tanto se quer dizer é que uma matéria só poderá se transformar em outra mediante uma movimentação impulsionada por uma energia (potência). O esgotamento dessa potência transformará a matéria em ato. Desse modo, é que se consente que o movimento de transformação só há na eminência substancial de uma potência, esta não existindo, estará a “coisa” manifestada apenas em ato.

Trabalhando na lógica de Aquino, pode-se entender que se o BEM é ato e não tem Potência, quer dizer que o BEM surgiu de si mesmo, por isso a sua genialidade. E se este BEM vem de Deus, consequentemente, Deus é um Ser que existe por si só, sem depender de outra coisa ou energia para viver. É o começo de tudo e tudo nele mesmo. Em Deus não há potência; Ele é ato perfeito, puro, motor imóvel[1] .

A Maçonaria sem a prática é uma arte morta, a reflexão sem ação efetiva em nossas vidas oriunda das lições transmitidas perde o sentido.

E não há a necessidade dos irmãos esperarem o Grau de Mestre, ou os sobrinhos DeMolays o grau de DeMolay ou lição alguma para refletir na lição aqui discutida, já que a própria iniciação, é um ato de morte para a antiga vida e renascimento para a nova, ai está o cerne das ordens iniciáticas e o que as diferencia das demais.

Esse viver com a morte do pai engloba um significado, o de se libertar não de um laço familiar, mas de paradigmas que por vezes nos limitam em exercer nossa liberdade de explorar nossos atos e potencias. A mitologia grega alem de nos entreter, tenta nos dizer algo sobre isso quando Zeus se liberta de Chronos, seu pai e se torna senhor do Olimpo. Talvez esse lição seja a quem mais nos diferencie dos profanos, não pela ausência da dor de uma morte, mas pela forma como somos ensinados a lidar com a mesma desde de nossa iniciação, em alguns graus e ritos de forma mais velada em outros mais explícito.

Que possamos viver de modo a honrar a memória daqueles que já foram e a preparar a chegada daqueles que nos sucederão.

Referências:

[1] Geocities (site) ato-e-potencia-aristotelico/10066
The Way of a Superior Manda – David Deida

Fonte: http://ritoserituais.com.br

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

SINAL COM A LOJA AINDA FECHADA. PODE?

Em 19.06.2022 o Respeitável Irmão André Corado, Loja Mahatma Gandhi, 90, REAA, GLMERJ (CMSB), Oriente do Rio de Janeiro, Capital, apresenta a dúvida seguinte:

SINAL COM LOJA FECHADA

Meu Irmão gostaria de saber. Por que nas Grandes Lojas já ficamos a Ordem na hora da circulação da Palavra sagrada e no Grande Oriente só ficamos a Ordem após a abertura do Livro da Lei no REAA?

CONSIDERAÇÕES:

No REAA originalmente os sinais somente são feitos a partir do momento em que a Loja for declarada aberta, ou seja, após a abertura do Livro da Lei na forma de costume.

A única exceção para o caso é quando, em atenção à liturgia de abertura, o 1º Vigilante (no 1º Grau), ou os Vigilantes (no 2º e 3º Grau), cumprindo o dever de obrigação, verifica(m) se todos os presentes no Ocidente são maçons. Obviamente que para o cumprimento desse desiderato se faz necessária a composição do sinal. Fora isso, só se compõe o sinal se a Loja estiver aberta. Sinais são feitos somente em Loja.

Na verdade, essa certificação de que os presentes no Ocidente (Colunas) são maçons é uma forma simbólica de se reviver as antigas tradições da Maçonaria Operativa. Naqueles tempos idos, os operários para serem contratados para trabalhar nas diversas etapas da obra tinham antes que provar a sua habilidade de ofício. Era a forma de se certificar que nenhum cowanestivesse presente. Cowan é um termo oriundo de um antigo dialeto falado na Escócia e significava “aquele que assenta pedras sem argamassa”, o que em primeira análise significa um profissional mal habilitado.

Assim, ao tempo de ficar horas burilando a pedra para provar a sua qualidade profissional, o operário se identificava nesse mister se utilizando de sinais, toques e palavras convencionais entre as corporações de ofício do norte da Europa na Idade média.

Para rememorar as atividades dos nossos ancestrais e manter viva as tradições, usos e costumes, atualmente a Moderna Maçonaria, através de alguns dos seus ritos se utiliza dessa velha prática aplicando-a ritualisticamente na abertura dos seus trabalhos – é o caso do segundo dever do(s) Vigilante(s) em Loja ao se certificar(em) se todos os presentes nas Colunas são maçons. Obviamente que isso é apenas simbólico, já que atualmente, no rigor da lei, ninguém assinaria o livro de presenças sem estar de fato qualificado para tal – em tese o Chanceler já se certificou disso ao colher as assinaturas.

Outro aspecto que merece abordagem é o do porquê de os sinais serem feitos apenas em Loja aberta na Maçonaria dos Aceitos. Na verdade, eles não são apenas elementos utilizados pra reconhecimento, mas como portadores dos verdadeiros segredos da Ordem, eles também se caracterizam por possuírem alto significado iniciático no trato da sua composição gestual, sobretudo como repositório de elementos imprescindíveis para a construção da Grande Obra – o Esq∴, o Nív∴ e o Pr∴

Sob essa conotação é que os sinais, de modo iniciático e de interpretação esotérica, somente podem ser feitos em Loja aberta. Vale lembrar que os maçons especulativos (aceitos) somente se utilizam das suas ferramentas simbólicas quando reunidos numa Loja aberta, coberta e apropriada para os trabalhos maçônicos (ambiente consagrado).

Infelizmente, muitos compiladores de rituais não raras vezes têm sido meros copistas na forma da tesoura e cola, isto é, vão simplesmente copiando e colando sem se atentam para as minúcias e detalhes da ritualística e da liturgia maçônica. Desse modo é que acabamos nos deparando com práticas contraditórias.

Graças a isso é que provavelmente muitos elementos primordiais guardados na sutileza e nos meandros da história e da ritualística maçônica, lamentavelmente não sejam levados em conta em alguns rituais. Um ritualista deve antes de tudo fazer uma análise criteriosa do o material que está à sua disposição. Afinal é preciso conhecer amiúde o conteúdo simbólico do rito.

Talvez tudo isso possa lhe dar uma resposta satisfatória.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

LUZ DA VERDADE

1º - Lembra das purificações, pela água e pelo fogo! Essas purificações significam que estamos em condições de receber a Luz da Verdade, que se torna necessário ao Homem desvencilhar-se de todos os preconceitos sociais ou de educação e entregar-se com ardor à procura da Sabedoria.

2º - As três portas em que batemos, representam as três disposições necessárias à procura da Verdade: Sinceridade, Coragem e Perseverança.

3º - Aí, então, recebemos o prêmio da nossa perseverança: A LUZ. Raios cintilantes, feriram nossos olhos e vimos, então, que eram espadas, empunhadas por nossos IIr.’. e apontadas para nós.

4º - Compreendemos, depois, que aquelas espadas refletiam os raios da Luz da Verdade, que ofuscam a visão intelectual daquele que ainda não está preparado, por sólida instrução, para recebê-la.

5º - Guardar fielmente os segredos que nos são confiados; amar, proteger e socorrer nossos IIr.’., sempre que tiverem necessidade. Foi por este juramento e uma consagração que nos ligamos à Ordem Maçônica.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

MAÇONS IMPERFEITOS (UMA FÁBULA)

Existe uma antiga história, uma Lenda Maçônica, que deve ser observada atentamente para o entendimento a União, já que somos Maçons, ou... será que não somos Maçons?

O G∴A∴D∴U∴ estava sentado, meditando, sob a sombra de um pé de jabuticaba. Lentamente o Senhor do Universo erguia sua mão e colhia uma e outra fruta, saboreando o fruto de sua criação. Ao sentir o gosto adocicado de cada uma daquelas frutas fechava os olhos e permitia um sorriso caridoso, feliz, ao mesmo tempo em que mantinha um ar complacente.

Foi então que, das nuvens, surge um de seus Arcanjos vindo em sua direção.

Diz a lenda que a voz de um Anjo é como o canto de mil baleias. É como o pranto de todas as crianças do mundo. É como o sussurro da brisa.

O Arcanjo tinha asas brancas como a neve: imaculadas.

Levemente, desce ao lado do G∴A∴D∴U∴ e ajoelhando a seus pés disse...

- Senhor, visitei a vossa criação como pediste. Fui a todos os cantos, estive no Sul, no Norte, no Oriente e no Ocidente. Vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma das suas crianças humanas. Notei que em seus corações havia uma Iniciação, eram iniciados Maçons e que, deste a cada um destes, apenas uma asa. Senhor... Eles não podem voar apenas com uma asa!

O G∴A∴D∴U∴ na brandura de sua benevolência, respondeu pacientemente a seu Anjo:

- Sim. Eu sei disso. Sei que fiz os Maçons com apenas uma asa.

Intrigado com a resposta, o Anjo queria entender, e voltou a perguntar:

- Senhor, mas porque deu aos Maçons apenas uma asa quando são necessárias duas asas para se poder voar... Para poderem ser livres?

Então responde o G∴A∴D∴U∴:

- Eles podem voar sim, meu Anjo. Dei aos Maçons apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor. Para poderem evoluir levemente... Para voar, meu Arauto, você precisa de suas duas asas: Embora livre, você estará sempre sozinho, ou será somente acompanhado pelos demais. Como os pássaros que, ao mesmo tempo estão juntos, e em seguida debandam.... - Mas os Maçons com sua Única asa, necessitarão sempre de darem-se às mãos e entrelaçarem seus braços, assim terão suas duas asas. Na verdade, cada um deles sempre terá um par de asas. Em cada canto do mundo sempre encontrarão um outro Irmão com uma outra asa, e assim, sempre estará se completando, sempre sendo um par. Dei aos Maçons a verdadeira Liberdade a cada um dei-lhe também, em Igualdade, uma única asa, para que desta forma, possam sempre viver em Fraternidade.

(Autoria desconhecida.)

Fonte: http://jamilkauss24.blogspot.com

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

TRAJE, APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ENTRE-COLUNAS, SINAL DE ORDEM E SAUDAÇÃO

Em 16.06.2022 o Respeitável Irmão Hemerson Pegoraro, Loja XV de Novembro, 1998, REAA, GOB-SC, Oriente de Caçador, Estado de Santa Catarina, apresenta o que segue:

TRAJE MAÇÔNICO, APRESENTAÇÃO ENTRE-COLUNAS E O SINAL

No meio do meu trabalho, deparei-me com uma dúvida, em relação à vestimenta dos Irmãos para a sessão.

Não consegui localizar no regulamento do GOB, onde fala das vestimentas adequadas, em relação ao uso de sapatos pretos,

Pois em nossa Loja, temos alguns Irmãos que chegam com um sapa tênis preto ao invés de um sapato social preto.

Existe algo neste sentido do regulamento?

Outra dúvida: quando o Mestre de Cerimônia vai chamar um Irmão para apresentar um trabalho, quer seja aprendiz, companheiro ou mestre.

Normalmente ele (MC) vai com o bastão, e o Irmão que é chamado, deverá levantar-se e fazer o Sinal, desfazer e ir, ou somente levantar-se e segue o MC?

Esta dúvida, tenho, porque já presenciei isso em visita a outras Lojas.

CONSIDERAÇÕES:

No que diz respeito ao traje maçônico, o mesmo é orientado conforme o rito praticado pela Loja. Nesse caso, as orientações a respeito encontram-se nos respectivos rituais. No ritual do REAA essas orientações encontram-se no ritual de Aprendiz, página 33 e também no SOR - Sistema de Orientação Ritualística (Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral) que se encontra na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA, página oficial do GOB na Internet.

Em relação à apresentação de peça de arquitetura, não é exigido que a mesma seja feita (apresentada) entre-colunas. A priori sugere-se que cada um faça a apresentação do seu lugar, evitando-se assim deslocamentos desnecessários pelo recinto.

Caso a preferência da Loja seja por apresentação entre colunas, então o Mestre de Cerimônias, munido do seu bastão, deve ser o condutor até o destino em que se fará a apresentação – no caso, no extremo do Ocidente, entre-colunas.

Nesse sentido, o Irmão que fará apresentação simplesmente acompanha o seu condutor seguindo-o até o destino, isto é, não faz sinal ao levantar. No destino, se coloca imediatamente à Ordem e em seguida se dirige à Loja na forma de costume. Ao concluir, desfaz o sinal e segue novamente o seu condutor. Chegando de retorno, imediatamente retoma seu assento sem antes repetir o sinal. O Mestre de Cerimônias, por sua vez retorna ao seu lugar.

Caso a apresentação seja do seu lugar, o que é o mais recomendável, não haverá condutor. Assim, o apresentador depois de ter sido autorizado fica à Ordem, se dirige à Loja na forma de costume e faz a apresentação. Concluída a leitura, simplesmente desfaz o sinal e senta novamente.

Em qualquer das situações (do seu lugar ou entre-colunas) o Venerável Mestre deve avaliar a necessidade de o apresentador desfazer o sinal para melhor conforto durante a apresentação.

Caso essa avaliação seja positiva, o Venerável Mestre, após ter o protagonista se dirigido formalmente à Loja (mencionando genericamente às Luzes, autoridades e os demais), autoriza o apresentador a desfazer o sinal, oportunidade em que ele então segura a peça escrita com as duas mãos e procede à leitura. Concluído o mister, volta à Ordem e, conforme o lugar em que ele se encontrar, desfaz o sinal e senta, ou desfaz o sinal e acompanha o seu condutor.

Ao concluir vale mencionar que essas atitudes de se fazer e desfazer o sinal, bem como se dirigir à loja na forma de costume, nada têm a ver com saudação maçônica. Vide as únicas ocasiões em que ela é de fato uma saudação feita pelo sinal na página 42 do ritual de Aprendiz do REAA em vigência, e no SOR. Lembro que saudação maçônica é feita em Loja sempre pelo sinal, contudo nem sempre compor e fazer o sinal significa saudação.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PRINCÍPIO PROGRESSISTA MAÇÔNICO

Ir∴ José Geraldo de Lucena Soares
Dando sequência as considerações sobre os princípios maçônicos previstos no primeiro artigo da Constituição do Grande Oriente do Brasil de 2007, passemos nesta oportunidade a examinar rapidamente o Progresso na Sublime Ordem, penúltimo de um total de cinco.

Os comentários dos outros três e temas correlatos já foram publicados em números anteriores (de 6 a 13) desta conceituada revista.

E de logo podemos afirmar que progresso é todo avanço que produz benefícios materiais ou espirituais, através de condutas de pessoas físicas ou coletivas para satisfação de necessidades.

O progresso material se faz necessário em todo empreendimento para o sustento da atividade desenvolvida, gerando riquezas que é própria da finalidade a que se propõe.

Quando se instala uma empresa econômica o propósito é que produza no final o lucro desejado, pois se isso não ocorrer estará fadada ao malogro, implicando em prejuízo para todos os envolvidos, inclusive para o Erário que deixa de arrecadar tributos.

Esta pretensão de lucratividade é lícita e moral por ser o resultado da junção do Capital e Trabalho, criando riquezas na sociedade que pode também ser prestação de serviços a quem dela necessitar.

É a dinâmica, em linhas gerais, do mundo econômico e até mesmo entidades filantrópicas ou religiosas, embora não visem lucro, direcionam seus esforços para o progresso material objetivando obter recursos para cumprimento de suas obrigações sociais, mantendo a credibilidade que é um elemento importante no seio da comunidade. E essa credibilidade conduz a uma boa reputação com segurança para quem com elas se relacionar.

Esse anseio salutar de progresso material é importante na vida social e sem ele a vida ficaria vazia e o Ser Humano estático, perdendo a razão de ser.

A Maçonaria Milenar e Universal, como qualquer outra Ordem também adota o progresso material moral, lícito, ético e necessário para sua sobrevivência neste mundo físico.

Mas ao lado dessa materialidade a nossa Ordem cultiva em maior dimensão o progresso espiritual que é sua maior preocupação e finalidade, começando pela desbastação da Pedra Bruta até onde o obreiro consiga chegar para aproximar-se do G∴A∴D∴U∴

A fase simbólica básica encerra toda doutrina maçônica, sempre marcada pela espiritualidade e desenvolvida com profundidade na Maçonaria Especulativa ou Intelectual, estabelecida no artigo vigésimo quarto do “Código Landmarks de Mackey” que assim dispõe: “A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui outro Landmark. A preservação da Lenda do Templo de Salomão é outro fundamento deste Landmark.”

Na verdade, no primeiro grau o espírito está na aprendizagem, eliminando as impurezas e buscando as virtudes, aprendendo que a Ordem ensina a prevalência dessa espiritualidade sobre as coisas materiais, pugnando pelo aperfeiçoamento da moralidade, da intelectualidade, para o Bem da Humanidade.

Somente através do cumprimento do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação da verdade é que se alcança um estágio elevado para se relacionar com a Divindade. Começa aprender o iniciado a construir em seu coração um Templo de Virtudes que se estende por toda sua existência maçônica.

Neste grau primeiro o sistema maçônico impõe que se exonere de explorar seu semelhante e se omita dos privilégios e de regalias; enalteça o mérito da inteligência e cultive o civismo.

Todos esses ensinamentos são princípios espirituais consagrados já no aprendizado da nossa Ordem com a exortação de progresso para o maçom.

No companheirismo exalta-se o Trabalho, transformando-se a Pedra Bruta em Pedra Cúbica evidenciando um progresso espiritual que se atinge em maior escala com o Mestrado onde o Espírito se sobrepõe totalmente sobre a Matéria.

O convite ao progresso está sempre presente em todas as etapas da vida maçônica, portanto.

Vê-se, assim, que o progresso no Estágio Azul é predominantemente espiritual sendo estudado mais profundamente nos Altos Graus.

Observe-se que toda essa doutrina emana de Landmarks (artigos décimo nono e vigésimo do Código Landmarks de Mackey) que rezam: “A crença no Grande Arquiteto do Universo é um dos importantes Landmarks da Ordem… A negação dessa crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação” e “Subsidiariamente a essa crença é exigida a crença em uma vida futura.”

Sobre o assunto supra comentei em monografia, que “A crença no Ser Supremo do Universo, seja o nome que se queira dar, e vida eterna depois da morte do corpo físico, são condições essenciais para a iniciação, além de outros requisitos sociais de honradez, bons costumes, cultivo da moralidade, ética e amor ao próximo. Qualquer rito que não exija esses requisitos essenciais do candidato não é rito considerado maçônico, fazendo-se necessário que o candidato declare solene e expressamente que realmente acredita no exigido por este Landmark. Aliás, a expressão “Grande Arquiteto do Universo” tem sua fonte na própria Bíblia: Hebreus (Novo Testamento), 11 e 10: “Porque esperava a cidade que tem fundamento, da qual o artífice e construtor é Deus.” (Código Landmarks de Mackey – Anotado – págs. 64/65 – 2009 – José Geraldo de Lucena Soares)

De todo o exposto fácil é de se compreender que esse progresso no seio maçônico é mais do espírito que de matéria, sendo a interpretação correta, eis que visa à aproximação de todos os seres viventes com a Divindade, sem nenhuma preocupação de religiosidade, embora estimule sua adoção, desde que sejam observados os princípios e postulados estabelecidos nos Landmarks e legislações ordinárias.

O último princípio a ser apreciado é o evolucionista e poderá ser também objeto de algumas anotações no futuro.

Fonte: http://redecolmeia.com.br

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O SOL E O CAMINHO INICIÁTICO DO MAÇOM NO REAA - INFLUÊNCIA DOS CULTOS SOLARES DA ANTIGUIDADE

Em 16.06.2022 o Respeitável Irmão Robin João Marczynski, Loja Amor e Caridade, 0582, REAA, GOB-PR, Oriente de Ponta Grossa, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão.

CAMINHO INICIÁTICO

Estou interessado em conhecer mais sobre as Colunas Zodiacais e o Caminho Iniciático.

Achei muito interessante o ensinamento e o seu significado, em que o primeiro assento do Aprendiz após sua Iniciação e à Noroeste, próximo ao 1º Vig., tendo em vista que ele recém saiu das trevas em direção à Luz.

Ficarei grato se compartilhar comigo mais detalhes sobre essa caminhada do Aprendiz.

Estou incentivando meus obreiros a estudar e se inteirar do contido no SOR/GOB, para que desde já possamos colocar em prática na nossa Ritualística.

CONSIDERAÇÕES:

Na verdade, a liturgia dos ritos maçônicos é construída de acordo com a sua base iniciática, alguns possuem caráter teísta, outros de caráter deísta, outros ainda de viés teísta e deísta ao mesmo tempo ainda outros mais que se sustentam em conceitos do agnosticismo.

A despeito de todas essas particularidades, absolutamente, todos os ritos da Moderna Maçonaria convergem para um só objetivo, que é o de aprimorar o homem para torna-lo útil à sociedade.

O REAA, que por circunstancias históricas teve o seu primeiro ritual para o simbolismo organizado em 1804 na França (vide sua história), possui feição teísta/deísta. Teísta por influências da maçonaria anglo-saxônica e deísta por influência da Maçonaria francesa.

Nesse caso, é oportuno mencionar que o REAA é um rito nascido na França sob a égide da vertente stuartista, esta nascida no Norte da França porque à viúva de Carlos I, rei da Inglaterra que fora decapitado na revolução puritana de Cromwell de 1649, aceitou exílio do rei Luís XIV em Saint-Germain-em-Laye.

Carlos I era natural da Escócia e foi um dos reis católicos que pertenceu à família dos Stuarts. É daí que surgem os adjetivos “escocesismo” e “stuartismo” na Maçonaria Francesa.

Dito isto, e para que se possa abordar o simbolismo das Colunas Zodiacais no REAA, é preciso antes voltar às origens do seu primeiro ritual que fora então preparado, e logo desfigurado, no ano de 1804, já que antes disso o REAA não possuía simbolismo pois, criado com 33 graus a 31 de maio de 181 nos EE. UU. da América do Norte, ele de fato não possuía os três primeiros graus originais (Aprendiz, Companheiro e Mestre), sendo que inicialmente os tais eram emprestados das Lojas Azuis Norte-americanas, comumente conhecidos atualmente com Rito de York Americano, ou Rito Americano.

Assim, para a criação desse primeiro ritual, surgiu no seio do II Supremo Conselho na França uma Loja Geral Escocesa (Loja Mãe) com o objetivo de gerenciar a elaboração desse ritual.

Os principais documentos básicos para a construção desse ritual foram: 1) a revelação (exposure) de 1751 relacionada à vertente dos Antigos (irlandeses) denominada As Três Pancadas Distintas na Porta da Antiga Maçonaria (vertente anglo-saxônica de Maçonaria); 2) o Regulador do Maçom de 1801, então elaborado pelo Grande Oriente da França para o Rito Francês ou Moderno; 3) por fim, a própria Loja Geral Escocesa (Loja Mãe) de 1804 que contribuiu legando a disposição das Colunas B e J na forma antiga; a aclamação H∴, H∴, H∴; a consolidação da cor vermelha (encarnada) como cor litúrgica principal do Rito e, finalmente, com a decoração da abóbada, nesta em especial a que trazia representada na sua base, junto à frisa, os 12 signos do Zodíaco, seis na banda Norte e seis na banda Sul.

Desse modo, foram esses os principais elementos que estruturaram a ritualística inicial do simbolismo no REAA na França a partir de 1804.

Como no simbolismo o REAA se estruturou desde então como um rito solar, uma das suas características ritualísticas principais é a de conduzir os seus iniciados por um caminho balizado pela marcha anual do Sol até que eles alcancem a Grande Iniciação. O referencial para todo esse misticismo foi, sem dúvida, retirado dos cultos solares da Antiguidade evidenciando a morte e o renascimento da Natureza. É inclusive o suporte para a Lenda do 3º Grau.

Nesse contexto, além das Colunas Zodiacais - que serão oportunamente abordadas – é válido também fazer uma abordagem, ainda que superficial, sobre as Colunas Solsticiais B∴ e J∴, estas geralmente localizadas no átrio do templo. Como tal elas também são conhecidas como Colunas Vestibulares, de vestíbulo (ladeando a porta de entrada do templo).

Essas duas Colunas inegavelmente também possuem conexão com a alegoria solar porque são referências solsticiais e sinalizam no templo maçônico a passagem dos trópicos de Câncer (Norte) e Capricórnio (Sul). Marcam, portanto, os solstícios de verão e inverno que ocorrem na banda norte da Terra.

Os solstícios, período em que ocorre a maior declinação aparente do Sol, tanto para o Norte como para o Sul, tem sido também datas referenciais para comemorações solares. No misticismo religioso, por exemplo, João, o Batista (o que anunciou a Luz) e João, o Evangelista (o que pregou a Luz) também aparecem como personagens patronais da Moderna Maçonaria ligados aos solstícios de verão e inverno respectivamente.

Antes de tudo é bom lembrar que no REAA o templo corresponde simbolicamente a um segmento plano retangular situado sobre o equador terrestre orientado de Leste para o Oeste e de Norte para o Sul.

O Zodíaco e as Estações do Ano - No contexto iniciático, longe de horóscopo e adivinhações, as constelações que formam o Zodíaco marcam (sinalizam) o caminho por onde o Sol aparentemente passa, produzindo a cada alinhamento com cada uma das constelações, as estações do ano contadas a partir da primavera até se fechar o ciclo no inverno.

Obviamente que isso ocorre devido a inclinação de aproximadamente 23º do eixo da Terra em relação ao seu plano de órbita. Essa inclinação faz com que cada hemisfério terrestre receba mais, ou menos luz numa determinada época do ano.

Graças à essa particularidade astronômica é que as estações do ano ocorrem de forma oposta conforme o hemisfério. No caso do REAA, levando-se em conta que ele nasceu no hemisfério Norte, toda a sua relação mística e solar tem como referência a região setentrional da Terra. Tratando-se do simbolismo e seus conceitos iniciáticos essa referência será sempre do Norte.

A analogia iniciática e o caminho do Sol - comparada com a alegoria do nascimento, vida e morte da Natureza, no REAA, ao par de uma conotação deísta, a vida do Iniciado é simbolicamente associada aos ciclos da Natureza, ou seja, com cada uma das estações do ano a partir da primavera ao Norte. Em linhas gerais, cada uma das etapas naturais corresponde consecutivamente a um dos ciclos da vida, ou seja, infância, adolescência, juventude e maturidade.

As Colunas Zodiacais nesse contexto – nos seus primórdios, o REAA, ainda com uma estrutura ritualística rudimentar, apenas trazia na decoração dos seus templos as representações pictográficas dos 12 signos do Zodíaco, então dispostos (fixados, pintados ou desenhados) na base da abóbada celeste.

Desde então, no REAA, a função desses 12 símbolos é a de simular a jornada iniciática do maçom comparando-a com o percurso aparente do Sol quando passa consecutivamente todo ano diante de cada uma das constelações do Zodíaco. A título de ilustração, seria mais ou menos como um viajante observando pela janela as paisagens na medida em que avança no seu percurso. Obviamente esse é apenas um movimento aparente do ponto de vista da Terra, já que na mecânica celeste, não é o Sol que se movimenta, porém é a Terra que se desloca pelo tempo de um ano ao seu redor. Esse movimento é conhecido como translação.

Na questão da representação do Zodíaco ainda na base da abobada, com o passar dos tempos e o aperfeiçoamento dos rituais, esse caminho simbólico passou a ser paulatinamente transportado da abóbada para topos das Colunas do Norte e do Sul.

No tocante ao substantivo “topo” é bom que se diga que o “topo” das Colunas do Norte e do Sul corresponde às paredes Norte e Sul aquém da balaustrada que limita o Oriente da Loja. Topo, nesse caso, é a referência mais distante do eixo do templo, tanto para o setentrião, como para o meridião.

Também é bom lembrar que as Colunas do Norte e do Sul não se reportam nesse caso a uma coluna na forma de um pilar redondo com base, fuste e capitel, todavia é o nome figurado representativo dado ao espaço dentro do templo correspondente aos seus hemisférios setentrional e meridional.

Assim, nessa conjuntura, a base de cada uma das fictícias Colunas do Norte e do Sul fica no eixo do templo, enquanto que os seus respectivos topos (partes mais distantes) correspondem às paredes Norte e Sul. Em analogia seria como os polos Norte e Sul da Terra que são as regiões mais distantes do Equador.

Conhecido agora onde se localiza cada um dos topos das Colunas do Norte e do Sul, é possível uma demonstração melhor sobre o caminho que o iniciado percorre até alcançar a sua plenitude maçônica (Grau de Mestre).

Como foi visto, as Colunas Zodiacais, originárias dos signos zodiacais que primitivamente apareciam na base da abóbada (muitos templos ainda assim os representam), a partir dos meados do século XX começaram a figurar aparentando uma secção longitudinal de meias-colunas encravadas, como que brotando das paredes Norte e Sul.

Sem nenhuma ordem de arquitetura obrigatória para elas, cada uma dessas colunas traz aparente nos seus capitéis o símbolo zodiacal a ela correspondente.

Essa nova forma decorativa dos signos zodiacais acabou se consagrando nos rituais, embora ainda existam muitas Lojas pelo mundo que mantém originalmente fixados na base abóbada os signos do Zodíaco, o que no meu entender é perfeitamente admissível. Aliás, mais trasicional.

Desse modo, o topo (parede) da Coluna do Norte passou a receber sequencialmente e equidistantes as primeiras seis Colunas Zodiacais correspondentes a Áries, Touro, Gêmeos (primavera) e Câncer, Leão e Virgem (verão). No lado oposto, isto é, no topo (parede) da Coluna do Sul, do mesmo modo, as outras seis Colunas Zodiacais correspondentes a Libra, Sagitário e Escorpião (outono) e Capricórnio, Aquário e Peixes (inverno).

As seis primeiras colunas, divididas em grupos de três, correspondem à primavera e o verão que ocorre no hemisfério Norte. No misticismo iniciático essas estações se comparam ao Aprendiz - da sua infância até a sua adolescência.

Sob essa óptica, no REAA os Aprendizes ocupam todo o topo da Coluna do Norte, destacando que Áries (a primeira coluna a noroeste) sinaliza o início da jornada no 1º Grau. É graças a isso que o Aprendiz recém-iniciado, ao ocupar pela primeira vez o seu lugar na Loja, deve ser conduzido o mais próximo possível da Coluna Zodiacal correspondente a Áries (21 de março, equinócio de primavera no Norte), próximo ao 1º Vigilante.

Vale registrar que infelizmente ainda em muitos dos nossos rituais encontramos o anacronismo de colocar o Aprendiz recém-iniciado do REAA próximo a balaustrada, ou seja, contraditoriamente em um lugar que simboliza um Aprendiz prestes a encerrar a sua jornada e ingressar como Companheiro no lado oposto, em Libra, ao Sul.

É possível que alguns compiladores, mais acostumados a copiar equívocos do que de fato entender do processo iniciático do Rito, não aprenderam ainda o significado das Colunas Zodiacais no templo, muito menos ainda se aperceberam que há uma ordem a ser seguida na alegoria da jornada, onde o neófito (principiante, ou aquele que começou recentemente) representa no ideário da Iniciação o mais novo iniciado.

É oportuno citar que a etimologia da palavra neófito vem da junção dos termos gregos neo, que significa novo, e phytos, que é planta.

Em Maçonaria, nesse encadeamento esotérico de ideias, o substantivo neófito menciona uma nova planta, cuja semente semeada pelo Mestre fecundou no interior da Terra. Em busca de Luz essa nova planta desabrochou na primavera – em síntese essa alegoria simboliza o candidato saindo da Câmara de Reflexão (interior da Terra) para receber a Luz. Aí está o porquê de o Iniciado romper a sua jornada em Áries, na primavera.

E assim prossegue a marcha do Iniciado que, cumprida a sua passagem como Aprendiz pelas seis primeiras colunas no topo do Norte, se encontra agora pronto para prosseguir sua jornada pelas as outras seis Colunas Zodiacais dispostas equidistantes em dois grupos de três no topo do Sul, ou seja, seguir por Libra, Escorpião e Sagitário correspondentes ao outono, e Capricórnio, Aquário e Peixes correspondentes ao Inverno.

A partir de Libra, cuja coluna desta feita se encontra na parede Sul junto a balaustrada, os ciclos naturais sequencialmente simbolizam o Companheiro e o Mestre Maçom. O Companheiro representando a juventude e o amadurecimento, características do outono, e finalmente o Mestre representando a experiência e a senilidade.

Em síntese o inverno com dias curtos e noites longas corresponde o fim do ciclo, ou esotericamente a morte do iniciado, que agora passará, sobre o eixo do templo, por uma cerimônia emblemática que o levará renascer na Luz (Oriente).

Tal qual o Sol que no inverno deixa a Terra viúva, agora o Iniciado, como a Fênix revivida, renasce na primavera para como Mestre representar a Luz, ou ser uma fonte de Luz.

Por fim, esse é um resumo da proposta iniciática do REAA. Em torno desse teatro de transformação filosófica, ética e moral, é que se encontram os meandros da sua liturgia e da sua ritualística. Não obstante os conceitos construídos sobre essa alegoria solar, é patente que esse desenvolvimento ocorreu amparado em elementos dos cultos solares da Antiguidade. Assim, cabe ao iniciado perscrutar, compreender e viver a sua Grande Iniciação. O caminho, mesmo que sinuoso e cheio de obstáculos se encontra visível e à disposição daqueles que verdadeiramente se propuserem com perseverança compreender a Arte.

T.F.A.
PEDRO JUK – SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

A CÂMARA DE REFLEXÕES

O Ir∴ Adilson Melquíades França, de Uberlândia - MG repassa o seguinte texto:

Sempre que posso procuro ler e reler alguns trabalhos relacionados a este assunto, e cada vez mais vejo a verdadeira necessidade do maçom de tempos em tempos chegar um pouco mais cedo em sua loja e se trancar nesta pequena sala, e sozinho refletir e pensar no dia em que adentrou em nossa sublime ordem, será que estamos praticando tudo àquilo que um dia juramos ?

Abaixo um pequeno texto relativo ao assunto.

SE TENS RECEIO DE QUE SE DESCUBRAM OS TEUS DEFEITOS, NÃO ESTARÁS BEM ENTRE NÓS

O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O homem não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos, e, dessa forma, a Maçonaria exige de seus adeptos uma recíproca advertência sobre si mesmos. O Maçom, para seguir o seu caminho de constante aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se pode lapidar a verdadeira pedra bruta.

SE FORES DISSIMULADO, SERÁS DESCOBERTO

A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir o mal no mundo, devendo o Maçom fazer sempre o possível para desmascará-la, combatendo-a por toda a parte onde ela se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será desmascarado e seus vícios expostos à luz do sol, à luz da verdade.

SE ÉS APEGADO ÀS DISTINÇÕES MUNDANAS, RETIRA-TE; NÓS AQUI, NÃO AS CONHECEMOS

A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as distinções sociais exigidas pela ordem social. No entanto, dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela virtude, nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos Aprendizes Maçons iniciam-se ao meio dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra uns aos outros. Esse sentimento de igualdade traz, por conseguinte, uma evolução em conjunto muito mais forte e duradoura, fazendo com que o sentimento de desprezo ou o próprio individualismo não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.

SE TENS MEDO, NÃO VÁS ADIANTE

Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao iniciante, essa inscrição existe para indicar que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se deixa dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta. O sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo a sua coragem, perseverança, auto-estima, valor e fé, que é justamente o que o iniciante está precisando exteriorizar nesse momento.

SE QUERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE

Sendo a morte o fim de tudo, a sua aproximação será o castigo ou a recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a direção que lhe foi impressa. O homem deve refletir sobre a morte para assim valorizar e lapidar a sua vida. Sendo assim, o Maçom deve fazer de sua vida um caminho laborioso, superando obstáculos, com a máxima valorização intrínseca de si mesmo. Pode-se entender, ainda, a morte, como sendo o fim da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa a glorificar a verdade e a justiça, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício.

CONCLUSÃO

Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.

A Câmara de reflexões leva o neófito ao mundo da introspecção. Mais tarde, pelo V∴M∴ fica sabendo: "Os símbolos que ali existem vos levaram, certamente, a refletir sobre a instabilidade da vida, lição trivial sempre ensinada, e sempre desprezada".

Assim, constatamos que a Câmara de Reflexões tem como fundamento maior fazer com que o iniciante consiga exteriorizar, expor a sua pedra bruta, para que assim, a mesma possa ser permanentemente lapidada, intuito este, inerente à Maçonaria.

É neste local que o iniciante consegue se preparar para se tornar um verdadeiro Aprendiz Maçom, resgatando o seu verdadeiro eu interior e desprezando a sua parte infrutífera, catalisando assim todos os elementos necessários para o início dos trabalhos Maçônicos.

Essa fundamental preparação realizada pela Câmara no candidato, torna-se claramente necessária ao entender-se que tal profano já está prestes a iniciar-se na Ordem. A garimpagem de um irmão Maçom, o achado dessa nova pedra bruta (o iniciante), já fez com que se trouxesse uma grande expectativa de mais um irmão abrilhantando os trabalhos em Loja. Mas sem dúvida esse momento de garimpagem do próprio candidato, dentro da Câmara de reflexões, é vital para sua completa preparação.

Bibliografia
  • Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB
  • ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro
  • WIRTH, Oswald – O Simbolismo Hermético 
Fonte: JBNews - Informativo nº 193 - 08/03/2011

domingo, 25 de dezembro de 2022

USO DO AVENTAL PELO LADO AVESSO

Em 16.06.2022 o Respeitável Irmão Paulo A. Valduga, Loja Luz Invisível, REAA, GORGS (COMAB), Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, faz a seguinte pergunta

AVENTAL PELO AVESSO

É lícito virar o avental (para o avesso) durante a sessão de Iniciação no momento em que é demonstrado ao candidato a pena que lhe será imposta se for perjuro ou traidor da Ordem?

Procurei em meu super desorganizado alfarrábio e não encontrei a resposta, mas tenho certeza que o Irmão já abordou esse assunto.

Com um grande e fraterno abraço.

CONSIDERAÇÕES:

Há muito tempo eu venho alertando que usar avental pelo avesso no 3º Grau sob alegação de se estar de luto não passa de uma falácia.

O avental maçônico, símbolo do trabalho, é a verdadeira veste do maçom. Assim, em nome da razão, no simbolismo, em qualquer situação o maçom veste o seu avental normalmente, isto é, coloca-o de tal maneira que os emblemas contidos na sua face fiquem naturalmente visíveis. Afinal ninguém, na ordem natural das coisas, vestiria a sua roupa pelo lado avesso.

Ora, o “luto” alegado pelos imaginosos inventores como justificativa para vestir o avental pelo lado contrário não está nele, porém está no ambiente de consternação e dor apresentado na decoração da Câmara do Meio.

Penso que já passou da hora de se dar um basta nesses anacronismos que ainda imperam em determinados rituais. Para o bem de uma liturgia maçônica saudável, essas crendices de fato merecem ser jogadas na lata do lixo.

Já alertava o Irmão Francisco de Assis Carvalho Irmão, o Xico Trolha de saudosa memória - e eu concordo com ele – que essa “estória” de vestir aventais pelo avesso é uma farsa imposta por tratadistas adeptos do achismo.

Nessas circunstâncias vale lembrar que no Capítulo, Grau 18 do REAA, utiliza-se um avental que possui dois lados utilizáveis, frente e verso, ou seja, é usado pelos dois lados conforme a liturgia capitular necessitar no cumprimento de determinada passagem ritualística. Contudo isso não ocorre no simbolismo, mas no Grau 18.

Ainda neste contexto, basta lembrar que na sua originalidade a cor litúrgica predominante do REAA tem sido, por razões históricas, de gradação encarnada concomitante às vestes sacerdotais do Cardeal no catolicismo.

Enfim, todo esse imbróglio provavelmente foi adquirido ainda nos tempos das extintas Lojas Capitulares, lembrando que nesse passado remoto o Athersata (Governador), dirigente do Capítulo, era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica. Naquela época o Oriente separado e elevado era o santuário Rosa Cruz e ali somente ingressavam Irmãos portadores do grau capitular (vide história das Lojas Capitulares – séculos XIX e XX).

No tocante à cor encarnada no REAA, que está longe de ser símbolo de luto, vale lembrar que no simbolismo esse matiz foi herdado por primeiro da Loja Geral Escocesa, Loja mãe então criada em 1804 na França para organizar o primeiro ritual do simbolismo. Sequencialmente, no decorrer da história essa cor veio se agregar ainda mais no rito graças a influência capitular, que inegavelmente possui decoração vermelha.

Dito isso tudo, querer entortar a boca pelo hábito do cachimbo comparando a cor do forro do avental com luto me parece uma atitude nada recomendável. Como exemplo dessas sandices que ocorriam, basta lembrar do tempo em que temerariamente existiam aventais de Mestre que, de modo equivocado, traziam pintados de branco em forro negro uma divisa composta por um cr∴ com duas ttíb∴ ccruz∴, o que fazia com que o Avental Maçônico, um dos mais significativos emblemas da Maçonaria, se parecesse com uma bandeira de piratas.

No que diz respeito à extinção dessas ervas daninhas dos rituais, posso citar como exemplo o GOB que, através do seu Sistema de Orientação Ritualística – SOR, vem orientando que não mais seja utilizada a prática de virar o avental pelo avesso num determinado período da cerimônia de Exaltação. Em síntese, no GOB não se utiliza mais essa prática anacrônica.

Agora, cá entre nós, essa tal cena do perjuro no REAA mencionada na sua questão tem sido, em alguns rituais, outro desses lamentáveis enxertos costurados na colcha de retalhos que em alguns casos acabou virando o simbolismo do REAA. Não obstante a isso, agrega-se o avental vestido pelo lado avesso! Agora durma-se com um barulho desses!

Concluindo, peço escusas por ter me desviado um pouco do teor da sua questão para oportunamente poder explicar melhor o que ocorre com essa esdrúxula prática que tem sido exercida, às vezes durante a cerimônia de Exaltação onde a partir de um determinado momento todos viram o avental pelo avesso para demonstrar luto (???), assim como nessa tal prova de perjuro, indevidamente inserida na cerimônia de Iniciação do REAA e ainda nela, não se sabe o porquê, todos vestem o avental pelo contrário. Aproveitei também a oportunidade para abordar a cor encarnada que originalmente predomina no REAA. No final os fatos abordados acabam se interligando.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br