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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

REAA - CERIMÔNIA DE EXALTAÇÃO E AS SUAS RELAÇÕES COM RITOS SOLARES

Em 11.06.2022 o Respeitável Irmão Cloviton Henrique Pereira Ozório, Loja União da Estrelas, REAA, GOMG, Oriente Conselheiro Lafaiete, Estado de Minas Gerais, solicita o seguinte:

EXALTAÇÃO E AS RELAÇÕES SOLARES

Primeiramente, parabenizo-o pelo trabalho que realiza no GOB, sendo eu um assíduo seguidor do irmão nas redes sociais e palestras on-line.

Gostaria, por gentileza, que o irmão estabelecesse a relação da exaltação ao grau de mestre e o desenvolvimento da cerimônia, desde a decoração, bateria do grau, número de velas acesas, a marcha dos irmãos e seu quantitativo à procura do mestre H∴, etc., com os ritos solares da antiguidade.

CONSIDERAÇÕES:

Em síntese, o REAA é um rito iniciático de conotação solar. Assim, a jornada do Iniciado é baseada na aparente revolução anual do Sol, ou seja, utiliza esse movimento ilusório para desenvolver uma liturgia que associa o homem iniciado a essa mecânica astronômica solar.

Um referencial desse conceito pode ser observado pela presença das Colunas Zodiacais no templo que, em primeira análise, servem para marcar a senda do Aprendiz, do Companheiro e do Mestre respectivamente, comparando cada um desses estágios iniciáticos aos ciclos da natureza, largamente conhecidos como as estações do ano, iniciadas a partir de 21 de março, equinócio de primavera na meia-esfera Norte da Terra.

Tomando essa alegoria solar e fazendo essa analogia com os graus do simbolismo maçônico, no REAA o Aprendiz associa-se à infância e adolescência, o Companheiro à juventude e o Mestre à maturidade da vida.

Enfim, essa jornada solar menciona o Iniciado representando a vida, a morte e a ressurreição da Natureza. A bem da verdade, é visível que essa conjuntura de aprimoramento foi baseada nos Cultos Solares da Antiguidade.

No que diz respeito propriamente dito à cerimônia de Exaltação no REAA, a sua liturgia representa a transição do Mestre ao efetuar sua passagem (transição) do Ocidente para o Oriente. Em síntese é o alcance da plenitude maçônica através da Grande Iniciação – o encontro da Pal∴ perdida que significa a transição do material para o espiritual (vai o homem, fica a sua obra).

Em se comparando com ciclo natural do inverno - ciclo que simboliza a idade senil - o Mestre Maçom representa a meia-noite, ou o final da jornada e a sua preparação para uma nova etapa, no caso, como o renascimento da Natureza que certamente ocorrerá na primavera que se avizinha.

No contexto esotérico, os três meses que compõem o inverno, cuja característica é ter dias mais curtos e noites mais longas, aludem à prevalência das trevas, o domínio da escuridão (ignorância). É, portanto o período do ano que no Hemisfério Norte a Terra fica viúva do Sol.

Debaixo desse ambiente alegórico é que foi arquitetada a cerimônia de Exaltação a Mestre Maçom no REAA.

Em primeira análise, a Exaltação do Mestre iniciaticamente representa a sua passagem, ou seu renascimento no Oriente, destacando nesse pormenor que o quadrante oriental é o lugar da Luz. Figuradamente é o lugar em que nasce a Luz.

No tocante à decoração enlutada como característica da Câmara do Meio, ela se reporta à Natureza que morre no inverno, enquanto que a Lux in Tenebris, presente pendente do teto, alerta para o breve retorno da Luz na primavera que se avizinha (morre o homem, mas fé permanece para os pósteros).

No período hibernal a Terra, agora inerte na sua profundeza, aguarda nova fecundação pelo fogo logo a partir da primavera. Em linhas gerais isso está contido na máxima hermética “I. N. R. I.”, Igne Natura Renovatur Íntegra (o fogo renova a Natureza inteira) – o Sol fecundando a Terra e a Natureza se renovando. Iniciaticamente é a purificação pelo elemento fogo.

Graças a isso é que no cenário iniciático da Lenda do 3º Grau, o personagem lendário H∴ A∴ é a representação do Sol, enquanto que os doze CComp∴representam meses que compões do ano a partir da primavera. Assim, as nove luzes litúrgicas acesas em Câmara do Meio simulam nove, dos doze meses do ano. Os três meses faltantes se referem ao inverno, coclo em que a Terra fica viúva do Sol no Hemisfério Norte.

No contexto ritualístico da marcha do M∴ M∴, os passos imitam o deslocamento aparente do Sol na sua eclíptica. O seu afastamento máximo do Equador para o Sul e para o Norte marcam os períodos solsticiais tanto o do ápice da luz, assim como do ápice das sombras. Toda a simulação solar representa pelos passos do Mestre ocorrem sonre o quadrângulo mosaico entre duas balizas, a do solstício de inverno e a do solstício de verão, destacando que essa referência astronômica está harmonicamente conjugada ao hemisfério setentrional da Terra porque o REAA com a sua doutrina iniciática nasceu nas latitudes setentrionais.

Graças a essa relação solar é que na Lenda do 3º Grau os três rruf∴, ou os três mm∴ CComp∴, simbolizam o inverno, ciclo da Natureza em que as sombras prevalecem pela morte simbólica do Sol.

A procura dos despojos do M∴ H∴ A∴, representada pelas perambulações em torno da sep∴ simb∴ que descansa ao centro sobre o quadrângulo mosaico, simbolizam à revolução anual do Sol.

É nesse cenário que, dentre as três perambulações mencionadas na Lenda, na segunda delas nove MM∴ saem à procura dos ddesp∴ de H∴ A∴. Esses nove MM∴ simbolizam exatamente os nove meses correspondentes à primavera, ao verão e ao outono respectivamente.

O cenário teatral e místico da L∴ de H∴ A∴ é a Loja de Mestre, enquanto que o quadrângulo mosaico (a Terra) é onde um ramo de Ac∴ indica o lugar em que se encontra a chave para se desvendar o enigma do Mestre.

A título de esclarecimento, vale comentar que quadrângulo mosaico é o termo apropriado para o pavimento mosaico em Câmara do Meio.

Eis aí um breve sumário do significado da Grande Iniciação (Exaltação) no REAA. Obviamente que revelar detalhes precisos dessa emblemática alegoria iniciática não seria prudente, sobretudo em nome de se preservar o sigilo que essa prática merece.

Ao concluir, vale dizer que não raras vezes a verdade está tão próxima de nós que o seu brilho intenso acaba por ofuscar a nossa visão. Assim, a a∴ m∴ é c∴.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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