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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O LUGAR DO APRENDIZ RECÉM-INICIADO NO REAA

Em 01.08.2022 o Respeitável Irmão Carlos Augusto Guimarães, Loja Irmão Firmino Escada, 2220, REAA, sem mencionar o Rito e a Obediência, Oriente de Lorena, Estado de São Paulo, apresenta o que segue:

LUGAR DOS RECÉM INICIADOS

Primeiro gostaria de parabenizá-lo pelo blog que muito tem me ajudado nos esclarecimentos maçônicos.

Em segundo lugar, informo-lhe que estou redigindo uma peça de Arquitetura que se intitula PORQUE É QUE OS AAP∴ SE SENTAM NA COL∴ DO NORTE?

Em minhas pesquisas tive a oportunidade de consultar o blog do Irmão onde discorre sobre o assunto, mencionando que: “Assim, simbolicamente o Aprendiz inicia sua jornada no topo da Col∴ do Norte junto às três primeiras CCol∴ - Áries, Touro e Gêmeos – que correspondem à Primavera (renascimento) no hemisfério norte, e assim sucessivamente até as três CCol∴ correspondentes ao verão”.

Concordo com o Ir∴ quando menciona que o recém-iniciado deve ocupar o topo da Coluna do Norte e, no meu singelo entendimento, próximo ao Altar do Ir∴ 1º Vig∴ que é o lado escuro do Templo.

Entretanto, o Ritual de Apr∴ do R∴ E∴ A∴ A∴, quando o Ven∴ M∴ determina ao Ir∴ M∴ de CCer∴, faça o Ir∴ assinar o livro de presença, “e depois fazei-o sentar-se no topo da Col∴ do Norte, destinada aos AApr∴ próximo da balaustrada (pág. 142).

MINHA INDAGAÇÃO. O recém-iniciado deve sentar-se próximo da balaustrada ou próximo ao Altar do Ir∴ 1º Vig∴, que o lado escuro do Templo?

CONSIDERAÇÕES:

Eu gostaria antes lhe esclarecer que no GOB o Sistema de Orientação Ritualística – SOR, implantado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral, corrige essa anomalia ritualística do recém-iniciado ocupar lugar próximo à balaustrada.

Nesse particular, o SOR (mecanismo de orientação oficial do GOB) orienta que no REAA o Aprendiz recém-iniciado se sente próximo ao 1º Vigilante, ou seja, no topo da Coluna do Norte (que é toda a parede Norte).

Isso se justifica porque na banda noroeste se encontram as três primeiras Colunas Zodiacais (Áries, Touro e Gêmeos) correspondentes ao ciclo anual da primavera no Hemisfério Norte.

Já expliquei e escrevi inúmeras vezes que as Colunas Zodiacais no REAA indicam a jornada por onde o iniciado tem que passar. Esse caminho, que passa pelos topos do Norte e do Sul, corresponde aos ciclos da Natureza no Hemisfério Norte do nosso Planeta. Assim, por esse comparativo a jornada do Aprendiz começa na primavera – próximo ao 1º Vigilante em Áries, que é o início da primavera no Norte.

Em se tratando de onde se localiza simbolicamente a parte mais escura no templo, a mesma situa-se em todo o topo da Coluna do Norte (parede setentrional). Isso ocorre porque o topo do Norte é o lugar mais distante do equador - no caso do eixo do templo.

Nesse caso, o topo compara-se às regiões polares do Norte e do Sul (ambas mais distantes do equador).

Vale lembrar que no REAA o templo maçônico representa um segmento retangular da superfície da Terra localizada sobre o equador. As colunas do Norte e do Sul simbolizam os dois hemisférios terrestres. O Oriente é o lugar onde nasce o Sol e o Ocidente é o seu poente. A abóbada é o céu e o pavimento mosaico o solo terrestre.

Também é preciso se levar em conta que o deslocamento aparente do Sol na sua eclíptica é visto, nesse caso, da meia-esfera Norte – a Maçonaria nasceu no Hemisfério Norte e os seus ritos que possuem características solares foram construídos debaixo da abóbada setentrional do nosso Planeta. Destaco que o REAA é um rito solar nascido na França, portando em latitudes setentrionais.

Graças a isso, para quem observa do Norte, aparentemente o Sol passa pelo Sul, razão pela qual se diz que o Sul, ou Meio-Dia é mais iluminado. Sob essa óptica, não à toa é que as três janelas (passagem do Sol) que aparecem no Painel se localizam no Leste, Sul e Oeste – ao Norte não há janela (claridade).

Por oportuno é bom mencionar que sobre a alegoria da Luz a Maçonaria utiliza no seu arcabouço iniciático os dois deslocamentos imaginários do Sol - o diário como jornada de trabalho; e o anual com alegoria do nascimento, da vida, da morte e da renovação do iniciado.

No tocante à fase iniciática do Aprendiz, no REAA ele veio da Câmara de Reflexão (interior da terra) para em seguida se submeter às provas pelos elementos e finalmente receber a Luz no extremo do Ocidente.

Dessa maneira, não procede que em um rito de vertente solar como é o REAA, o recém-iniciado ocupe lugar próximo à balaustrada, ou seja, inicialmente longe do Ocidente onde ele devidamente recebeu a Luz. Afinal, ele partiu do Oeste em direção à Luz, e não ao contrário. É por isso que as marchas (passos) dos três Graus simbólicos são sempre executadas no sentido Oeste para Leste.

Entenda-se que próximo à balaustrada é o final da jornada do Aprendiz - que vai de Áries até Virgem - isto é, quando ele estiver apto a receber seu aumento de salário ingressando no 2º Grau – é quando ele atingir simbolicamente os três primeiros anos de existência (Q∴ id∴ tend∴? T∴ aa∴).

Depois que o Aprendiz paulatinamente tiver passado uma a uma as seis colunas que se encontram no topo do Norte (tempo do aprendizado), ele então estará apto a atravessar para o outro hemisfério, lugar onde fica o topo da Coluna do Sul, e assim prosseguir na sua jornada.

No Sul, agora como Companheiro Maçom, o iniciado prossegue na sua senda a partir de Libra que fica próxima à balaustrada na retaguarda do Chanceler.

Nesse contexto, o Companheiro, ao contrário do Aprendiz, parte agora da balaustrada em direção ao Oeste, ou seja, iniciáticamente segue da juventude para a maturidade e a idade senil.

Simbolicamente ele vai do outono até o inverno, que é o final da jornada e onde a Natureza morre no complemento do seu ciclo anual.

Esotericamente é o tempo em que há menos luz e a Terra fica viúva do Sol – no inverno os dias são curtos e noites longas (predomínio das trevas).

Sob o aspecto iniciático, esses quatro ciclos naturais correspondem, no REAA, às etapas de aperfeiçoamento do Maçom. Inicia-se na infância, comparada à primavera, e termina no inverno (senilidade).

Dados esses comentários, essa “estória” de no REAA o recém-iniciado sentar próximo à balaustrada é um grande equívoco que infelizmente vem se perpetuando em muitos rituais há bastante tempo.

Ora, Aprendiz ocupando lugar no canto nordeste da Loja (próximo a Leste) ocorre no Rito de York (inglês) e não no REAA.

No rito de York isso ocorre porque a Maçonaria Inglesa (anglo-saxônica) não menciona no seu ideário iniciático o termo topo da Coluna do Norte, e nem do Sul. Apenas Norte e Sul. Isso porque na sua doutrina ele compara o Aprendiz recém-iniciado à pedra angular das construções góticas.

É por isso que no rito de York os Aprendizes não sentam junto à parede Norte como no REAA, mas na fileira da frente, próximos ao Leste (nordeste). Note que no Rito de York não existem Colunas Zodiacais.

No Rito de York o lugar dos Aprendizes se explica da seguinte forma: por ser o início, ou o princípio da construção, a pedra angular que servia de base para o nivelamento e o esquadrejamento da construção era fincada no canto nordeste do canteiro de obras. A partir da pedra angular (pedra cubo-piramidal) era aplicada, com auxílio do cordel de 12 nós equidistantes, a 47ª Proposição de Euclides. Assim, o início de tudo se dava a partir da pedra angular. Por analogia, essa pedra é comparada aos Aprendizes por serem aqueles que dão início à jornada iniciática.

Enquanto no Rito de York os Aprendizes simbolizam a pedra angular, no REAA eles simbolizam a primavera. De objetivo único, a Maçonaria ensina seus membros através dos seus ritos, não obstante cada rito, em muitos aspectos, apresentar ensinamentos que lhe são mui particulares.

Possivelmente vem daí essa adaptação indevida de se colocar no REAA o Aprendiz recém-iniciado próximo à balaustrada.

Como colateral ao Leste, muitos ritualistas desavisados acabariam generalizando, provavelmente por falta de conhecimento, essa prática. Certamente não se aperceberam que há diferenças entre as estruturas ritualísticas e doutrinárias dos ritos maçônicos – algumas sensíveis e outras gritantes.

Eram esses os meus comentários.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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