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domingo, 1 de janeiro de 2023

VISITANTE DE OUTRO RITO E A PRÁTICA RITUALÍSTICA

Em 23.06.2022 o Respeitável Irmão que se identifica apenas como Samuel, Loja Tabernáculo, 3418, REAA, GOB-SP, sem mencionar o Oriente, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

VISITANTE DE OUTRO RITO

Uma dúvida sobre visitantes: Um irmão que vem de outro rito, por exemplo, minha loja é REAA e o visitante é do Adonhiramita, ele não saberá como é o giro em loja, palavras sagradas e de passe do meu rito por ter diferenças. Em vista que o art. 217 do RGF diz que o visitante está sujeito a disciplina interna da loja, isso inclui em como ele faz o giro, a saudação, aclamação e essas coisas ritualísticos? Ou somente a formalidade do momento que ingressar ao Templo?

CONSIDERAÇÕES:

Antes de tudo entendo que essa é uma situação que deve ser avaliada com muito critério e bom senso.

Um Mestre Maçom, principalmente, precisa compreender que a Maçonaria, embora de objetivo único, é composta por ritos e trabalhos que não raras vezes carregam suas próprias características litúrgicas e ritualísticas. Geralmente estas hauridas da sua história e da sua cultura.

Nesse sentido pode-se dizer que o traje e a ritualística de cada rito são duas das mais visíveis e latentes figuras para serem analisadas nesse contexto.

Por exemplo, no que diz respeito ao traje, quem for visitar uma Loja deve antes procurar saber qual é o rito que a anfitriã pratica e, o mais importante, saber se esse rito admite, no caso, o uso do balandrau nas suas sessões.

Não sendo possível saber com antecedência, o recomendável é que o visitante se apresente vestido com terno preto, já que praticamente convencionou-se essa vestimenta na grande maioria dos ritos maçônicos, principalmente aqui na nossa Maçonaria (tupiniquim) onde o terno é oriundo do emblemático “traje de missa”.

Além do terno preto (parelho), complementa-o sapatos e meias pretas, camisa branca, podendo a gravata ser na cor e no formato do seu rito (não precisa trocar). Do mesmo modo o visitante usa o avental do seu rito.

Voltando ao uso do balandrau, caso o rito da Loja visitada admita-o, ele deve ser usado na forma adequada, isto é, negro e talar (comprimento até os tornozelos); sem nenhum elemento simbólico nele gravado, bordado ou pintado; ter manga comprida e estar fechado no colarinho. Em conjunto com o balandrau negro, a calça deve ser preta, bem como vestir sapatos e meias pretas. Não e apropriado o maçom se apresentar aos trabalhos calçando tênis, ou outros calçados desse gênero.

No quesito traje aqui comentado, penso que no GOB essas providências já bastam para atender o Artigo 217 do RGF.

Já com relação ao rito praticado pelo visitante e o da loja visitada, em sendo eles diferentes um do outro, o que não pode acontecer são interferências por conta de diferenças litúrgicas entre ambos os ritos. Isto é, o visitante sob nenhuma circunstância pode impor práticas ritualísticas do seu rito no da Loja que ele está visitando. Quanto mais neutralidade, melhor.

No geral isso quer dizer que independente de quem seja o visitante, o ritual a ser seguido é o da loja visitada, portanto sem interferências na sua ordem dos trabalhos – afinal, casa dos outros nos sujeitamos aos costumes de quem nos recebe.

Em todo esse contexto (de ritos diferentes), o mais recomendado é que o visitante apenas assista os trabalhos, reservando-se apenas a usar da palavra no momento em que a mesma lhe seja concedida.

Embora que se saiba que infelizmente essa é uma prática usual das Lojas, nessas circunstâncias também a Loja anfitriã não deveria oferecer cargo ao visitante.

Contudo, longe dos excessos de preciosismo é o bom senso que deve sempre imperar, destacando-se que muitas possibilidades nessas circunstâncias podem se apresentar.

Entendo que quando a legislação previr que um visitante deva se sujeitar à disciplina da Loja que o recebe, ela se reporta principalmente à observação do ordenamento litúrgico dos trabalhos. Trocando em miúdos é simplesmente respeitar os trabalhos ritualísticos da Loja anfitriã.

Por outro lado, recomenda-se que a loja anfitriã também tenha tolerância para com o visitante em certos aspectos que são próprios do seu viés iniciático. Um exemplo disso é a composição do sinal do grau que, embora até possam existir pequenas diferenças na sua composição e no seu gestual entre os ritos, certamente que em nada elas alteram o andamento litúrgico dos trabalhos então realizados naquele instante.

Para o bem da harmonia nos trabalhos é preciso que isso seja considerado – em síntese, é mais uma vez o uso do bom senso nas situações que possam porventura advir.

Em contra partida, é dever do visitante comparecer com antecedência, de modo que ele possa se apresentar e ser reconhecido na forma de costume. Quem sabe até mesmo aprender particularidades ritualísticas do outro rito, se for o caso, para utilizá-las durante os trabalhos.

Diante disso é que atitudes eivadas de bom senso podem perfeitamente se adequar sem ferir o diploma legal e nem os trabalhos da Loja.

Antes de encerrar, porém, eu gostaria de comentar uma atitude que não é recomendável aos visitantes porquê de pronto ela fere o andamento ritualístico dos trabalhos da Loja visitada.

Nesse caso tem-se visto - e até com certa frequência - que visitantes de outro rito quando fazem uso da palavra solicitarem aos seus acompanhantes que com ele também fiquem em pé.

Ora, salvo em ritos que adotam esse procedimento, isso não é comum à maioria dos ritos, portanto não pode ser generalizado porquê essa é uma providência que fere a disciplina ritualística da Loja anfitriã.

No REAA, por exemplo, é o Vigilante da coluna que autoriza alguém a falar nessa coluna, portanto deve ficar em pé apenas aquele teve autorização para falar. Não procede, portanto, que seus eventuais acompanhantes também fiquem em pé. Pelo menos no REAA isso não procede. Destaque-se que nem mesmo está previsto no seu ritual.

Reitera-se: essa prática cabe apenas em Loja cujo ritual do rito determina esse procedimento, o que não é o caso do REAA.

Ao concluir destaco que nas questões pertinente aos visitantes, graças à pluralidade de ritos maçônicos praticados pelas Obediências, é prudente analisa-las individualmente.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

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