Em 13.11.2022 o Respeitável Irmão Charleston Sperandio de Souza, Loja Fraternidade Guanduense, 1396, REAA, GOB-ES, Oriente de Baixo Guandu, Estado do Espírito Santo, faz a pergunta seguinte:
O PAVIMENTO E O ORIENTE
Sou professor universitário, com alguns artigos escritos no Jornal O Malhete. O motivo que me faz contata-lo, é um questionamento que eu fiz em Loja e ninguém soube responder, e o qual faço o mesmo ao Irmão, para que, se souber possa me explicar.
Questionamento: Por que o pavimento mosaico fica só no Ocidente, não contemplando o piso do Oriente?
CONSIDERAÇÕES:
É porque no primeiro ritual para o simbolismo do REAA datado de 1804 na França, não era mencionado Oriente elevado e nem separado por balaustrada.
A bem da verdade, nos primórdios do simbolismo do REAA a sala da Loja não possuía nenhum desnível, portanto o espaço de trabalho era todo no mesmo nível e sem delimitação do Oriente, tal como se dá no Rito de York.
Destaque-se que um dos três elementos que serviram de base para a construção do primeiro ritual do REAA foi a exposure denominada “As Três Pancadas Distintas”. Essa exposure era relacionada à Grande Loja dos Antigos e também servira de base para o ritual inglês, razão pelo qual o ritual de 1804 do escocesismo simbólico trazia muitos elementos do hoje nominado Rito de York – por exemplo, o 2º Vigilante posicionado no meridiano do meio-dia.
A razão pela qual essa substancial alteração veio ocorrer foi pela necessidade de se criar um espaço destinado santuário Rosa Cruz, o que em linhas gerais acabaria, de certa forma, separando o Oriente do Ocidente da Loja. Assim, nas Lojas Capitulares o Oriente passava a abrigar somente Irmãos do corpo capitular, enquanto que o simbolismo ficava restrito ao Ocidente do templo.
Nessas circunstâncias vale mencionar que as Lojas Capitulares abrigadas pelo Grande Oriente da França eram compostas pelos três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), mais as Lojas de Perfeição e Capítulo, ou seja, até o 18º do REAA, ficando com o 2º Supremo Conselho da França, apenas os graus concernentes ao Kadosh e ao Consistório.
Nesse contexto, o Athersata, governador do Capítulo, era também o Venerável Mestre da Loja simbólica. Esse foi o motivo das adaptações feitas no espaço de trabalho.
Todavia, essa irregularidade capitular inserida no simbolismo por ordem e graça do Grande Oriente da França estava com os seus dias contados e não tardaria a deixar de existir. Já no final do século XIX e começo do XX o Capítulo voltava para o 2º Supremo Conselho da França, ficando sob a égide do Grande Oriente apenas os três graus simbólicos, ou o franco-básico universal.
Contudo, embora extintas as Lojas Capitulares do seio da Potência Simbólica, inexplicavelmente o formado de Oriente separado e elevado acabou permanecendo no simbolismo do REAA.
Na verdade, o espaço oriental elevado que outrora servira ao santuário Rosa Cruz da Loja Capitular, agora se evidenciaria como lugar reservado aos Mestres Maçons e aos ex-Veneráveis, esses últimos sobejamente conhecidos como Mestres Instalados.
Assim, na conjuntura iniciática os Aprendizes e Companheiros ocupam o Ocidente da Loja, Norte e Sul respectivamente, e os Mestres o Oriente, por ser este reservado apenas àqueles que alcançaram a plenitude maçônica.
Em relação ao pavimento mosaico e o templo, o mesmo paulatinamente viria se consolidar no simbolismo do REAA como um dos Ornamentos da Loja. Inicialmente como um dos símbolos constantes nos Painéis da Loja, no decorrer dos tempos ele passou literalmente a compor o chão da Loja – The Beautifull Checkred Floor.
Composto por quadrados brancos e pretos dispostos sobre o piso de modo oblíquo, o pavimento mosaico do REAA se diferencia do tapete utilizado pelo Rito de York porque esse último se assemelha a um tabuleiro de xadrez.
Desse modo, graças à permanência do Oriente elevado e separado, costume haurido das extintas Lojas Capitulares, houve-se por bem determinar que o pavimento mosaico ocupasse no REAA apenas o piso ocidental do templo, inclusive o átrio. Destaque-se que o pavimento mosaico deve ocupar a totalidade do piso ocidental. Não há pavimento mosaico no Oriente da Loja.
Já no contexto iniciático, o pavimento mosaico, que ocupa todo o piso do Ocidente da Loja, simboliza o solo terrestre, ou mundo material, espaço das pedras lavradas por aonde transita o iniciado. Quanto ao Oriente, que é restrito ao Mestres, simboliza o mundo espiritual. Esotericamente aponta o lugar onde o Mestre revivido ingressa após a sua Exaltação.
T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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